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Negócios surgidos na periferia mostram a força dos paraibanos para vencer as dificuldades econômicas

População mais vulnerável da PB descobre o empreededorismo

publicado: 22/11/2021 09h07, última modificação: 22/11/2021 09h07
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Produção de sabões é um exemplo de negócio desenvolvido por um grupo de empreendedoras para vencer as dificuldades

tags: empreendedorismo , população vulnerável , periferia

por Carol Cassoli*

Diante da pandemia de covid-19, a rotina das famílias paraibanas foi alterada. Para muitas delas, houve piora nas condições de vida e aumento da situação de vulnerabilidade. Cara a cara com a ausência de renda, estas pessoas encontraram a saída em seus próprios contextos habitacionais e apostaram em um modelo de negócio cujo impacto acontece em ciclo, da periferia para a periferia.

Cunhado pela Articuladora de Negócios de Impacto da Periferia (Anip), o chamado ‘empreendedorismo de impacto’ nasce com o objetivo de gerar inclusão produtiva para pessoas em situação de vulnerabilidade econômica. O termo inclui estratégias de capacitação para que estes cidadãos estejam qualificados e empreendam com sucesso. Neste caso, o conceito também relaciona a elaboração de políticas públicas que contribuam para a inclusão social e a geração de renda da população periférica. 

Aos 49 anos, Adeilda da Silva, a Tia Boneca, recebe em casa semanalmente um grupo constituído por cerca de 12 mulheres para fabricar o sabão ecológico que, futuramente, gerará renda para a comunidade Thiago Nery e outras duas ocupações, localizadas no bairro de Mangabeira VIII, em João Pessoa. Produzido com apenas óleo e outros quatro ingredientes, o sabão ecológico feito pelo grupo ‘As Saboeiras’ faz parte do empreendedorismo suburbano da Paraíba.

Mesmo pequena, a produção dos sabões é a esperança destas mulheres que, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), integram o grupo de pessoas (mulheres, jovens e negros) mais afetado pela pandemia. Em desvantagem frente ao gênero oposto, as mulheres brasileiras viram, em 2020, sua taxa de ocupação cair de 46,2% para 39,7%. Com a necessidade de levar dinheiro para dentro de casa, as mulheres da ocupação Thiago Nery se reuniram para, com o apoio da Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais, darem um novo curso ao seu destino.

“Hoje a gente faz sabão, mas logo vamos fazer sabonete líquido e em barra também. ‘As Saboeiras’ é um sonho. Aqui a gente entende que sempre tem uma saída, para onde correr. Na hora do aperto, essas mulheres podem correr para cá”, reflete Tia Boneca.

Segundo Joana Gaviraghi, uma das colaboradoras do grupo, enquanto passam por capacitações, as saboeiras investem o dinheiro arrecadado na melhoria dos equipamentos. “Temos uma demanda fixa mensal de mais de uma centena de sabões. Essa encomenda vai para um supermercado e o que sobra da produção é redistribuído por aqui mesmo”, conta.

 *Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de novembro de 2021