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Zona Azul sem prazo para reativação

publicado: 30/03/2023 13h28, última modificação: 30/03/2023 13h28
Semob-JP chegou a anunciar a realização de uma nova licitação para retomar o serviço, paralisado há três anos
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Zona Azul possuía duas mil vagas em 30 logradouros na capital; sem o serviço, os motoristas encontram mais dificuldades para localizar vagas. Foto: Evandro Pereira.

por Juliana Cavalcanti

Um novo projeto do serviço de estacionamento rotativo Zona Azul, em João Pessoa, não tem prazo para ser implantado. A informação é da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de João Pessoa (Semob-JP). O sistema anterior foi extinto há três anos e em 2021 foi anunciado pela Prefeitura de João Pessoa que o Zona Azul seria retomado no ano passado, o que acabou não ocorrendo. Enquanto isso, os motoristas disputam as poucas vagas de estacionamento nas avenidas e ruas do Centro da capital e ficam à mercê dos “flanelinhas”.

O antigo modelo de Zona Azul adotado em João Pessoa foi extinto em fevereiro de 2020 e segundo a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), a retirada buscava a implantação de um serviço mais moderno com ampliação do número de vagas.

Porém, até agora não existe data prevista para a chegada desse modelo de estacionamento nem os locais onde será implementado. Enquanto isso, os motoristas relatam dificuldades para estacionar nos espaços públicos e no caso do centro da cidade.

A Semob-JP havia iniciado uma licitação para reativar o Zona Azul, que seria levado, também, a áreas como a orla e Mangabeira

Sem a presença da gestão pública, os motoristas acabam pagando para estacionar valores que variam de R$ 2 a R$ 10, dependendo da região.

Para o funcionário público, Leonardo Alves, o serviço era muito falho e não atendia a população de forma correta. Ele acredita que hoje é preciso pensar em formas de estacionamento que atendam várias áreas da cidade, incluindo o centro pessoense, onde a movimentação é mais intensa durante o dia, devido ao comércio e repartições públicas.

 Já o aposentado Ailton Ribeiro relata que prefere utilizar outras formas de transporte (como transporte por aplicativo) para ir ao centro da cidade, evitando congestionamentos e falta de locais para estacionar. “O estacionamento no centro, por exemplo, é horrível e por isso só venho para essa parte da cidade de carro em caso de muita necessidade”.

Aílton Ribeiro afirma que João Pessoa ainda não está preparada para o atual volume de carros e motos que circulam diariamente e lembrou que a pouca quantidade de vagas exclusivas para idosos e deficientes é preocupante, pois já passa cerca de uma hora procurando um local para colocar o carro. “Se fosse para retornar a Zona Azul, queria que fosse algo mais moderno”, destacou.

Sistema garantia rotatividade no uso das vagas

O trabalhador autônomo, José Roberto, aponta que o retorno do sistema rotativo Zona Azul seria muito interessante para João Pessoa. Ele alega que seria uma forma da prefeitura organizar a questão do estacionamento, principalmente no centro da cidade, evitando problemas de insegurança, por exemplo.

“O estacionamento está muito ruim, não tem mais vaga. Por conta dessa dificuldade, muitos colocam o carro em espaços privados (que nem sempre dá certo) ou em ruas com pouco movimento e mais distantes, o que aumenta o risco de assaltos. Quando tinha a Zona Azul, sempre tinha vaga e evitava problemas com os flanelinhas. Esse retorno ia ser excelente”.

Alcides Araújo, por sua vez, trabalha no Centro de João Pessoa e percebe que o movimento de veículos vem crescendo cada vez mais na cidade, o que aumenta a necessidade de mais espaços para estacionamento, especialmente próximo ao Parque da Lagoa e à Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB). “Terças, quartas e quintas-feiras, se a pessoa chegar às 8h no centro já não encontra onde estacionar o carro. Às vezes às 7h, já não encontra até as 13h”, conta.

Ele não gostava do funcionamento da antiga Zona Azul e acredita que para o seu retorno muita coisa precisa ser melhorada, pensando em uma eficiente prestação de serviço.

Espaço democratizado

Conforme a Semob-JP, o Sistema de Estacionamento Rotativo Zona Azul democratizava o uso do espaço, gerando maior rotatividade nas vagas de estacionamento em vias e logradouros públicos, principalmente em áreas comerciais ou serviços. Ele era administrado pelo órgão e havia a cobrança de R$ 1,50 pelo cartão de estacionamento, válido por duas horas.

Após a sua extinção, em 2020, um processo licitatório foi iniciado para a execução de um novo projeto. Segundo a Semob-JP, a capital possuía duas mil vagas e 30 logradouros com vagas da Zona Azul.

Entre os pontos de maior movimento de veículos, estão o Parque Sólon de Lucena, Rua Santo Elias, Rua 13 de Maio, Praça Venâncio Neiva, Praça João Pessoa, Praça 1817, Rua Visconde de Pelotas, Praça Rio Branco, Rua Duque de Caxias, Rua General Osório, Rua da República, Rua Maciel Pinheiro, Rua Barão do Abiaí e Rua Beaurepaire Rohan. Além do centro da cidade, a Avenida Dom Pedro II e Avenida Epitácio Pessoa também fazem parte dos pontos inseridos no sistema Zona Azul.

Com isso, a Semob-JP lançou em maio de 2021 um edital de chamamento público para empresas que tivessem interesse em prestar serviços relacionados à implantação, administração e modernização da nova Zona Azul. Na época, o objetivo era implantar um sistema no centro da cidade, expandindo para outras áreas.

A proposta incluía um sistema eletrônico informatizado para o controle de uso das vagas de estacionamentos rotativos. A previsão inicial era que a Zona Azul retornasse até o final do primeiro trimestre de 2022 com seis mil vagas.

O sistema seria implantado, também, na Avenida Josefa Taveira, em Mangabeira, na orla de Tambaú e nas proximidades do Mercado Central, no centro. No caso do centro e na zona comercial de Mangabeira seriam cobrados R$ 3 por duas horas de estacionamento. Já na orla, a cobrança de R$ 3 por cinco horas de estacionamento.

Em outubro do ano passado, o superintendente de Mobilidade Urbana da capital, Expedito Leite, informou que esse estacionamento estava envolvido em um processo iniciado ainda em 2021, cuja proposta estava em análise no Tribunal de Contas. A Semob-JP ainda não havia chegado a fase de contratação.

Até o fechamento desta reportagem, o superintendente da Semob-JP ainda não havia respondido ao Jornal A União sobre as atualizações relacionadas ao processo.

*Matéria publicada na edição impressa de 30 de março de 2023.