A demora para conclusão da obra de triplicação das pistas de circulação da BR-230, na cidade de Cabedelo, na Região Metropolitana de João Pessoa, é criticada por moradores e motoristas que passam pela região todos os dias. Eles se queixam que a interrupção gera transtornos como trânsito lento, buracos, lama, iluminação insuficiente e dificuldade no acesso a áreas como Intermares, Renascer, Camboinha e regiões próximas, inclusive a entrada na própria capital paraibana.
A reportagem do Jornal A União esteve no local e constatou que militares do 1º Grupamento de Engenharia do Exército Brasileiro ainda estavam trabalhando normalmente até ontem. No entanto, pouco tempo depois, os equipamentos e os militares foram retirados do local. A empresa que realiza os trabalhos junto com os militares, por sua vez, já havia se retirado da área anteriormente.
A profissional de marketing digital Roberta Teixeira, que mora em Camboinha, reclama que por causa da obra não tem por onde passar e já chegou a caminhar pelo meio da construção. Ela afirma que a demora para executar o serviço atrapalha não apenas a rotina dos motoristas, mas também dos pedestres. “A noite não tem iluminação nenhuma, tem muita lama quando chove, grama demais e a entrada que fizeram não tem sinalização correta. Já tiveram muitos acidentes, justamente por causa desses motivos e o trajeto dos motoristas todos os dias atrasa”, relatou.
Ela criticou ainda que além de agilidade, é preciso que a obra ocorresse com maior responsabilidade. “O problema é que abrem um buraco em um lugar e não concluem, depois abrem outro e não terminam. Onde eles não terminaram, chove e acaba com todo o trabalho e aí tem que refazer. É algo que pode ser até perigoso”, pontuou.
O estudante universitário Wanderley Vieira observa que, além da obra inacabada, a sinalização na área está incorreta. “Está totalmente abandonado. Basta passar dois dias chovendo que o trânsito fica interditado e já tem um buraco enorme. Deixaram a via quase toda pronta e não liberaram o acesso, aí o pessoal está usando o desvio. Não tem iluminação, mas tem uma placa indicando a lombada, sinalizando uma coisa que não existe. Muitos acidentes acontecem nessa área já por conta desses problemas”, descreveu.
- 1º Grupamento de Engenharia informou que o contrato com o Dnit para as obras de triplicação prevê a sua conclusão até o final de abril.
Através de nota, o 1º Grupamento de Engenharia informou que está concluindo os trabalhos da triplicação da BR-230, em Cabedelo, firmados em contrato válido até o final de abril. Segundo a instituição, a obra deixará oito quilômetros de pista principal e quatro viadutos prontos.
“Atualmente, o trecho do Exército está em fase de finalização, onde estão em execução os últimos dispositivos de drenagem, enquanto a Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte - Dnit - no Estado da Paraíba trabalha nas sinalizações horizontal e vertical definitivas”, diz o texto.
Conforme o texto, “em apenas um ano de atuação, o Exército resolveu a principal demanda apresentada. O Plano de Trabalho executado pela tropa de Engenharia não contemplava projeto de iluminação. No que tange à sinalização de advertência nos locais em obra do Exército, a legislação vigente foi cumprida, para prover a segurança dos usuários da rodovia”.
O Exército Brasileiro ressaltou ainda que o projeto completo existente de triplicação da BR-230/PB abrange uma extensão de 26 quilômetros (do Porto de Cabedelo ao Viaduto das Três Lagoas, em João Pessoa), dos quais coube à corporação executar oito quilômetros.
A reportagem do Jornal A União entrou em contato com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) na Paraíba e a Prefeitura de Cabedelo. Porém, até o término desta reportagem nenhuma resposta foi obtida.
Obras realizadas em oito quilômetros da rodovia
A operação de engenharia na BR-230, em Cabedelo, é fruto de um instrumento de parceria celebrado entre o Departamento de Engenharia e Construção (DEC) do Exército Brasileiro e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). De acordo com o Exército Brasileiro, o Termo de Execução Descentralizada de Crédito entre o DEC e o Dnit teve como objetivo dar continuidade à obra de adequação da capacidade de tráfego e segurança do quilômetro dois ao quilômetro 10 da rodovia, trecho não concluído por empresa terceirizada.
A Engenharia do Exército iniciou os trabalhos em abril de 2020, ficando a obra da BR-230/PB a cargo do 1º Batalhão de Engenharia de Construção, sediado em Caicó, no Rio Grande do Norte, sob a supervisão do 1º Grupamento de Engenharia (João Pessoa-PB).
Segundo o Exército Brasileiro, os viadutos do trecho alvo do contrato estavam inacabados quando a corporação assumiu a obra e o tráfego na via principal era inexistente, pois não havia ligação entre eles.
No dia 14 de março, o 1º Batalhão de Engenharia de Construção (1º BEC) informou que estava executando a fase final da obra de adequação da capacidade de tráfego e de segurança de um segmento de oito quilômetros da BR-230, no município de Cabedelo.
*Matéria publicada na edição impressa de 31 de março de 2023.