A Paraíba está com dois alertas de acumulado de chuva que iniciaram ontem e permanecem até as 10h de hoje. O alerta laranja, que indica risco de alagamentos, deslizamentos de encostas, transbordamentos de rios, entre outros, atinge 16 cidades paraibanas. Já o alerta amarelo compreende 37 municípios, podendo causar pequenos deslizamentos e com baixo risco de alagamentos. Os dados são do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
"As áreas de risco que demandam um pouco mais de cuidado são a comunidade São José, São Rafael, Santa Clara e Alto do Mateus"
- Jailton Gomes
Ontem, até as 12h, choveu em João Pessoa mais da metade do volume esperado para todo o mês segundo a Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa-PB). Foram registrados 170 milímetros (mm) na capital, sendo 282 mm a média histórica para maio. O grande volume de água deixou várias ruas alagadas, o trânsito lento e assustou moradores de algumas comunidades. O coordenador da Defesa Civil de João Pessoa, Jailton Gomes, afirmou que existem 26 áreas de risco na capital. “As que demandam um pouco mais de cuidado são a comunidade São José, a São Rafael, a Santa Clara e Alto do Mateus”, frisou.
Segundo ele, esses locais precisam de mais atenção porque são os que têm o maior número de pessoas que vivem próximas de barreiras ou nas margens de rio. “Todas essas pessoas convivem com o risco de morar em uma área de ocupação irregular. Mas, no momento, não temos nenhum registro de uma área com o risco de ter que tirar todo mundo de uma vez só, desabrigar ou desalojar essas pessoas”, pontuou o coordenador.
Além disso, ele informou que os bairros que mais choveram, até as 16h de ontem, foram o Altiplano, com 128,2 mm, seguido do Manaíra com 119,2 mm e Cuiá com 120,6 mm. Jailton também destacou a necessidade da adoção de medidas de segurança, como evitar o uso de eletroeletrônicos ao relento, evitar o abrigo sob árvores e abandonar imediatamente locais de risco a qualquer sinal de anormalidade.
Transtornos
As chuvas intensas na capital causaram sérios transtornos e prejuízos para a população. A equipe da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob-JP), por meio do superintendente Expedito Leite Filho e do diretor de operações Sanderson Cesário, esteve durante todo o dia observando as ocorrências de trânsito por meio do Centro Operacional de Trânsito e Transporte (Cott), com o monitoramento dos locais críticos pelas câmeras espalhadas pela cidade.
Mal o dia amanheceu e os vídeos não paravam de circular nas redes sociais. Eram imagens surpreendentes do aumento dos níveis da água, deslizamentos e inundações, além de carros submersos e outras ocorrências.
O cruzamento da Avenida Dom Pedro II com a Avenida Coremas, no Centro da capital, estava com vários pontos de alagamento,inclusive com calçadas completamente tomadas pela água. A ladeira da avenida Dom Pedro II foi outro local crítico.
Uma árvore chegou a cair no acesso por trás da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e interditou as duas faixas. Tendo passado pelo local às 10h, nossa equipe de reportagem verificou que a via já estava liberada, apenas com algumas folhagens no asfalto. Mais duas árvores, de grande porte, caíram no Parque Solon de Lucena, a Lagoa, mas felizmente não atingiu ninguém.
No Castelo Branco, o lote de uma das casas no pé da barreira, que está para ser demolida, apresentou marcas de deslizamento. “Eu conheço o morador por Hildo e ele já se mudou. O buraco está aumentando, perto do portão da casa”, informou Severino José da Silva, aposentado e vizinho do imóvel.
Outro transtorno foram os alagamentos não só de pistas, mas de muitas calçadas na capital, formando grandes poças d’água que prejudicam a vida dos pedestres, sobretudo idosos e pessoas com mobilidade comprometida. O aposentado Severino Ramos reclamou bastante da situação nas calçadas da cidade: “Tá muito ruim da gente caminhar, principalmente eu, que estou com um problema no pé esquerdo. Eu sempre tenho de vim aqui no mercado para comprar as minhas mercadorias e, quando chove, sempre alaga alguns pontos na calçada”, comentou Severino.
Posto de combustível tem teto destruído devido à ventania
Quem passou pela Avenida Cruz das Armas ficou surpreso com a cobertura do posto de combustível São José. Quase toda a estrutura desabou durante a madrugada de ontem e o local ficou fechado. Segundo o gerente do local, Danilo Ribeiro de Barros, exatamente às 5h57 a estrutura veio ao chão devido a uma forte ventania, além da chuva torrencial.
Prejuízo
Gerente do local afirmou que a cobertura do estabelecimento caiu por volta das 5h57 de ontem, mas felizmente não atingiu nenhum funcionário do local
“O que está sustentando a parte que não arriou é uma grade em uma ponta e uma escada do outro lado, porque a do meio arriou. Ventava muito na hora do acontecido. Graças a Deus, a estrutura caiu meia hora antes dos funcionários do posto chegarem, não tendo nenhuma vítima”, declarou.
De acordo com o gerente, os reparos no teto devem começar em breve e a previsão de reabertura do local é de pelo menos 30 dias. “Tem muito carro, principalmente alternativos, que abastecem aqui com a gente, porque o posto fica numa avenida muito movimentada do bairro. Então, nós queremos iniciar logo esse conserto”, comentou Danilo.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 29 de maio de 2024.