O número de brasileiros com alguma restrição na visão aumentou 77%, nos últimos 10 anos. No levantamento, realizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com base nos dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Rio de Janeiro são os que apresentam o maior volume proporcional de condutores com alguma limitação relacionada à saúde ocular. Na Paraíba, segundo lugar desse ranking, são 371,8 mil motoristas — o que representa 38% do total, no estado.
Divulgada ontem, a pesquisa aponta que as principais restrições, em todo o país, são: uso de lentes corretivas, com mais de 25 milhões de condutores; visão monocular (351 mil casos); e proibição de dirigir depois do pôr do sol (152,1 mil casos). Todos esses dados estão indicados na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de cada motorista.
Para a oftalmologista Wilma Lélis, presidente do CBO, as avaliações realizadas regularmente para a concessão de licença para conduzir um veículo são fundamentais para a segurança no trânsito. No entanto, no intervalo entre essas avaliações, os condutores podem adquirir doenças na visão. “Há muitas pessoas, nos nossos consultórios, que apresentam perdas visuais incompatíveis com a possibilidade de dirigir. Seria relevante se nós tivéssemos uma forma de comunicação compulsória desses problemas. Isso aumentaria a segurança no trânsito”, destaca.
Os fatores que contribuem para problemas na visão são diversos, como envelhecimento da população, exposição prolongada a telas e doenças crônicas
Segundo o CBO, os fatores que contribuem para problemas na saúde da visão dos condutores são diversos, com destaque para o envelhecimento da população, a exposição prolongada às telas de celulares e computadores, o aumento da incidência de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, estresse) e os maus hábitos de vida (alimentação inadequada, sedentarismo, obesidade).
Atualmente, o exame de aptidão visual faz parte da série de exames realizada pelo condutor para adquirir ou renovar a sua CNH. Nesse exame, são analisados a acuidade visual, o campo de visão, a capacidade do candidato de enxergar à noite e reagir prontamente — com resposta rápida e segura — ao ofuscamento provocado pelos faróis dos demais veículos e, por fim, a capacidade de reconhecer as luzes e a sua posição dos semáforos.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 16 de julho de 2024.