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Estado é o terceiro maior produtor da planta, que é resistente à seca e garante a alimentação do rebanho

Paraíba é o terceiro maior produtor de palma forrageira do país

publicado: 04/09/2022 00h00, última modificação: 05/09/2022 10h05
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No mundo todo, pesquisadores estudam as potencialidades da palma na agricultura, na pecuária e na indústria - Foto: Foto: Secom-PB

tags: palma , produtor , paraíba , cactos , produção rural


A Paraíba é o terceiro estado com maior produção de palma forrageira do país. O volume de 356.350 mil toneladas (Censo Agropecuário de 2017) representa 12,39% da produção nacional, sendo que a cidade de Monteiro, no Cariri, é o município paraibano que mais se destaca, ocupando o 8o lugar no país.

A planta é uma cactácea importante para as regiões áridas e semiáridas do Brasil e do mundo, por possuir uma maior resistência à seca graças a sua rusticidade e capacidade de armazenamento de água, sendo também um ótimo alimento energético para os animais. Por tudo isso, torna-se um recurso indispensável na região Nordeste durante os períodos de secas prolongadas quando há escassez de forragens.

Além do uso para alimentação do rebanho, a palma também está presente na culinária e na indústria cosmética

Os índices do Censo Agropecuário mostram que a Paraíba ficou atrás apenas de Pernambuco (468.826) e Bahia (1.303.149) no volume produzido. Já comercialização dessa forrageira, representou R$ 7,3 milhões, 11,67% do total do país. O levantamento foi compilado pelo Núcleo de Inteligência da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Nele é possível perceber ainda que o cultivo da palma é quase que exclusiva da região Nordeste, responsável por 99,61% do total.

Para quem tem criação e enfrenta períodos de seca assim como o criador de gado Sindi, em Campina Grande, Álvaro Borba, a palma é um instrumento necessário para a pecuária, não deixando a curva de produção de leite, reprodução e crescimento dos animais cair. “No pico da seca, chegamos a colher 20 toneladas de palma por dia para alimentar cerca de 600 cabeças de gado, 500 cabeças de ovelha e garantir o suporte forrageiro para os animais”, destaca Álvaro.

Hoje o produtor conta com 20 hectares da planta em sua propriedade e realiza a colheita manualmente para o processo de produção de forragem e fornecimento aos animais.

Falta de mecanização ainda é um obstáculo

Por fazer parte da base alimentar dos rebanhos, a palma é cultivada principalmente para produção de forragens. Contudo, existe a necessidade de mecanização da produção para que haja redução nos gastos com mão de obra, conforme destaca o produtor rural, Joaquim Pereira Dantas.

“A mecanização é um ponto a se resolver dentro da cultura da palma, a gente consegue potencializar o uso da mão de obra que é um item caríssimo e cada vez menos disponível na região. Porque ela é a principal fonte de energia e de alimentação para o segundo semestre. É o que nos dá a garantia para atravessar as secas”, comenta.

No Brasil, a palma é utilizada principalmente como suporte alimentar para os rebanhos bovino, caprino e ovino. Contudo, em outros países ela também está presente na indústria cosmética e também na alimentação humana.

Evento em JP debate importância do cultivo

Cientistas, técnicos e especialistas de todo mundo vão se reunir em João Pessoa, entre os dias 26 e 29 deste mês, para debater as potencialidades e uso da palma forrageira. O encontro acontecerá durante o X Congresso Internacional de Palma e Cochonilha, que é promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa) e Sociedade Internacional de Ciências Hortícolas (ISHS), na sigla em inglês.

Congresso
Pesquisadores de vários países se reúnem neste mês para trocar experiências sobre o plantio da palma e suas diferentes utilizações

Ao todo, representantes de 16 países já confirmaram presença no congresso, que será realizado no Centro de Convenções da capital paraibana. Além do Brasil, há participantes da África do Sul, Argentina, Chile, Estados Unidos, Etiópia, Índia, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Marrocos, México, Quênia, Senegal e Tunísia.

Os cientistas desses países contribuíram com 134 trabalhos científicos, que serão apresentados e avaliados nos três primeiros dias do congresso. O tema geral do evento é “Cactus: A nova revolução verde em terras áridas”, mesmo título da palestra de abertura, que será feita pelo professor Dr. José Dubeux, da Universidade da Flórida, Estados Unidos.

As pesquisas estão distribuídas nas seguintes áreas: 1) Recursos genéticos e reprodução de cactos; 2) O uso do cacto como forragem e energia; 3) Ecofisiologia das cactáceas e seu papel nos agroecossistemas futuros; 4) Produção de frutas: pomar e manejo de frutas; 5) Usos agroindustriais de plantações de cactos e produtos de cochonilha; 6) Avanços na caracterização bioquímica e no uso farmacêutico de cultivos de cactos e 7) Manejo de pragas e doenças do cultivo do cacto.

No último dia do evento, 29, haverá uma visita técnica à Fazenda Riacho do Navio, em Campina Grande, onde os participantes poderão conhecer boas práticas do cultivo nacional da planta. Também haverá a demonstração e lançamento da primeira máquina colheitadeira de palma. O equipamento está sendo desenvolvido pela empresa paraibana Laboremus, com financiamento da CNA.

 

Culinária

Um dos países com tradição na culinária a base de palma é o México. Em reunião com a embaixadora Laura Esquivel, o presidente da Faepa, Mário Borba, confirmou a presença do país no congresso, inclusive com a participação da chef mexicana Abigail Mendoza. A palma é tão marcante da cultura desse país, que está presente até na bandeira nacional.

O X Congresso Internacional de Palma e Cochonilha conta com o patrocínio do Sebrae, Dry Grow, Banco do Nordeste, Sistema OCB/PB, Instituto Nacional do Semiárido e Governo da Paraíba, através da Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia. Além de receber o apoio da CactusNet (FAO), Icarda, UFPB, UFRPE e Associação Brasileira de Palma e Outras Cactáceas.

 

3o Agropec Semiárido

Paralelo ao evento científico, a CNA e a Faepa promovem ainda a 3a edição do Agropec Semiárido, com expectativa de público em torno de dois mil produtores rurais e profissionais do agronegócio da região Nordeste. Nas edições anteriores, o seminário foi realizado na Bahia e no Rio Grande do Norte.

Os principais temas discutidos na versão paraibana do Agropec serão: produção animal, palma e outras cactáceas, sustentabilidade, tecnologia, empreendedorismo, agroindústria e comercialização, para os quais estão sendo convidados palestrantes de todo o país.

Além das palestras técnicas, o evento também contará com oficinas e vitrines gastronômicas com foco em palma, cachaça, queijos e cortes especiais de caprinos e ovinos.