Notícias

Paraibanos e estrangeiros ganham a vida nos semáforos de JP

publicado: 13/07/2017 00h05, última modificação: 13/07/2017 08h44
foto.jpg

Os malabaristas argentinos Nícolas Robles e Andrés Romero chegam a faturar R$ 50 por hora nos semáforos da capital - Foto: Ortilo Antônio

tags: malabaristas , semáforos , joão pessoa , vendedores de frutas , limpadores de pára-brisa


José Alves

Estrangeiros malabaristas, vendedores de frutas, de água e limpadores de pára-brisas ganham a vida nos semáforos da cidade de João Pessoa. Os malabaristas, que geralmente vêm da Argentina ou do Uruguai, ganham até R$ 50 por hora de trabalho, e os limpadores de pára-brisas, cuja maioria é de moradores de bairros periféricos e das cidades de Bayeux e Santa Rita, tomaram conta de praticamente todos os semáforos das principais vias da cidade e faturam cerca de R$ 40 a R$ 50 por dia. É um trabalho que nem sempre é bem aceito pelos motoristas, mas mesmo assim eles enfrentam e faturam.

Em alguns pontos da cidade, como próximo à Praça Castro Pinto, a reportagem flagrou crianças fazendo este trabalho na tentativa de ganhar algum dinheiro. Nesse caso, elas eram tão pequenas que subiam nos pneus dos veículos para poder alcançar o pára-brisa para efetuar a limpeza.

Já os vendedores de frutas, que ficam em maior número nos semáforos da avenida Beira Rio, não costumam falar quanto faturam, nem de onde vêm as frutas que eles comercializam diariamente nesses pontos, mas admitem que vendem bastante. Eles geralmente oferecem aos condutores de veículos morango, manga, acerola, laranja e goiaba, entre outras frutas.

Os condutores de veículos geralmente compram as frutas que são oferecidas nos semáforos porque elas estão sempre frescas e bonitas. Para a costureira Adriana Filgueiras, é muito cômodo comprar uma fruta que deseja levar pra casa sem precisar descer do carro. "Quando saio do trabalho e encontro esses vendedores nos semáforos fico tranquila porque não vou precisar passar em um supermercado para comprar frutas", disse Adriana, complementando que as frutas oferecidas nesses pontos estão sempre frescas.

Trabalho nem sempre é bem aceito pelos motoristas 

Boa parte dos condutores de veículos não aceita o trabalho dos limpadores de pára-brisa nos semáforos, mas mesmo assim, eles são insistentes e jogam água nos carros, mesmo quando o motorista diz não. “Eles geralmente abordam os condutores de veículos jogando água no vidro e alguns chegam a fazer cara feia quando a gente se recusa a pagar”, disse o comerciário Edvan Fonseca.

Só no Parque Solon de Lucena (Lagoa), existem mais de dez fazendo esse trabalho. Sem querer se identificar, eles disseram nessas quarta (12) que residem nas cidades de Bayeux e Santa Rita e que todos os dias da semana se deslocam para o centro da capital para ganhar dinheiro limpando pára-brisas. Alguns deles revelaram que chegam a ganhar até R$ 50 por dia, mas que nem sempre se saem bem com essa missão.

Atualmente, os limpadores de pára-brisas estão presentes em praticamente todos os semáforos das principais avenidas, entre o litoral e o centro da cidade. Existe uma boa parcela da população que ajuda os jovens pagando alguns trocados pelo trabalho deles.

Malabaristas

Os argentinos malabaristas Nícolas Robles e Andrés Romero, que estão apresentando a arte deles no semáforo da Rua das Trincheiras com a Avenida João Machado, informaram que estão em João Pessoa há cerca de duas semanas e que pretendem ficar na capital pessoense por mais três meses.

Eles disseram também que estão em uma pousada, mas quando o lucro do trabalho não dá para pagar hospedagem, escolhem qualquer lugar na rua para dormir. Os malabaristas contaram que já estão fazendo essa arte há oito anos e que a intenção é conhecer as principais cidades do Brasil. Para Andrés, o ideal para faturar é ficar nos semáforos cerca de duas horas pela manhã e outras duas no final da tarde.

Eles afirmaram também que já conheceram diversas cidades, a exemplo da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Sergipe. Nícolas disse que, para ele, viajar e conhecer a cultura de cada região é seu maior prazer. Quando indagado se já se apaixonou em alguma dessas viagens, ele disse que sim e que namorar faz parte do seu plano de vida. “Nos semáforos, a gente têm contato direto com as pessoas que atravessam a rua e vai aprendendo outras culturas, o que é muito gratificante”, afirmou o argentino.