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Polícia Civil investiga o golpe Don Juan aplicado na Paraíba

publicado: 02/04/2018 18h05, última modificação: 02/04/2018 20h36
Lucas de Sá, delegado

O delegado Lucas Sá diz que para não cair no golp, o primeiro cuidado é com as informações repassadas - Foto: Ortilo Antônio

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Cardoso Filho

O perfil na rede social é o principal caminho para a aplicação de um golpe, onde todo mundo é bonzinho, bonito, oferece todo tipo de vantagem, viagens e passeios por lugares jamais imaginados. Diz que tem boas intenções, procura pessoas que estejam com problemas, levam para bons hotéis, restaurantes e a partir do momento que ganha confiança começam a agir.

Muitos desses golpistas se apresentam como empresários conceituados, militares, servidores públicos de importantes cargos, além de fazer questão de apresentar cartões de crédito, aparecer com bons carros, geralmente locados, mas que dizem serem proprietários e outras mentiras para enganar as vítimas, que na grande maioria são mulheres que caem nas lábias dos golpistas.

Este ano, uma mulher compareceu à Delegacia de Defraudações e Falsificações para se queixar de ter sido vítima de um golpista que, na “conversa” conseguiu lhe ludibriar em R$ 80 mil.
Segundo ela, o conversador lhe convenceu após demonstrar carinho, relacionamento amoroso a sacar o dinheiro que teria juntado com tanto sacrifício. O golpista teria dito que era para comprar um carro e um imóvel.

A jovem conheceu Marcos Antônio Gomes da Silva ou Marcos Antônio Cabral de Lima numa festa junina na cidade de Bananeiras, no Brejo paraibano. Além de se apresentar como empresário disse ainda ser geólogo da Petrobras, tinha um salário razoável e uma pensão, pois era viúvo e sua mulher era promotora pública na Bahia. Na delegacia, a vítima afirmou que o homem sempre se mostrava gentil, prestativo e solícito, deixando claro “as boas intenções” do suspeito até que o casal começou um namoro.

O relacionamento foi se evoluindo até que foi proposto o casamento. Após ganhar a confiança o golpista idealizou a compra de um carro e um apartamento.

No caso da vítima de João Pessoa, o golpe começou a ser aplicado em 2017, quando o golpista se apresentou a jovem como engenheiro bem-sucedido, viajava para o exterior, tinha vários negócios e convenceu a vítima a investir nesses negócios com suposta parceria e conseguiu, assim, obter os R$ 80 mil. Depois sumiu e quando a mulher conseguiu sua identificação oficial e número de contato e tentou resgatar o que havia “aplicado” passou a ser ameaçada.

A verdadeira qualificação do golpista a vítima conseguiu através de uma pousada de Bananeiras. “É importante divulgar essa modalidade de golpe, que não é novo, e quem tiver conhecimento do seu paradeiro divulgar a polícia através do 197 - Disque Denúncia da Polícia Civil da Paraíba.

Cuidados para não ser vítima

O delegado Lucas Sá diz que para não cair no golpe, basicamente em respeito aos aplicativos de relacionamento, o primeiro cuidado é com as informações repassadas, principalmente número de cartão de ou conta corrente, desconfiar de falsas promessas de vantagens e não firmar sociedade comercial em muito pouco tempo “pois o golpista promete muitas vantagens, um relacionamento duradouro e propõe uma sociedade comercial”, lembra.

O golpista para ganhar a vítima diz ter uma profissão respeitável, muitas vezes como funcionário público, empresário bem-sucedido. Também como militar, pastor evangélico “profissão que ganham muita credibilidade” e, após ganhar a confiança passa a pedir valores da vítima, seja para uma suposta sociedade, parceiro comercial ou através da simulação de alguma urgência médica.

Lucas Sá alerta que, para não cair no golpe, a pessoa que entrar nesse relacionamento virtual peça tudo por escrito, faça um contrato, solicite a identificação pessoal e caso se negue desconfie. “Também exija copia da documentação, porque caso seja vítima de algum golpe vai ter como acionar essa pessoa na justiça civil e procurar a polícia porque ela já vai ter a identificação dele”, explicou.

Nesses golpes as pessoas passam valores em contas de laranja, na maioria parentes. “Então se a pessoa entra num relacionamento e a pessoa pede para passar algum valor deve ser feito na conta dela e ter a segurança de que está fazendo o depósito na conta correta, porque caso seja um golpe fica mais difícil identificar o golpista por ter feito na conta de laranja.

Golpista está na lista de procurados

Marcos Antônio Gomes dos Santos, que também usa o nome de Marcos Antônio Cabral de Lima, apontado como especializado no golpe do Don Juan está incluído na lista de procurados da Polícia Civil da Paraíba. Ele foi incluído após denúncias na Delegacia de Defraudações e Falsificações e o delegado Lucas Sá ter conhecimento da existência de processos contra o estelionatário em vários estados. As últimas informações indicam que o suspeito estaria residindo na cidade de Salvador, capital da Bahia.

Com vários mandados de prisão ele responde a processos nos estados da Paraíba, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Mato Gross, Bahia e Distrito Federal. Mais informações sobre procurados pela Polícia Civil da Paraíba poderão ser encontradas no site: www.procurados.pb.gov.br sendo possível até mesmo o download do mandado de prisão preventiva.
Lucas Sá revelou que a DDF continua nas diligências à identificação de novas vítimas do suspeito na Paraíba e já representou por mais um mandado de prisão preventiva contra o estelionatário. O delegado pede que, quaisquer informações sobre o estelionatário poderão ser encaminhadas à própria DDF, através do Disque Denúncia (telefone 197).

Marcos Antônio já ‘enganou’ várias mulheres em pelo menos seis estados (Paraíba, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Bahia) e também no Distrito Federal. Na Paraíba, segundo o delegado Lucas Sá, apenas uma mulher compareceu a Delegacia de Defraudações e Falsificações de quem conseguiu “na conversa” a importância de R$ 80 mil.
No levantamento da Polícia Civil paraibana foi constatado que somente no Distrito Federal Marcos Antônio aplicou golpes contra cerca de 40 mulheres.