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Censo 2022

Paraíba tem maior índice de idosos do NE

publicado: 30/10/2023 09h14, última modificação: 30/10/2023 09h14
IBGE revela que há 53 pessoas com idade de 65 anos ou mais para cada 100 crianças e adolescentes de zero a 14 anos
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A pesquisa apontou que a população incluída na faixa etária entre 15 e 65 anos, em 1980, representava 51,8% da população, e em 2022 passou a ser 68,2% do contingente brasileiro - Foto: Ortilo Antônio

por Alexsandra Tavares*

O Censo Demográfico 2022 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem o recorte da “População por idade e sexo” da sociedade brasileira. Na Paraíba, os dados mostraram que o número de pessoas idosas vêm aumentando e, por outro lado, o de crianças, entre zero e 14 anos, vem caindo. O crescimento do índice de envelhecimento da população paraibana foi o maior do Nordeste em 2022, juntamente com o Rio Grande do Norte. Havia 53 idosos com idade de 65 anos ou mais para cada 100 crianças e adolescentes de zero a 14 anos em 2022. Já em 2010, esse número era de 33,8 idosos para cada grupo de 100 crianças na Paraíba.

A pesquisa apontou que a população incluída na faixa etária entre 15 e 65 anos alcançou o ápice da série histórica do IBGE. Em 1980, os paraibanos incluídos nesse grupo etário representavam 51,8% da população, e em 2022 passou a ser 68,2% do contingente brasileiro. Já aqueles com idade de 65 anos ou mais eram 5,4% dos brasileiros e em 2022 o índice subiu para 11%. Veja dados completos na tabela por idade.

O professor ainda comentou que é preciso cuidar da saúde dessa população que está envelhecendo

Outro dado que chamou a atenção foi na população infantil, que chegou ao ponto mais baixo da série histórica do IBGE, iniciada em 1980. Se na década de 80 essa parcela representava 42,8% da população paraibana, em 2022 o índice caiu para 20,8%, ou seja, redução de mais de 20 pontos percentuais.

O professor João Damaceno, do Departamento de Geografia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), especialista em análise do Censo, afirmou que o envelhecimento da população era uma coisa já esperada não só no Brasil, mas em todo o mundo por conta de inúmeros fatores. O avanço da ciência com a possibilidade de criar novas drogas e curar doenças, por exemplo, aumentaram a expectativa de vida de vários povos.

Mas, na Paraíba, assim como no Brasil, ele frisou que o aumento da população idosa acende alguns sinais de alerta: a saúde e qualidade de vida dessa parcela da sociedade, a alta demanda na questão da aposentadoria e o preconceito com o idoso no mercado de trabalho são algumas preocupações. “A nossa base da pirâmide ficou larga, ou seja, a população envelhecida está começando a aumentar mais do que a nossa condição econômica, chegando a padrões europeus. Enquanto isso, a população jovem está diminuindo. E o que isso significa? Que teremos problemas futuros do ponto de vista de previdência, isso é altamente perigoso e precisa ser refletido seriamente”, disse o professor.

Ele ainda comentou sobre o número pequeno de famílias, uma realidade que chegou muito rápido. “Esse controle da natalidade, que foi natural, porque as pessoas diminuíram o número de integrantes das famílias, é um ponto a ser citado. Isso era uma coisa que se aguardava para os próximos 50 anos e chegou muito antes. Essa tendência é também negativa, porque é uma população envelhecida, é uma população que pouco é absorvida pelo mercado de trabalho”.

De acordo com João Damaceno, embora tenhamos um avanço tecnológico muito grande, com a mão de obra sendo substituída pelas máquinas, o homem ainda é a principal matéria para a manutenção de todo o modelo produtivo que existe no Brasil. Para ele, é preciso mudar a própria concepção do que se chama “velho” e quebrar o preconceito sobre a não contratação de idosos por parte de muitas empresas.

“O idoso é uma força de trabalho muito útil. Há empresas hoje que veem isso como algo interessantíssimo e absorvem pessoas maduras. Realmente, há alguns empreendimentos que ficam difícil o idoso exercer uma função. Mas, atividades que não vão demandar tanta energia física, mas são de cunho intelectual, de energia de presença, eles são muito bem aproveitados”, destacou.

Por idade

Proporção de grupos de idade específicos na população residente na PB – 1980/2022

Ano População de 0 a 14 anos (%) População de 15 a 64 anos (%)

População de 65 anos ou mais (%)

1980 42,8 51,8 5,4
1991 37,9 55,6 6,5
2000 31,5 61,3 7,2
2010 25,3 66,2 8,5
2022 20,8 68,2 11,0

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1980/2022

Comparativo

 

Municípios com maior Índice de Envelhecimento (IE) na Paraíba Municípios com menor Índice de Envelhecimento (IE) na Paraíba
Bom Sucesso 113,1 Marcação 28,1
Santa Cruz 102,3 Baía da Traição 28,4
Coxixola 101,4 Caaporã 28,7
São Francisco 100,2 Alhandra 29,6
Vieirópolis 98,8 Pitimbu 30,8

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1980/2022

Quantidade de homens e mulheres é proporcional

A pesquisa mostrou que na Paraíba, a razão de sexo é de 93,3, ou seja, são 93,3 homens para cada grupo de 100 mulheres. O número foi o 7º mais baixo do país, acima somente do Rio de Janeiro (89,4); Distrito Federal (91,1); Pernambuco (91,2); Sergipe (91,8); Alagoas (91,9); e São Paulo (93). Além disso, o indicador paraibano ficou abaixo das médias nacional (94,2) e regional (93,5). Na comparação com 2010 (93,9), houve uma pequena redução.

Mas, na Paraíba há municípios onde a realidade é diferente, havendo mais pessoas do sexo masculino do que feminino. Esse é o caso de Carrapateira, onde existem 110,0 homens para cada grupo de 100 mulheres. Depois vêm São José de Princesa (109,3); Santa Inês (109); Curral Velho (108,9); e Coxixola (107,5).

Já em João Pessoa, a situação se inverte. A capital é o município com menor volume de homens em relação ao de mulheres no Estado, apresentando 87,4 homens para cada grupo de 100 mulheres. Em seguida vem Patos (88,9); Campina Grande (89,8); Remígio (90,1); e Bayeux (90,4).

Cinco cidades concentram envelhecimento

O IBGE mostrou que os municípios com os índices de envelhecimento mais altos, no estado, conforme o Censo 2022, foram: Bom Sucesso (113,1), Santa Cruz (102,3), Coxixola (101,4), São Francisco (100,2) e Vieirópolis (99,8). Já os menores índices foram observados em Marcação (28,1), Baía da Traição (28,4), Caaporã (28,7), Alhandra (29,6) e Pitimbu (30,8).

Na capital paraibana, o índice de envelhecimento em 2022 (52,2) foi um pouco menor do que a média estadual. Contudo, também teve aumento expressivo no comparativo com 2010 (31,6). Em 2022, cerca de 70,4% da população pessoense estava no grupo etário de 15 a 64 anos; 19,4% no de zero a 14 anos; e 10,1%, no de 65 anos ou mais.

Idade mediana

Vale lembrar ainda do levantamento da idade mediana, ou seja, a que separa a metade mais jovem da metade mais velha da população. Na Paraíba, em 2022, esse número correspondia a 34 anos, levemente inferior à média do país (35) e superior à da região (33). Em João Pessoa, a idade mediana foi de 35 anos e, em Campina Grande, de 34 anos.

Os municípios paraibanos que apresentaram valores mais altos para essa métrica foram Santa Cruz e Bom Sucesso, ambos com idade mediana de 41 anos, enquanto Cacimbas registrou o menor, de 26 anos.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 28 de outubro de 2023.