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“A morada do sol”

Patos celebra 120 anos de fundação

publicado: 24/10/2023 08h52, última modificação: 24/10/2023 08h52
Município sertanejo tem mais de 100 mil habitantes e se destaca pelas universidades, o comércio e o polo calçadista
Patos 120 anos de fundação Foto Lusângela Azevêdo.jpg

Localizada no Sertão, Patos possui clima Semiárido e registra temperaturas que podem superar os 40 graus - Foto: Lusângela Azevêdo

por Lusângela Azevêdo*

Com mais de 100 mil habitantes, o município de Patos, no Sertão do Estado, completa, hoje, 120 anos de elevação à categoria de cidade num contexto de crescimento como referência por ser uma localidade integrada, universitária, comercial e polo calçadista. Para celebrar a data foi programada uma alvorada com a Filarmônica 26 de julho desfilando pelas principais ruas centrais da cidade.

Ainda dentro da programação comemorativa, o prefeito Nabor Wanderley anunciou um pacote de obras superior a R$ 60 milhões em todas as áreas como Educação, Saúde, Esportes, Mobilidade e Infraestrutura Urbana, na última quinta-feira (19). “A cidade cresce a cada dia, de um povo forte e trabalhador e que representa o nosso dia a dia”, declarou o prefeito, Nabor Wanderley.

Patos é um polo comercial que abrange mais de 70 municípios da Paraíba, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte

A cidade que surgiu de uma lagoa que ficava situada bem próxima ao Rio Espinharas que, atualmente contorna a cidade e se tornou a quarta cidade mais populosa do estado com uma população, 103.165 pessoas no Censo de 2022, o que representa um aumento de 2,45% em comparação com o Censo de 2010.

A “Capital do Sertão”, título recebido através da Lei Estadual nº 12.418, de 14 de outubro de 2022, também é considerada uma das mais importantes cidades do Sertão do Nordeste, por se apresentar como um polo comercial que abrange mais de 70 municípios do interior da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.

Cidade Acolhedora

Patos também acolheu famílias de diversas regiões do Brasil. Há 26 anos residindo em Patos, José Francisco de Sousa, popularmente conhecido como Zeca, conta que, quando se mudou para o munícipio, motivado pelo trabalho.

“Quando vim morar aqui, a convite para trabalhar na prefeitura, a cidade passava por uma dificuldade muito grande de abastecimento de água e também de estruturas. Hoje a gente vê que Patos cresceu muito em estrutura, desenvolvimento econômico, em todos os setores. Tornando Patos um centro de convergência para atender aos seus moradores e de outras regiões,” comentou.

Natural de Patos, o jornalista Airton Alves se mudou para São José do Egito, em Pernambuco, onde viveu de 1989 a 1996. Após seis anos, o jornalista encontrou a grande oportunidade de retornar para a sua terra natal. “Eu saí por necessidade, passei uns seis anos fora e voltei por necessidade, porque Patos, ainda é o melhor lugar para se viver” enfatizou.

Origens na expansão pecuária no século 17

A história de Patos começou em meados do século 17, quando os Oliveira Ledo, partindo da Casa da Torre de Garcia D’Ávila, no recôncavo baiano, desceram o Rio São Francisco e chegaram ao lugar chamado Itatiunga (Pedra Branca) e instalaram as suas primeiras fazendas de gado. Entrando, na nova terra descoberta já habitava duas tribos indígenas, os Pegas e Panatis. Após várias batalhas os nativos foram obrigados a abandonar a região, à medida que seus domínios eram conquistados pelos brancos. Depois das fazendas de gado fundadas por Oliveira Ledo, outras foram sendo formadas por colonizadores portugueses, que se estabeleceram com escravizados.

Em 1772, os precursores da cidade rezaram uma missa campal onde foi construída, depois, a capela de Nossa Senhora da Guia – atual Igreja de Nossa Senhora da Conceição.

“Patos nasceu da fé e da religiosidade do seu povo, tanto é que os seus fundadores, Paulo Mendes do Figueiredo e João Gomes de Melo, doaram partes de suas terras dos sítios Patos e Pedra Branca para a construção de uma ermida (pequena igreja) dedicada à Nossa Senhora da Guia. Pouco a pouco, foi se notando que a igreja Matriz ia se tornando muito pequena para abrigar os muitos fiéis que frequentavam assiduamente o templo sagrado. Com o passar dos tempos foi construída outra igreja mais ampla e em outro local da cidade, no mesmo local onde hoje se encontra a atual Catedral de Nossa Senhora da Guia. E, a igreja antiga foi dedicada à Nossa Senhora da Conceição”, explicou o historiador José Romildo de Sousa.

No dia 24 de outubro de 1903, a Vila de Patos foi elevada à condição de cidade graças à Lei n° 200, que foi sancionada pelo Presidente do Estado da Paraíba, desembargador José Peregrino de Araújo, passando a ser chamada apenas de Patos.

Atualmente, a cidade ocupa uma área de 508,7 km2, com uma altitude de 245 metros acima do nível do mar, possuindo o Distrito de Santa Gertrudes interligado à cidade.

Comparada ao do Deserto do Saara, na África, pela presença de clima Semiárido e quente, com temperaturas elevadas, baixos índices pluviométricos, baixa umidade relativa do ar e vento quente que sopra inesperado e sem aviso, características iguais ao clima desértico. Ao longo do ano, ela apresenta uma amplitude térmica que varia em torno de 19 a 38 graus, podendo chegar a 41 graus nos longos períodos secos durante o dia e raramente inferior a 20 graus no período da noite, este perfil climatológico serviu para dar à cidade o título de “A Morada do Sol”.

Em meio à vegetação acinzentada e um relevo ondulado, aparecem nove corpos graníticos são os monólitos ou inselbergs: Moro do Carioca, Serra Negra das Onças, Serrote da Lagoa, Serrote da Pia, Serrote Espinho Branco, Serrote Farinha dos Gatos 1, Serrote Farinha dos Gatos 2, Serrote Pedro Agostinho e Serrote Trapiá, que pela sua formação, seja de forma solitário ou em grupo, parece abraçar a cidade de Patos.

Podendo chegar a 41 graus nos longos períodos secos durante o dia e raramente inferior a 20 graus no período da noite, este perfil climatológico serviu para dar à cidade o título de “A Morada do Sol”.

Essas elevações são ricas em biodiversidade, com uma composição que chama atenção por juntar variadas formações plantas nativa e algumas espécies exóticas. Perfeitamente adaptadas ao clima quente e seco. Algumas conseguem armazenar água e passar pela época de estiagem ainda verde, como é o caso do mandacaru.

Com relação ao abastecimento d'água, o primeiro marco do município, após o pioneirismo das cacimbas e o transporte do líquido precioso através dos lombos animais, é o Açude do Jatobá e a Barragem da Farinha. A cidade também é servida pela Barragem de Capoeira (no município de Santa Terezinha) e pelo complexo formado pelos açudes Açude Coremas Mãe D'Água. Há ainda, o Açude Mocambo e dezenas de poços tubulares que garantem o abastecimento da população.

Na área educacional, a cidade além de inúmeros estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, possuiu três instituições de nível superior: a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), a Universidade Estadual da Paraíba e o Centro Universitário de Patos (Unifip), sendo esse privado.

Entre os principais pontos turísticos da cidade podemos destacar o Parque Cruz da Menina, Fundação Ernani Sátiro, Matriz de Nossa Senhora da Guia, Centro Cultural Amaury de Carvalho e o Terreiro do Forró no período das festas juninas.

Localização é facilitador do crescimento econômico 

A localização do munícipio tem sido um dos principais atrativos para a instalação de empresas, fazendo com que a economia se mantenha aquecida e propícia para a geração de emprego e renda.

“Patos abrange várias cidades do Sertão e cidades dos estados vizinhos do Pernambuco, Ceará e do Rio Grande do Norte e após fazer um estudo de mercado, vimos que a região soma mais de 150 mil habitantes fixos, fora aquelas pessoas que passam por aqui, por consultas, estudos ou a negócio. Então decidimos instalar as nossas lojas e investir na cidade de Patos. A nossa primeira loja foi instalada aqui em 1984 e da lá pra cá só tivemos bons resultados tanto é que hoje temos quatro lojas e um shopping,” informou Gerente Regional Sertão Bahia do Armazém Paraíba, Sergiano Monteiro.

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Parque Cruz da Menina, um dos pontos turísticos da cidade de Patos - Foto: Lusângela Azevêdo

Em 2022, o município gerou um saldo positivo de 564 empregos formais no Brasil, uma vez que foram 4.882 contratações, contra 4.258 demissões, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Ainda de acordo com o Caged, o total de empregos com carteira assinada em Patos, chega 12.603 trabalhadores em atividade, nos seguimentos da agroindústria (1.727), construção civil (770), comércio (4.729) e serviços (4.801).

“Naturalmente, o fato sermos polo de educação, saúde e outros segmentos, somados a posição geográfica ampliou, consideravelmente a nossa economia, baseada no comércio, indústria e serviços, a partir da atração de grandes empresas, que geram oportunidade de abastecimento, emprego, renda e tributos, responsáveis pelo desenvolvimento,” disse o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Patos, José de Sales Martins.

Perfil religioso

Em Patos, mais da metade da população se declara fiel à Igreja Católica. Segundo levantamento realizado no primeiro semestre deste ano, pelo Instituto Patoense de Pesquisa e Estatística (Inppe), Patos tem 76% de sua população professando o catolicismo, 15% se declarando evangélica, além de 5,6% de pessoas sem religião. Patos é sede do bispado e tem Dom Eraldo Bispo da Silva como bispo diocesano e conta com 36 paróquias.

Já no tocante as igrejas evangélicas, a cidade possui cerca de 150 grandes e pequenos templos ligados a várias denominações, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 24 de outubro de 2023.