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Paraíba está em alerta por causa de superfungo

publicado: 31/05/2023 09h47, última modificação: 31/05/2023 09h47
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Secretaria de Saúde ainda não identificou nenhum caso suspeito - Foto: Ortilo Antônio

por Michelle Farias*

A Vigilância em Saúde da Paraíba se mantém atenta às infecções pelo superfungo Candida Auris, que já foi confirmado em quatro pacientes no estado de Pernambuco somente neste mês de maio. Na Paraíba, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), não há casos confirmados ou suspeitos de infecção pelo fungo.

O diretor-técnico do Complexo Hospitalar Clementino Fraga, médico infectologista Fernando Chagas, explicou que o fungo tem preocupado os profissionais de saúde porque se apresenta em pessoas com a imunidade fragilizada, principalmente em pacientes internos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e outros leitos de hospitais. Segundo ele, o grau de letalidade pode variar de 80% a 100%.

“Uma pessoa contaminada dificilmente sobrevive. O grande medo é porque é um fungo que não tem medicação para tratar. Os antifúngicos da classe enquinocandina, que são indicados para o tratamento, já não servem mais para ele. A todos os antifúngicos ele apresenta resistência”, explicou Chagas.

Ele acrescentou que os tratamentos são de alto custo, mas não apresentam resultados positivos. “Cada ampola custa R$ 5 mil, às vezes o paciente precisa de quatro por dia, em tratamentos que podem durar semanas e o paciente não melhora”, pontuou.

Para conter as infecções pelo superfungo Fernando Chagas afirma que é necessário um controle na infecção intra-hospitalar para evitar que o Candida Auris se alastre, com lavagem das mãos e cuidado ao manusear materiais esterilizados.

O primeiro paciente pernambucano com diagnóstico confirmado este ano foi um homem de 48 anos, que está internado no município de Paulista. Outro caso foi confirmado em um homem de 77 anos, em Olinda. O terceiro paciente, acompanhado em hospital privado do Recife, é um homem de 66 anos, que teve alta no dia de ontem. O quarto caso, confirmado na segunda-feira, foi em um homem de 63 anos, em Paulista. O Governo criou um comitê para identificação, prevenção e controle de infecções.

Candida auris é considerada um fungo emergente, surgido no Japão, em 2008, que tem levado preocupação aos sistemas de saúde do mundo todo. Anteriormente, o estado de Pernambuco registrou 48 casos do superfungo atendidos no Hospital da Restauração, entre dezembro de 2021 e setembro de 2022.

Com base nos dados, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que o estado possui o maior surto desse superfungo registrado no Brasil. A Secretaria de Saúde pernambucana relatou 48 casos da doença entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022 em Recife.

A Secretaria de Saúde de Pernambuco informou, também, que o mecanismo de transmissão da Candida auris dentro dos serviços de saúde ainda não é totalmente conhecido.
No entanto, evidências iniciais sugerem que ela se dissemina por contato dos internados com superfícies ou equipamentos contaminados de quartos de pacientes colonizados/infectados. Por isso, é fundamental reforçar as medidas de prevenção e controle, com ênfase na higiene das mãos e limpeza e desinfecção do ambiente e equipamentos.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 31 de maio de 2023