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PF investiga corrupção eleitoral

publicado: 18/09/2025 08h35, última modificação: 18/09/2025 08h35
Operação Madeira de Lei cumpre três mandados de busca e apreensão na cidade de Cruz do Espírito Santo
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Ordens judiciais, executadas ontem, foram expedidas pela 3ª Zona Eleitoral de Santa Rita | Foto: Divulgação/PF

A Polícia Federal (PF) na Paraíba cumpriu três mandados judiciais de busca e apreensão no município de Cruz do Espírito Santo, na Região Metropolitana de João Pessoa, na manhã de ontem (17). As ordens foram expedidas pela 3ª Zona Eleitoral de Santa Rita e executadas no âmbito da Operação Madeira de Lei, cujo objetivo é investigar crimes eleitorais que teriam sido cometidos na última eleição municipal da cidade.

Sem revelar as identidades dos investigados, a PF informou que eles são suspeitos de praticar corrupção eleitoral — ou seja, dar, oferecer, prometer ou receber, para si ou para outra pessoa, qualquer vantagem, como dinheiro, bens ou favores, em troca de votos.

Segundo a legislação, não é necessário que a vantagem seja efetivamente entregue ou recebida para configurar o crime; a promessa já caracteriza a corrupção eleitoral. Essa prática é punida com reclusão de um a quatro anos, além do pagamento de multa, que pode variar de cinco a 15 dias-multa.

“Apesar de muito difundidas, a oferta ou promessa de bens e vantagens como cestas básicas, material de construção, emprego ou qualquer outro benefício configura uma tentativa de compra de votos, o que compromete a lisura do processo eleitoral”, informa a PF, em nota sobre a Operação Madeira de Lei — assim denominada justamente porque, entre os itens trocados por votos, estariam produtos para construção.

As investigações prosseguirão, com a análise do material apreendido e novas diligências, para reunir mais dados e provas ligadas ao crime e aos seus responsáveis.

Gestor de Caaporã ainda não se pronunciou sobre gravação

O prefeito da cidade de Caaporã, Francisco Nazário de Oliveira — conhecido como Chico Nazário —, do partido União Brasil, ainda não se manifestou oficialmente sobre a gravação em que ele aparece recebendo uma bolsa de dinheiro, com um montante estimado em R$ 400 mil, durante a campanha eleitoral de 2024.

Nas imagens, divulgadas na última terça-feira (16), é possível observar o gestor retirando as notas, colocando-as no chão da sala de sua casa e guardando-as em um envelope branco. Também é possível ouvir Chico Nazário relatando medo de terem instalado uma câmera em frente à residência e de ser flagrado saindo com o dinheiro.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele foi eleito prefeito de Caaporã com um total de 6.809 votos — o que representou 49,67% dos votos válidos. Em segundo lugar, ficou o candidato do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Wilton Alencar de Souza, com 6.350 votos — o equivalente a 46,32% dos votos válidos.

O montante teria sido entregue pelo consultor financeiro Sandro Trajano de Freitas, como caixa 2 para a campanha do ano passado, em troca da indicação de uma empresa de recolhimento de lixo para ser contratada pela administração municipal de Chico Nazário.

Em 1º de janeiro deste ano, o prefeito publicou uma portaria nomeando Sandro como secretário de Articulação Institucional e Política. Dias após a posse, outra portaria anunciou a rescisão de contratos da gestão anterior, incluindo o de recolhimento de lixo, que somava o valor de R$ 1,6 milhão por ano.

Para a mesma atividade, a gestão de Chico Nazário contratou a empresa HAC Serviços Ambientais, com um contrato mensal de R$ 270 mil. Já a contratação para locação de caminhões e de recolhimento de resíduos sólidos foi feita por dispensa de licitação, no preço total de R$ 3,2 milhões.

Conforme consta no portal do TSE, a candidatura de Chico Nazário tinha um limite de gastos de R$ 159,8 mil. Na prestação de contas oficial, consta uma despesa de R$ 159,7 mil. Entre os doadores da campanha, aparecem valores recebidos pelas direções nacionais do União Brasil e do Partido da Social Democracia Brasileiro (PSDB), além de um montante doado pelo próprio candidato e outro referente a uma pessoa física, no valor de R$ 12,30.

A equipe de reportagem do jornal A União tentou contato com a Prefeitura de Caaporã e a assessoria de Chico Nazário, mas, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 18 de setembro de 2025.