Mais de 140 municípios paraibanos implementaram o Programa Estadual de Controle do Tabagismo, o equivalente a 65% do total de municípios paraibanos. Os dados são do Núcleo de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (NDants), da Secretaria de Estado da Saúde (SES), divulgados, ontem, por ocasião do Encontro Internacional de Controle do Tabaco na Paraíba. O evento, que aconteceu no Auditório da Associação Médica da Paraíba, reuniu, pela primeira vez no Estado, instituições internacionais e nacionais que atuam no controle do tabaco.
Promovido em parceria com o Comitê de Combate ao Tabagismo da Associação Médica da Paraíba, o encontro apresentou trabalhos, objetivos e metas para a diminuição do consumo dos cigarros tradicionais e eletrônicos. A Paraíba foi escolhida para sediá-lo por ter um exitoso trabalho de combate ao tabagismo, voltado tanto à prevenção quanto à cessação do tabagismo, por meio de tratamento. “Hoje, somos referência nesse processo, tanto no âmbito da Saúde quanto no da fiscalização, feita de forma eficiente pelos órgãos responsáveis”, ressaltou a coordenadora do NDants, Gerlane Carvalho.
Único estado que tem um Comitê de Combate ao Tabagismo instituído, a Paraíba tem 7,2% da sua população adulta (acima de 20 anos) formada por fumantes. Mas, a julgar pelo empenho das instituições envolvidas — reconhecido pelas entidades estrangeiras e brasileiras que participaram do evento —, esse dado tende a decrescer. “O trabalho que o estado da Paraíba vem desenvolvendo, por meio da SES e do comitê, tem surtido efeito. A SES capacita as equipes de referência dos municípios, que, por sua vez, tornam-se multiplicadoras do programa. Além disso, fazemos o monitoramento, para saber quantas pessoas pararam de fumar e qual o perfil dos fumantes”, detalhou Gerlane.
Jovens
O comitê, que é formado por 16 entidades, apresentou as ações desenvolvidas de combate ao tabagismo aos presentes. De acordo com o pneumologista Sebastião Costa, presidente da entidade, o desafio agora é conscientizar a juventude. “A comitiva sugeriu fazer a aproximação com esses jovens por meio de atividades esportivas, concursos de redação e exposição de banners nas escolas privadas, além de realizar um trabalho de sensibilização com os professores. Para tanto, precisaremos de recursos financeiros, e contaremos com o apoio das entidades”, disse.
O pneumologista acrescentou que o cigarro convencional apresenta 60 substâncias cancerígenas, que provocam cerca de 30% de todos os carcinomas. Já o cigarro eletrônico provoca uma doença chamada evali. “É uma lesão pulmonar que ocasiona uma síndrome respiratória aguda, cujos sintomas são tosse, falta de ar e dor no peito”, alertou.
Conforme Diogo Alves, consultor nacional da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), uma saída para essa conquista dos jovens é a comunicação. “A entidade tem investido na divulgação de informações, no intuito de reduzir os índices de tabagismo. Não adianta apenas fiscalizar, a gente precisa se adaptar aos novos tempos. Fizemos a campanha ‘Cancela o VAP’, por exemplo, para se aproximar da linguagem desse público”, disse.
O Encontro Internacional de Controle do Tabaco contou, também, com representantes de outras entidades, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a Fiocruz, a Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), a Bloomberg Philanthropies, a Campaign for Tobacco Free Kids, a Johns Hopkins University e o Tobacconomics and Vital Strategies.
Leis Estaduais Contra o Tabagismo
- Lei no 8.958/2009 proibe o consumo de cigarros, cigarrilhas ou qualquer outro produto fumígeno, criando ambientes de uso coletivo livre de tabaco;
- Lei no 9.775/2012, dispõe sobre a política de prevenção ao tabagismo na Paraíba;
- Lei no 10.882/2017, estabelece a realização de atividades escolares e culturais na Rede Estadual de Ensino de combate ao tabagismo;
- Lei no 12.351/2024, que proíbe o uso de Dispositivos Eletrônicos para Fumar, popularmente conhecidos como cigarros eletrônicos, em ambientes públicos.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 11 de maio de 2024.