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Paraíba tem 18 açudes e bacias sangrando

publicado: 11/04/2023 13h52, última modificação: 11/04/2023 13h52
Número de reservatórios de água com capacidade acima do total deve aumentar nas próximas 48h, após novas chuvas
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Açude de Boqueirão, um dos maiores e principais do estado, teve aumento de 15% do volume de água em uma semana, segundo Aesa - Foto: Ortilo Antônio

por Ana Flávia Nóbrega e Michelle Farias*

Com alto registro de precipitações desde o encerramento do verão, os volumes de água nos reservatórios da Paraíba vem aumentando substancialmente. Ao todo, segundo dados divulgados pela Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa-PB) até o dia de ontem, 18 reservatórios de águas estão sangrando no estado. Ao todo, 13 dos 18 açudes ou bacias com volumes acima da capacidade total estão localizados no Alto Sertão paraibano. Um está localizado no Cariri e quatro estão distribuídos entre Brejo e Litoral.

A expectativa da técnica de Geoprocessamento e Recursos Hídricos da Aesa-PB, Janayres Barbosa, é de que mais cinco reservatórios possam sangrar nas próximas 48h, com o recebimento das águas das chuvas dos últimos dias e, também, das precipitações previstas. Um deles é o Açude da Farinha, em Patos, que, até o fechamento da matéria, registra 87,76% da capacidade hídrica ocupada. Ao todo, 22.588.618 m3 estão ocupados dos 25.738.500 da capacidade total. “As recargas aumentaram devido às chuvas dos últimos dias somadas ao acúmulo de armazenamento das chuvas de 2022, que foi um ano bom na questão hídrica. Alguns reservatórios já estavam cheios e por apresentarem uma situação boa, com as chuvas na bacia do Sertão e Alto Sertão eles sangraram”, explicou a técnica.

De acordo com dados do último boletim de monitoramento dos últimos volumes informados sobre açudes, o Açude de Araçagi, localizado na cidade de mesmo nome, registra 63.289.037m3 dos 63.289.037m3 da capacidade total, o equivalente a 100,58%. Na sequência, o açude Bom Jesus, localizado no município Carrapateira, tem 103,94% do volume de água. O Açude de Cachoeira da Vaca, em Cachoeira dos Índios, registra 110,64% do volume total. Já o Açude de Cafundó, em Serra Grande, tem 104,48% do volume total.

Também registram volumes acima da capacidade total os açudes de Carneiro, em Jericó, com 102,61%; Cochos, em Igaracy, com 102,56%; Jangada, em Mamanguape, com 101,28%; Lancha I, em Aguiar, com 103,60%; Olho d’Água, em Mari, com 110,69%; Pilões, em São João do Rio do Peixe, com 100,01%; Pimenta, em São José de Caiana, com 114,87%.

O Açude da Pitombeira, em Alagoa Grande, tem 100,10% da capacidade total. O Açude de Santa Rosa, em Brejo do Cruz, registra 109,75%; integrando a bacia do Alto Curso do Rio Piranhas, os açudes de São Gonçalo, em Sousa, e o São José I, em São José de Piranhas, possuem um estouro de 103% do volume total; já o São José II, da bacia da Região do Alto Curso do Rio Paraíba, em Monteiro, registrou 100,12%. Por fim, o Açude Vazante, em Diamante, tem 104,02% do volume total.

Reservatórios com volume acima da média animam

O estado ainda registrou, até ontem, 77 reservatórios com volumes de água dentro da normalidade esperada, 24 em observação e 16 em situação crítica, com capacidades de acúmulo de água abaixo de 4%. Os reservatórios em situação crítica estão localizados no Cariri, Curimataú e Sertão paraibano.

Entre os reservatórios com prevalência de água acima da normalidade, a maioria está com menos de 50% da capacidade total, como aponta a técnica Janayres Barbosa. Os números, contudo, estão dentro da normalidade.

Apesar de estar distante de um possível sangramento, o Açude Epitácio Pessoa é um dos destaques segundo dados da Aesa-PB. O reservatório que abastece Campina Grande e mais 19 cidades na região do Agreste teve um aumento de 15% do volume total em um mês, saindo de aproximadamente 30% da capacidade total ocupada para 45,54%, de acordo com a técnica Geoprocessamento e Recursos Hídricos da Aesa-PB.

A expectativa é para que a capacidade hídrica da bacia aumente ainda mais durante as chuvas do mês de abril. Atualmente, o reservatório conta com 212.467.379m3 dos 466.525.964m3 ocupados.

“Com essas chuvas, Boqueirão está garantindo uma recarga boa. Os rios Taperoá e Paraíba vêm recebendo quantidade boa de água das cabeceiras de outras bacias que contribuem para esse aumento significativo”, afirmou Janayres Barbosa.

Em relação a possíveis acidentes provocados pelo sangramento dos açudes, ela garantiu que não há riscos e que a situação é monitorada pelo setor de fiscalização e segurança de barragens. A meteorologista do órgão, Marle Bandeira, acrescentou que as chuvas estão dentro da média prevista para o período.

No Sertão, a cidade de Belém do Brejo do Cruz possui o maior registro de ocorrência de chuvas observadas. Foram 186,9 mm do dia 1º até ontem. Também apresentam volumes de chuva entre 100,1 e 200mm as cidades de Coremas, Sousa, Cajazeiras, Santa Helena, Bom Jesus, Cachoeira dos Índios, Serra Grande, Itaporanga, Curral Velho, Pedra Branca, Santana dos Garrotes, Olho D’Água, Catingueira, Emas, Coremas, Mãe D’Água, Maturéia, e outros.

Aesa espera chuvas dentro da média na PB

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Agência observa média no Litoral, Brejo e Agreste do estado - Foto: Marcus Antonius

As regiões Litoral, Brejo e Agreste terão chuvas dentro da média histórica nos meses de abril, maio, junho e julho, segundo a Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa). A previsão foi elaborada pela gerência de Monitoramento e Hidrometria após videoconferência com técnicos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTec) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Apesar da previsão, a cidade com maior registro de chuvas em 2023, até o momento, foi Cajazeiras, com 942 mm registrados. A cidade é seguida por Cachoeira dos Índios (804 mm), também no Sertão e Alto Sertão do estado.

“Neste momento, nossa previsão é voltada para o Litoral, Brejo e Agreste porque o quadrimestre de abril a julho é o período mais chuvoso nessas regiões. Em dezembro, a Aesa já havia divulgado a previsão para as regiões do Sertão, Alto Sertão, Cariri e Curimataú que têm seu período mais chuvoso de fevereiro a maio”, explicou a meteorologista da Aesa, Marle Bandeira.

A tendência é de que as chuvas ocorram dentro da média climatológica nestes próximos quatro meses: 913 milímetros no Litoral, 608 milímetros no Brejo e 428 milímetros no Agreste. Estes números podem variar em até 25 por cento para mais ou para menos, em função dos fenômenos das Ondas de Leste.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 11 de abril de 2023.