Notícias

MORTALIDADE MATERNA

PB tem segunda menor taxa no NE

publicado: 10/09/2024 09h06, última modificação: 10/09/2024 09h06
Estado registrou diminuição de quase 50%, no comparativo entre 2021 e 2022; número é o menor desde 2007
Andre Borges-Agência Brasília_editada.jpg

Para secretário estadual da Saúde, redução se deve a ações do governo, incentivo a planejamento familiar e capacitação de equipes | Foto: Andre Borges/Agência Brasília

por João Pedro Ramalho*

A Paraíba registrou, em 2022, uma queda de aproximadamente 50% no número de mortes maternas em relação a 2021. Foram 24 óbitos desse tipo, frente às 71 mortes contabilizadas um ano antes, no período mais crítico da pandemia de Covid-19. O número também é o menor desde 2007, quando houve, no estado, 21 casos desse tipo.

Além disso, a taxa de mortalidade materna por 100 mil nascidos vivos, de 47,2, foi a segunda menor do Nordeste — inferior apenas à de Pernambuco (46) — e a nona em todo o país. Os dados são do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), do DataSUS, e estão reunidos no Observatório da Atenção Primária à Saúde da Umane, associação sem fins lucrativos que atua na área da saúde pública.

A mortalidade materna consiste no número de mulheres que morrem durante a gestação ou até 42 dias após o parto, por fatores relacionados à gravidez ou agravados por ela. No Brasil, o número total de óbitos foi de 1.397 em 2022, uma diminuição de 54,9%, se comparado às 3.058 mortes do ano anterior. Já a taxa de mortalidade materna nacional foi de 54,5 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos.

Ações do estado

Para o secretário de Estado da Saúde, Ari Reis, a redução verificada na Paraíba deve-se a diferentes ações do governo, como a regulação obstétrica, realizada desde 2022 pela Central Estadual de Regulação Hospitalar (Cerh), e o incentivo ao planejamento familiar. A capacitação das equipes de saúde da rede estadual também foi importante nesse processo.

"No pré-natal, a gestante pode ser classificada de acordo com alguns critérios de risco, como peso e pressão arterial"
- Renata Gadelha

“A Secretaria da Saúde vem desenvolvendo e potencializando o cuidado às gestantes e aos recém-nascidos, em todo o estado. Esse trabalho se dá a partir da qualificação dos profissionais que fazem o acompanhamento do pré-natal, na Atenção Primária à Saúde, e sua articulação com a Atenção Especializada, tanto por meio da telemedicina, na Rede Cuidar, quanto pela ampliação e pelo fortalecimento dos ambulatórios de Pré-Natal de Alto Risco na Rede Estadual”, apontou o secretário.

A preocupação com o pré-natal se justifica porque essa é a etapa mais importante do acompanhamento da gestação. A ginecologista Renata Gadelha explica que, nesse momento, as mulheres recebem orientações sobre alimentação, exercícios físicos e hábitos de saúde, entre outros. Além disso, os exames realizados durante esse período ajudam a prevenir o desenvolvimento de hipertensão arterial, tida como a maior responsável pelas mortes maternas no Brasil.

“No pré-natal, a gestante pode ser classificada de acordo com alguns critérios de risco, como a sua história clínica, o histórico familiar, os antecedentes, o peso e a pressão arterial. A partir desses dados, ela é classificada como sendo de maior ou de menor risco para desenvolver a hipertensão. Com as gestantes de maior risco, podemos tomar medidas preventivas para evitar uma doença hipertensiva, principalmente a pré-eclâmpsia. Essas medidas contêm orientações gerais, como aquelas sobre exercício e dieta adequados, e específicas, como o uso da aspirina e do cálcio”, esclarece a médica.

Raça e escolaridade

Os dados do SIM também são divididos de acordo com a raça, a escolaridade e a idade das mulheres. A mortalidade materna, em 2022, foi maior entre mulheres pardas, que representaram 13 dos 24 óbitos, frente a oito mortes entre pessoas brancas; uma, entre indígenas; e duas, entre pessoas de raça ignorada. Já entre as mulheres de escolaridade conhecida e que integraram essa estatística, oito delas tinham entre oito e 12 anos de estudos e quatro haviam completado até sete anos. As gestantes ou puérperas com 12 anos de escolaridade ou mais foram minoria, com três mortes. Em outros nove casos, a formação escolar era ignorada.

A respeito da faixa etária, as informações apontam para um maior índice entre pessoas do sexo feminino de 25 a 34 anos, com 10 óbitos. Sete mulheres de 35 a 44 anos faleceram durante ou após a gestação, em 2022, enquanto, entre as mães de 15 a 24 anos, foram registradas seis mortes. Apenas uma mulher entre 55 e 64 anos integrou as estatísticas do SIM.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 10 de setembro de 2024.