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Estudo avaliou como os governos filtraram evidências científicas e as incorporaram em políticas de enfrentamento à covid-19

PB recebe a nota máxima do Ipea na gestão da pandemia

publicado: 18/11/2021 08h49, última modificação: 18/11/2021 08h49
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Foto: Secom-PB

por André Resende*

A gestão da pandemia feita pelo Governo da Paraíba recebeu nota máxima (10) em estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que abordou como os governos estaduais filtraram evidências científicas e as incorporaram em políticas de enfrentamento à covid-19. A Paraíba foi considerada a melhor gestão da pandemia ao lado de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A pesquisa, publicada no início deste mês, mediu a tempestividade de cada Estado ao criar ou mobilizar um arranjo de enfrentamento à pandemia, a precisão e abrangência de suas funções, a participação de especialistas, a interdisciplinaridade, a transparência, e a influência sobre a tomada de decisões. Além dessas seis variáveis, o indicador teve outras três, avaliando se os Estados recomendaram ou adotaram alguma política sem base em evidências científicas.

A gestão da Paraíba na pandemia atingiu a pontuação máxima nas cinco categorias e, pelo fato de não ter adotado nenhuma política pública sem amparo científico, não pontuou negativamente, obtendo nota 10. O dado relativo à Paraíba se torna ainda mais expressivo se considerarmos que, conforme o Ipea, em 15 Estados se observaram políticas que não foram baseadas em evidências científicas, em especial recomendações voltadas ao chamado “tratamento precoce”.

O governador da Paraíba, João Azevêdo, celebrou o restulado do estudo, destacando que o Estado desde o início da pandemia montou um comitê de crise, que colaborou fundamentalmente para todas as tomadas de decisão durante a pandemia.

“Essa é mais uma avaliação que comprova o nosso compromisso e, acima de tudo, o nosso respeito com a vida das pessoas. Foi justamente esse olhar atencioso da nossa gestão com cada paraibano que fez com que nos antecipássemos aos problemas, que agíssemos de acordo com as evidências científicas, defendendo a vacina no braço, abrindo novos hospitais, leitos de UTI e de enfermaria, assegurando atendimento a todo cidadão”, ressaltou.

João Azevêdo frisou: “Cuidamos não apenas da saúde, mas todos os setores do governo estiveram envolvidos para darmos as respostas necessárias à sociedade”. Ele citou que o Governo do Estado atuou “para assegurar a segurança alimentar de famílias, com a criação e ampliação de programas importantes como o Tá na Mesa, os Restaurantes Populares, o Prato Cheio, a distribuição de cestas básicas e de alimentos da agricultura familiar, o aumento no valor do Cartão Alimentação, ajudamos o pequeno e médio empresário paraibano, com isenção e postergação de impostos, e mantivemos um arrojado programa de obras que somam mais de R$ 2 bilhões de investimentos que colocam a Paraíba na dianteira na geração de emprego, renda e qualidade de vida”.

Adoção de ações corretas e corajosas

Para o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Medeiros, o resultado da pesquisa do Ipea confirma a consolidação de um trabalho sério que prezou pelas soluções científicas, com a escolha de profissionais com expertise e com coragem para tomar medidas que não eram fáceis, como os decretos que restringiam atividades, mas que foram necessários para frear o coronavírus na Paraíba.

“Em um dado momento alguns segmentos pressionaram a secretaria para que houvesse a adoção do tratamento precoce, mas não tiveram nossa anuência, até porque pelo que identificamos nos trabalhos apresentados, não tinham evidências científicas que comprovassem a eficácia dessas medicações como cloroquina ou ivermectina. Todos esses aspectos foram avaliados pelo Ipea”, comentou Geraldo Medeiros.

O Ipea avaliou os Estados em relação a medidas prejudiciais na pandemia em três aspectos: uso ou estímulo do tratamento precoce ou uso “kit covid”; uso ou incentivo de métodos supostamente preventivos ou de outras formas de tratamento da covid; desincentivo às medidas não-farmacológicas ou busca da imunidade de rebanho por meio da contaminação. Em todos os três quesitos a Paraíba obteve a melhor nota, tendo em vista que não foi adotada nenhuma das medidas negativas avaliadas pelo Ipea.

Outro fator para um bom desempenho da gestão estadual na pandemia, comprovado pelo Ipea, foi a formação rápida de comitês de crise pelo Estado, que trouxeram para o debate e tomada de decisões não somente pessoas da área de saúde, mas de outros setores do governo. Esse item foi observado pelo Ipea no quesito interdisciplinaridade.

O Governo da Paraíba criou três comitês para gerir os efeitos da covid: o Comitê de Gestão de Crise Covid-19, criado em março de 2020; o Centro Estadual de Disseminação de Evidências em Saúde do Covid-19 (interno à Secretaria de Estado da Saúde), também em março de 2020; e por fim o Centro Operacional de Emergências em Saúde Pública (ampliado e adaptado) em 17 de março de 2020. Em paralelo aos comitês estaduais, a Paraíba também integrou o Comitê Científico do Consórcio Nordeste.

“Todos os governos estaduais agiram de forma relativamente rápida no início da pandemia, criando ou ampliando arranjos institucionais específicos para elaborar políticas e adotando medidas obrigatórias de distanciamento social. Alguns governos estaduais mobilizaram especialistas de referência em disciplinas importantes para o enfrentamento da pandemia (infectologia, virologia, epidemiologia, ciência de dados, economia da saúde, dentre outras), como ocorreu na Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo”, trouxe o relatório final da pesquisa do Ipea em sua conclusão.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 18 de novembro de 2021