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Moradores em apartamento

Paraíba tem maior taxa do Nordeste

publicado: 26/02/2024 09h00, última modificação: 26/02/2024 09h59
Participação desse grupo no total de residentes em domicílios particulares saiu de 4,7%, em 2010, para 11,3%, em 2022
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Segundo o Censo 2022: Características dos domicílios - Resultados do universo, em 2010 existiam 175.235 paraibanos instalados em apartamentos. Em 2022, esse número subiu para 448.329 - Foto: Roberto Guedes

por André Resende*

O número de pessoas morando em apartamento na Paraíba cresceu 155,8% nos últimos 12 anos. O crescimento é parte da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) intitulada “Censo 2022: Características dos domicílios - Resultados do universo”, divulgado ontem. De acordo com o dado divulgado, o número de pessoas morando em apartamentos passou de 175.235 para 448.329 entre 2010 e 2022. Com isso, a participação desse grupo no total de moradores em domicílios particulares passou de 4,7% para 11,3%.

No estado, quantidade de pessoas morando em apartamento cresceu 155,8% nos últimos 12 anos, segundo o IBGE

Ainda de acordo com o IBGE, essa foi uma tendência apresentada em todo o país, com crescimento em todas as unidades da federação. A proporção de moradores de apartamentos no estado ficou acima do percentual do Nordeste (7,9%), sendo a maior entre os estados da região. Além da Paraíba, destacam-se Pernambuco (10%), Sergipe (9,5%) e Bahia (8,2%). Por outro lado, o estado apresenta proporção de moradores abaixo da média nacional, que foi de 12,5%.

Cidades

Na Paraíba, as maiores proporções de residentes em apartamento foram encontradas em João Pessoa (37,5%), Cabedelo (20,5%), Campina Grande (15,4%), Itaporanga (10,4%), Guarabira (8,4%), Pombal (8%), Patos (7,1%) e São Bento (6,2%), enquanto em 14 municípios não havia moradores nesse tipo de domicílio.

De forma geral, o recenseamento de 2022 mostrou que, na Paraíba, do total de 3,959 milhões de moradores em domicílios particulares permanentes, 86,9% (3,440 milhões) residiam em casas, 11,3% em apartamentos (448.329) e 1,7% (66.702) em “casa de vila ou em condomínio”. Em conjunto, os tipos “casa” e “casa de vila ou em condomínio” reuniam 88,6% da população.

Total de domicílios

A exemplo de Censos Demográficos anteriores, o levantamento de 2022 revelou um amplo predomínio dos domicílios do tipo “casa”, na Paraíba e em todo o país. Do total de 1,372 milhão de domicílios existentes no estado, 85,1% (1,167 milhão) eram casas, 13% eram apartamentos (179 mil unidades) e 1,8% correspondiam ao tipo “casa de vila ou em condomínio” (24 mil unidades). As categorias “habitação em casa de cômodos ou cortiço” (0,1%) e “estrutura residencial permanente degradada ou inacabada” (0,02%) eram residuais, não tendo sido encontrado nenhum domicílio do tipo “habitação indígena sem paredes ou maloca”.

População residente em casa teve redução de 2,3%, em 12 anos

A pesquisa do IBGE constatou que a população paraibana residindo em casas saiu de 3,522 milhões, em 2010, para 3,440 milhões, em 2022, uma queda de 2,3%. Desse modo, a participação dessa população no total dos moradores em domicílios particulares permanentes caiu sete pontos percentuais, passando de 93,9% para 86,9%, a menor entre os estados nordestinos.

O levantamento mostrou também que, em 219 municípios, o percentual de residentes em casas era superior a 91%, sendo que em seis deles essa taxa era de 100%: São José de Princesa, Joca Claudino, Santa Inês, Gado bravo, Frei Martinho e Areia de Baraúnas. As menores proporções ficaram com João Pessoa (57,6%), Cabedelo (72,3%), Campina Grande (82,8%) e Itaporanga (89,5%).

Já nos domicílios do tipo “casa de vila ou em condomínio”, os municípios com as maiores proporções eram Cabedelo (6,6%), João Pessoa e Bayeux (ambos com 4,7% cada), São Miguel de Taipu (4,5%), Santa Rita (3,4%) e Conde (3%), enquanto em 77 municípios não havia moradores nesse tipo de classificação domiciliar.

Recursos hídricos

O IBGE mostrou que a Paraíba é o estado brasileiro em que, percentualmente, os domicílios mais utilizam água armazenada da chuva. Segundo o estudo, 4,3% dos domicílios têm a água armazenada da chuva como forma principal de abastecimento. Atrás da Paraíba, aparecem Alagoas (2,9%) e Pernambuco (2,3%).

A princípio, o percentual elevado de domicílios com grande uso de água armazenada na Paraíba tem relação com o programa de cisternas, considerado o maior do Brasil. Segundo o projeto Cooperar, do governo estadual, o estado conta com cerca de 12 mil cisternas, outras 2,7 mil estão sendo construídas e 3,1 mil estão em processo de licitação.

Número de moradores em casas saiu de 3.522 milhões de pessoas para 3.440 milhões no estado

O governador João Azevêdo, em entrevista sobre o projeto Cooperar, comentou que a gestão investe em cisternas como uma forma de incentivar também a agricultura familiar. “Isso faz parte de um grande guarda-chuva da agricultura familiar, mas o Cooperar tem uma função extraordinária nesse processo de desenvolvimento da agricultura. Além disso, faz ações nas áreas de distribuição de alimentos, comercialização e passagens molhadas.”

Sobre abastecimento de água a partir da rede principal, fornecida pela Cagepa, o estado paraibano tem 74% dos domicílios com água encanada.

Cagepa investe em obras que garantem segurança hídrica

A Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) vem ampliando sua área de atuação para novos municípios do estado e investindo em obras para garantir segurança hídrica para toda população paraibana. A partir deste cenário de ampliação da atuação e diante dos dados expostos no Censo 2022 do IBGE, a empresa traz alguns esclarecimentos.

Inicialmente, a Cagepa destaca que três cidades, Alcantil, Baraúna e Santa Cecília, não têm o abastecimento de água operado pela companhia. Em Santa Cecília, a Cagepa passará a assumir o abastecimento de água em março deste ano, quando deve ser concluído o projeto de implantação de rede de abastecimento, orçado em mais de R$ 3,8 milhões, que já se encontra em fase de testes.

O abastecimento de água nos municípios de Alcantil e Baraúna não é de responsabilidade da Cagepa, no entanto, Baraúna será contemplada com as águas da primeira etapa da Transparaíba Curimataú, orçada em R$ 413 milhões. Já Alcantil está aguardando a conclusão do sistema adutor Boqueirão, obra da Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos.

O município de Gado Bravo está regularmente abastecido pelo Sistema Aroeiras/Gado Bravo, inclusive com projetos de obras de melhoria e extensão de rede. Damião também se encontra plenamente abastecido, inclusive recebendo obras de ampliações de rede, e a distribuição será ampliada na segunda etapa da Transparaíba Curimataú, uma obra avaliada em R$ 300 milhões.

Algodão de Jandaíra, Sossego e Riacho de Santo Antônio estão com abastecimento suspenso temporariamente, devido à escassez hídrica. A estatal ressalta ainda que o município de Sossego também está na lista das cidades que serão contempladas na primeira etapa da Transparaíba Curimataú, um investimento de R$ 413 milhões.

Por fim, a Cagepa destaca ainda que os dados apresentados são atuais da Companhia, que estarão consolidados nos índices apresentados pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) referente ao ano de 2023.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 24 de fevereiro de 2024.