Um levantamento realizado pelo Departamento de Trânsito da Paraíba (Detran-PB) apontou que 437 acidentes de trânsito envolveram ciclistas em 2024, na Paraíba, com uma média de 1,2 acidente por dia. Desse total, 78% envolveram automóveis que trafegavam pela área urbana. O alerta maior, entretanto, está na gravidade dos acidentes, que vitimaram 97,2% dos ciclistas; isso inclui pessoas que tiveram atendimento médico, foram hospitalizadas ou morreram. Entre elas, o ciclista Diego Rafael Monteiro, de 41 anos, atropelado no último dia 9, enquanto pedalava em uma pista preferencial para bicicletas, próxima ao Centro de Convenções, em João Pessoa.
A capital paraibana possui 105 km de ciclovias e ciclofaixas, sendo a nona capital do país com maiores malhas cicloviárias em relação à população, com 12,59 km por 100 mil habitantes, como aponta a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike). Na prática, significa dizer que a capital paraibana atende bem a população que usa bicicleta como meio de transporte ou por diversão, com um crescimento de 3,92% em relação a 2023. Entretanto, os dados destacam a necessidade de medidas preventivas focadas na educação e infraestrutura de trânsito que protejam, especialmente, esses usuários mais expostos.
A reportagem ouviu alguns adeptos desse transporte para saber quais os desafios enfrentados no dia a dia.
O conservador e restaurador de patrimônio material, Daniel Amaral, de 35 anos, costuma usar a bicicleta como meio de locomoção, lazer e para se exercitar. Segundo ele, seria importante ter mais ciclovias na capital para atender esse público. “Andar nas ciclovias, sinalizadas e separadas da via normal, me traz muito mais segurança. Sinto falta de um melhor planejamento urbano para o transporte de bicicletas na cidade”.
Outro ciclista, o estudante Carlos Eduardo Marinho Costa, de 24 anos, destacou que algumas ações poderiam melhorar a situação dos usuários de bike. Entre elas, ele citou a manutenção permanente das ciclovias e ciclofaixas já existentes na capital. “Algumas estão desgastadas e com a sinalização apagada. Acredito que a colocação de bicicletário em locais públicos e em espaços onde ocorrem eventos também se faz necessário. Isso traz mais segurança para a gente, ter onde prender a bicicleta”.
CBT
De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito (CBT), os condutores de automóveis precisam cumprir uma distância mínima de 1,5 m do ciclista, quando não houver ciclovias ou ciclofaixas. Além disso, deve dar passagem para os ciclistas em ocasiões como semáforos verdes e travessias, já que o Código coloca as bicicletas em posição de prioridade, juntamente com os pedestres, sobre os outros veículos.
Em relação ao uso de ciclovias e ciclofaixas, o uso é exclusivamente das bicicletas. Por isso, motos, carros ou qualquer outro veículo são proibidos de trafegar em uma ciclofaixa, assim como os pedestres. Além do risco de provocar acidentes, o descumprimento da norma é considerado infração grave, sujeita a multa e guincho. Dependendo da gravidade, o motorista também pode ser punido com suspensão do direito de dirigir, apreensão do veículo e da habilitação.
Diferença
Embora sejam estruturas pensadas para o uso exclusivo de bicicletas, as ciclovias e ciclofaixas possuem diferenças entre si. A ciclovia é uma via de sentido único ou bidirecional (mão dupla), geralmente implementada em canteiros de estradas ou centralizada nas rodovias. É separada da via, tendo elevação ou barras de proteção, deixando o ciclista afastado dos automóveis e dos pedestres.
Já a ciclofaixa é um espaço delimitado na própria pista, junto aos demais veículos. Pode ser em uma calçada ou também em um canteiro exclusivo para os ciclistas ou estar no mesmo nível da pista de rolamento, o que acontece geralmente. Assim como a ciclovia, pode ter uma única direção ou duas.
Saiba Mais
Para contribuir com a fluidez e melhoria da educação no trânsito pessoense, a Prefeitura de João Pessoa realiza, periodicamente, ações educativas junto à população. De acordo com a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob-JP), em 2024, ocorreram mais de 200 ações educativas junto às pessoas. As abordagens alcançaram diversos públicos, entre eles crianças em escolas, motoristas, motociclistas, ciclistas, pedestres e carroceiros. O superintendente de Mobilidade Urbana do Município, Expedito Leite Filho, destacou que as ações de conscientização por uma mobilidade mais segura estão entre as prioridades da atual gestão municipal. “Desempenhamos nos últimos anos um trabalho intenso de sinalização, intervenções, mudanças e novas implantações no trânsito, visando melhorias no fluxo e mais segurança viária para todos. Mas acreditamos que seja fundamental chegar junto das pessoas e alertar que cada um tem papel fundamental na redução de sinistros e mortes”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 15 de janeiro de 2025.