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Em João Pessoa

Órgãos monitoram 27 áreas de risco

publicado: 24/03/2023 00h00, última modificação: 24/03/2023 11h48
Pessoas que residem nas proximidades de rios e barreiras possuem a situação mais alarmante, diz Defesa Civil
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Comunidade São José: condições financeiras precárias contribuem para que parte da população constitua moradia em áreas consideradas de alto risco para ocorrência de desastres. Foto: Evandro Pereira.

por José Alves*

Atualmente, João Pessoa tem 27 áreas de risco monitoradas pela Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec-JP). Segundo dados da autarquia, as áreas mais preocupantes são as localizadas próximas às barreiras e rios, a exemplo das existentes nos bairros do Alto do Mateus, Castelo Branco, Roger e no São José. Em períodos com maior incidência de chuvas, alagamentos são registrados com maior frequência, principalmente nas áreas próximas ao Rio Jaguaribe, que tem elevação do volume de água após as precipitações.

As regiões abrigam centenas de pessoas, mas o número divulgado não tem exatidão. Isto porque, segundo o coronel Kelson Chaves, coordenador da Defesa Civil da capital, a Prefeitura Municipal vem trabalhando para reduzir o número de moradores nas áreas de risco. “Não podemos afirmar quantas famílias ainda residem nas áreas de risco, mas ultimamente vem ocorrendo uma redução, à proporção que a prefeitura entrega casas para famílias que ocupavam esses locais”, afirmou.

Bairros do Alto do Mateus, Castelo Branco, Roger e São José possuem maior incidência de áreas de risco

Condições econômicas precárias são as principais causas para que o número de moradores nas áreas de risco siga em constante. Mesmo com ações da prefeitura para retirar moradores, que são orientados a deixarem as áreas, outras famílias acabam ocupando os locais. O papel da Defesa Civil é, nesse caso, o de orientar sobre os riscos de deslizamentos e desabamentos, explicou o coordenador-geral do Programa João Pessoa Sustentável da Secretaria da Infraestrutura, Antônio Esteves.

João dos Santos, morador de área de risco no bairro São José, já teve sua moradia vitimada pelos desastres naturais e, mesmo assim, retorna ao local. O morador informou que já foi orientado sobre os riscos, mas a necessidade se faz maior do que o medo. “Já fui alertado pela Defesa Civil para deixar esta área (às margens do Rio Jaguaribe), mas é aqui que eu tinha minha casa, que ao mesmo tempo era minha oficina de conserto de geladeiras. Então como nunca mais presenciamos alagamentos na área, decidi voltar e construir um barraco no mesmo local que morava, e atualmente vem servindo de oficina onde ainda consigo ganhar algum dinheiro para sobreviver”, falou.

Outro entrave para a retirada dos moradores às áreas é o apego emocional. Ana Teixeira, que também é moradora do bairro do São José, comentou que mesmo com o risco, ela não sairá do local onde reside há mais de 10 anos. “Eu jamais me adaptaria em outra comunidade”, argumentou. 

“Além de monitorar as áreas de risco, a Defesa Civil tem procurado trabalhar o convencimento, tentando conscientizar as pessoas sobre as ameaças e perigos de se ocupar áreas de risco, como barreiras, encostas e margens de rios. Esse trabalho é realizado permanente e insistentemente. Em casos de necessidade, com ocorrência de temporal ou chuvas torrenciais, trabalhamos a possibilidade de evacuação antecipada, procurando ofertar toda a assistência possível, o que é o papel do poder público”, destacou Kelson Chaves.

Visando prevenir casos potencialmente graves, a Prefeitura de João Pessoa vem realizando, desde fevereiro, a Operação Inverno, que tem feito ações preventivas para reduzir os danos causados pelas chuvas. Entre as atividades realizadas estão a limpeza de galerias, desassoreamento de rios, além da ação de desobstrução de todos os pontos de alagamento da cidade, com o objetivo de preparar o município para o outono e o inverno.

Neste período, a Defesa Civil está atenta aos pontos de alagamento, deslizamento e áreas ribeirinhas com todas as equipes em alerta para atender às demandas. Os trabalhos diários executados pelo órgão também continuam.

João Pessoa é uma das 15 cidades paraibanas monitoradas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Segundo informou o Jornal A União na última terça-feira, o órgão monitora a cidade para evitar possíveis tragédias decorrentes de alagamentos, inundações e deslizamentos de terra.

Prefeitura busca solução definitiva para barreira

Após o último deslizamento de terra e lama ocorrido na barreira do Castelo Branco, no dia 19, o coordenador-geral do Programa ‘João Pessoa Sustentável’ da Secretaria da Infraestrutura, Antônio Esteves, afirmou que a prefeitura irá executar um projeto para recuperar, de forma definitiva, toda a barreira a partir do mês de abril.

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Comunidade Santa Clara. Foto: Evandro Pereira.

“Já houve a concorrência e esse trabalho vai sanar todos os problemas daquela barreira. Vamos usar na barreira atirantamento ou seja, solo grampado, o que significa a colocação de concreto para resolver o problema de forma definitiva. Como é uma obra que exige alta tecnologia, é provável que ela seja concluída até o final do ano”, garantiu Antônio Eliseu.

Ele enfatizou ainda que para que esse trabalho seja feito com sucesso, muitas casas terão que ser removidas de cima da barreira e que as famílias em questão, serão inscritas nos programas de alugueis emergenciais.  

Joana dos Santos, dona de casa que reside em cima da barreira do Castelo Branco, na comunidade Santa Clara, providenciou a mudança, após os alertas.

“Vou me mudar hoje, porque está um dia de sol. Fui alertada pela Defesa Civil a deixar minha casa porque ela tinha sido construída numa área de alto risco. Eles, inclusive, me garantiram que eu ficaria recebendo um auxílio aluguel até que a prefeitura construísse um condomínio para as pessoas que estão inscritas no programa de moradia”, afirmou.

A Prefeitura Municipal distribui o Auxílio Moradia, para pagamento do aluguel social, como medida de segurança para as famílias.

*Matéria originalmente publicada na edição impressa de 23 de março de 2023.