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Ovos de tartarugas devem eclodir no final de dezembro

publicado: 21/11/2023 08h45, última modificação: 21/11/2023 08h45
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Equipe da Guajiru mapeia, protege os ninhos e acompanha o nascimento dos animais - Foto: Marcos Russo

por Alinne Simões*

Desde o início do mês, a Associação Guajiru está monitorando dois ninhos de tartaruga na Praia de Intermares, na Grande João Pessoa. A previsão, segundo a bióloga e presidente da associação, Danielle Siqueira, é que esse ovos eclodam no final de dezembro, próximo ao dia de Natal. A principal espécie acompanhada pela Guajiru é a tartaruga-de-pente, tipo que, majoritariamente, desova no litoral paraibano.

“Também fazemos registros de encalhes, temos um número muito grande do encalhe de tartarugas-verde. Então, a gente faz o acompanhamento desses encalhes e algumas vezes registramos o ninho dessas espécies aqui. Também já registramos, esporadicamente, a tartaruga olivar e a cabeçuda. Elas também são acompanhadas pelo nosso trabalho quando tem a ocorrência de algum ninho aqui na região. Mas, a principal espécie que acompanhamos é a tartaruga-de-pente”, afirmou.

A bióloga informa que quando a equipe de voluntários encontra um ninho, faz a proteção deles com uma tela, o isola e coloca uma placa de identificação. Ela ressalta a importância de praticar esse trabalho, especialmente na preservação de uma espécie que continua ameaçada de extinção.

“É importante porque a gente está lidando com uma espécie que está criticamente ameaçada, a nível mundial e, aqui no Brasil, ela está classificada como em perigo. É um animal que está na lista vermelha e corre sério risco de desaparecer. Mas, pensando no macro, considero que o trabalho da ONG é muito importante para cumprir um pouco do que as nossas medidas públicas não conseguem alcançar”, disse.

Danielle Siqueira acrescentou que, frente à crise ambiental que estamos vivendo, é muito importante que as pessoas se conscientizem e entendam que é urgente ações de proteção do meio ambiente, porque todos nós, como sociedade, seremos afetados por qualquer mudança na natureza.

Para ser voluntário

Regularmente, a Associação Guajiru abre processo de seleção para receber voluntários e a divulgação da convocação é feita pelas redes sociais. A presidente conta que, no momento, a instituição está finalizando um processo seletivo. No entanto, quem quiser voluntariar-se, deve acompanhar as redes sociais da ONG, porque quando abrir uma nova oportunidade, poderão se inscrever.

Para acompanhar o processo de soltura das tartarugas, ela conta que o convite também será divulgado nas redes sociais. “Achamos importante que a população participe desse momento porque aproveitamos, justamente, para explicar um pouquinho sobre as espécies e a importância das tartarugas para o ecossistema marinho”.

ONGs tentam proteger espécies ameaçadas

De acordo com a última atualização feita pelo Ministério do Meio Ambiente, em junho de 2022, das cinco espécies de tartarugas que visitam a costa brasileira quatro são consideradas ameaçadas de extinção. A única que saiu da lista foi a tartaruga-verde, que passou para a categoria “quase ameaçada”. Todavia, ela ainda depende de ações de proteção para poder permanecer nessa condição.

Já a tartaruga-de-couro continuou na categoria “criticamente em perigo”. As espécies cabeçuda e a tartaruga-oliva saíram da categoria “em perigo” para “vulnerável. E a tartaruga-de-pente passou de “criticamente em perigo” para “em perigo”. Apesar de ter apresentado uma pequena melhora na classificação de ameaças, reflexo das ações de conservação desenvolvidas especialmente pelas ONG’s de pesquisa e preservação, os animais ainda continuam sendo ameaçados.

Atividades humanas como a poluição do mar, a captura incidental pela pesca, e a degradação e ocupação de áreas de desova são algumas das principais ameaças a essas espécies. Com o propósito de proteger e preservar a existência dessas espécies, as ONG’s têm desempenhado um papel importante.

Em João Pessoa, a Associação Guajiru desenvolve, desde 2002, um trabalho de pesquisa e conservação voltado à conservação marinha, tendo como principal projeto o “Tartarugas Urbanas”, que visa proteger as tartarugas marinhas que visitam o litoral paraibano.

A bióloga Danielle Siqueira conta que além deste projeto também tem o projeto “Limpa Mar” que tem objetivo de realizar ações de sensibilização ambiental, atividades de coleta de lixo e a gravimetria desses materiais para compreender quais são os principais resíduos que estão chegando em nossas praias. A instituição é composta, integralmente, por voluntários distribuídos entre biólogos, ecólogos, ambientalistas, estudantes e outros membros da comunidade. “Nós vamos ter diferentes equipes atuando dentro da organização, temos uma equipe administrativa, de comunicação, de social media e a do projeto Tartarugas Urbanas que é a mais conhecida. É o pessoal que fica na praia de ‘laranjinha’, são eles quem fazem o trabalho de monitoramentos dos ninhos, de proteger os filhotes, de fazer as solturas”.

Ela revela que para realizar esse manejo, a equipe de voluntários é periodicamente treinada “para conseguir estar apta a realizar essa proteção das tartarugas marinhas”. Todos os dias, durante o período reprodutivo, a equipe do projeto se divide e monitora diferentes trechos.

“Eles vão monitorar esse trecho e buscar vestígios de que uma tartaruga colocou seu ninho, vai procurar pelo rastro que a tartaruga deixa e tentar identificar e proteger aquele ninho. Para que, no momento do nascimento, possa garantir que esses filhotes não vão se desorientar devido à iluminação artificial e consigam chegar na praia”.

Ações da Guajiru

A Guajiru realiza ações de monitoramento em quatro municípios litorâneos do Estado. Em Cabedelo faz o monitoramento diário na Praia de Intermares e Ponta de Campina e atende ocorrências nas outras praias. Em João Pessoa atua, diariamente, na Praia do Bessa, Jardim Oceania e Manaíra e atende ocorrências em Cabo Branco, Tambaú, Seixas e Jacarapé. Em Baía da Traição monitora as praias de Prainha e Guaju. “Todos os dias durante o período reprodutivo a equipe do projeto tartarugas urbanas vai se dividir e monitorar diferentes trechos de praias. A gente procura pelo rastro que a tartaruga deixa e vai tentar identificar e proteger aquele ninho”, afirma.

Saiba Mais

Confira os contatos para se comunicar com a Guajiru

  • Telefone/Whatsapp: (83) 99608-5226
  • E-mail: contato@associacaoguajiru.com.br
  • IG: @associacaoguajiru

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de novembro de 2023.