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Paraíba sediará evento indígena nacional

publicado: 03/10/2023 09h08, última modificação: 03/10/2023 10h49
Mais de dois mil alunos de todo o país vão discutir a presença das várias etnias no Ensino Superior
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Os vários saberes produzidos a partir da perspectiva de estudantes aldeados e não aldeados serão compartilhados durante o 10o Enei - Foto: Elidiane Poquiviqui/UFPB

O povo potiguara da Aldeia Jaraguá, no município de Rio Tinto, e o Centro de Ciências Aplicadas e Educação da Universidade Federal da Paraíba (CCAE-UFPB) serão os anfitriões do 10º Encontro Nacional de Estudantes Indígenas, que será realizado de 16 a 20 de outubro. Sob o tema “Análise e conjuntura da presença indígena no ensino superior na última década”, o evento tem o apoio do CCAE e da Reitoria da UFPB.

O 10º Enei reunirá mais de dois mil estudantes indígenas de todo o país, sendo o maior evento indígena de reflexão e mobilização coletiva no contexto do Ensino Superior. É um espaço pensado e protagonizado por lideranças, estudantes indígenas e não indígenas de graduação, pós-graduação e pesquisadores, assim como autoridades indígenas e não indígenas de outros contextos territoriais.

O evento visa oportunizar espaço para a divulgação e o compartilhamento de saberes no campo da formação superior, mais especificamente por meio da troca de experiências. A intenção é promover, estimular e fomentar discussões sobre acesso e permanência de estudantes indígenas no Ensino Superior e fortalecer o movimento sociopolítico dos povos indígenas, sobretudo, da Paraíba.

De acordo com o diretor do CCAE, professor Joseilme Fernandes, é um marco não apenas para a comunidade indígena, mas também para o estado da Paraíba e para a UFPB. “O Campus IV, situado em terras indígenas, tem um compromisso ancestral e cultural com as populações originais, e o fato de co-organizar este evento reforça seu papel na preservação, promoção e divulgação dos saberes e lutas indígenas. O Enei não é apenas um evento acadêmico. É uma celebração de culturas, um espaço de diálogo entre mundos e uma manifestação clara do potencial e resiliência dos povos indígenas”, disse o docente.

O Enei Potiguara contará com cinco mesas-redondas, dois fóruns de discussões, apresentações culturais, seis grupos de trabalho com apresentações por meio de banners ou oralidade, ritual Potiguara, ato público, palestras e passeio pelo território potiguara.

As apresentações de trabalhos serão realizadas nas áreas temáticas educação escolar indígena, saúde e meio ambiente, história e identidade, direito e territorialidade, línguas indígenas e arte; e cultura, ciência e tecnologia.

O evento tem se constituído como um espaço potente para a reflexão e o exercício de temas caros à universidade, tais como a interculturalidade e a descolonização do paradigma de ensino hoje predominante. Também agrega sentidos à presença indígena no ensino superior, colabora para sua qualificação acadêmica e atuação como sujeito histórico e protagonista junto aos seus coletivos, socializando pesquisas e tecendo reflexões sobre as problemáticas que afetam suas vidas e territórios.

"O Enei é uma celebração de culturas, um espaço de diálogo entre mundos e uma manifestação clara do potencial e resiliência dos povos indígenas" Joseilme Fernandes - Foto: Elidiane Poquiviqui/UFPB

"O Enei é uma celebração de culturas, um espaço de diálogo entre mundos e uma manifestação clara do potencial e resiliência dos povos indígenas" Joseilme Fernandes

A equipe de coordenação do 10º Enei envolve lideranças potiguara, profissionais e universitários de diversas áreas do conhecimento. A professora Maria Angeluce Barbotin, do Campus IV da UFPB, é uma das docentes que estão coordenando a realização do evento.

“A Universidade está oferecendo, ainda, o suporte para garantir a presença dos palestrantes e colaboradores para o evento, além disso docentes da universidade também fazem parte da comissão científica do evento que vai realizar a avaliação dos trabalhos acadêmicos que foram submetidos. A presença da UFPB é muito importante neste momento de organização”, disse a professora Maria Angeluce Barbotin.

A liderança indígena Poran Potiguara também é um dos coordenadores do Enei e reforça a importância da UFPB ser parceira dos estudantes indígenas para a realização do Enei, evento que desde seu surgimento tem como essência aproximar a comunidade acadêmica das vivências do estudante indígena.

“A gente sempre fica pensando no pós-Enei. Fica nessa expectativa que haja alguma mudança, seja no acolhimento, seja no tratamento, seja nessa discussão no acesso e permanência dos indígenas para a universidade que sediou o evento. A UFPB fica com essa missão interna de pensar melhorias depois de receber esse evento tão grande, no que vai se transformar para os indígenas que são alunos da instituição”, afirmou Poran.

Para o diretor do CCAE, professor Joseilme, a convergência de acadêmicos, estudantes e líderes indígenas no Enei oferece uma oportunidade única para a troca de conhecimentos e a construção conjunta de um futuro mais inclusivo e equitativo. Ele destaca ainda que a escolha da Paraíba como sede é um testemunho do reconhecimento do Estado e da UFPB como polos de inclusão e diversidade, reafirmando o compromisso contínuo com os direitos e aspirações dos estudantes indígenas.

O 10º Enei Potiguara também conta com o apoio do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Ministério da Educação (MEC), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), principalmente, com a aquisição de materiais; Prefeitura Municipal de Rio Tinto, com apoio logístico e de infraestrutura; Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), com fornecimento de alimentação, e Instituto Alok.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 03 de outubro de 2023.