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Inverno chuvoso

População teme invasão do rio

publicado: 21/06/2024 09h07, última modificação: 21/06/2024 09h07
Possibilidade de inundações deixa as 11 comunidades ribeirinhas de João Pessoa em alerta constante
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Quando chove muito, o Rio Jaguaribe extravasa e entra nas casas dos moradores, que perdem seus bens e correm riscos | Foto: Leonardo Ariel

por Anderson Lima*

Com a chegada do inverno, vêm as fortes chuvas. Em períodos assim, o medo da população que vive em áreas de risco aumenta. Um exemplo disso são os moradores que ladeiam o Rio Jaguaribe, em João Pessoa, que tem 21 km de extensão — incluindo os 5,5 km referentes ao trecho conhecido como “rio morto”. A reportagem de A União esteve no bairro São José, em Manaíra, e no Porto do Capim, no Centro, para conversar sobre esse tema com as comunidades ribeirinhas.

Para a moradora Rosa Paula da Silva, que reside há muito tempo na comunidade São José, o rio e as chuvas não são as suas únicas fontes de preocupação; a barreira também lhe tira o sono. A sua casa foi levada por um deslizamento, há alguns anos, e ela teve de passar um tempo morando em um ginásio escolar. “Aqui, depois de muita chuva, o rio subiu e inundou a minha casa, á água chegou a bater no meu joelho. Outras vezes, o rio sobe, mas não chega a entrar em casa, embora deixe a rua completamente alagada”, contou.

Outra moradora do bairro, Ângela Maria dos Santos, que trabalha com reciclagem, disse que a sua casa não está tão perto do rio, mas que já presenciou várias enchentes, com água entrando nas casas mais próximas. “Eu fico muito apreensiva, sabe? Quando ele invade as casas, destrói tudo, e depois aparecem insetos e doenças. Antigamente, eu via muita coisa ser jogada dentro do rio, de sofá a guarda-roupa. Então, isso prejudicava muito. Ainda bem que não estão mais fazendo isso. É preciso limpar o rio, para ver se ele vive novamente, porque ele está morto”, lamentou.

De acordo com a Defesa Civil de João Pessoa, a nascente do Rio Jaguaribe se situa ao sul da malha urbana, nas proximidades da comunidade Boa Esperança, e depois segue em direção à planície costeira, permeando a cidade. O seu percurso serpenteia pelos bairros de Cruz das Armas, Varjão, Jaguaribe, Castelo Branco, Manaíra, Tambaú, Bessa e Miramar, além das comunidades São Geraldo, São Rafael, Padre Hildon Bandeira, Tito Silva, São José e Chatuba. Parte do seu curso passa pelo Jardim Botânico de João Pessoa, que é uma área de proteção permanente de Mata Atlântica.

Cuidados
Como prevenção, Defesa Civil recomenda que moradores não descartem lixo nos rios, preservem a vegetação nativa e mantenham a limpeza das margens, entre outras medidas

Além das comunidades ribeirinhas já citadas, há ainda as de Riacho/Riachinho, Beira da Linha, Nova República e Porto de João Tota. Em todas elas, a população é tomada pelo medo, quando as chuvas são intensas.

A Defesa Civil recomenda que os moradores descartem o lixo corretamente, em vez de jogá-los diretamente no rio ou nas suas margens, além de manter a limpeza do seu entorno, preservar a vegetação nativa e evitar o despejo irregular de esgoto doméstico, entre outras medidas. Por estar quase dentro do perímetro urbano, o rio sofre com a descarga de poluentes e lixo.

Residente há 47 anos no Porto do Capim, no Centro de João Pessoa, Gislaine de Kátia Silva Barreto disse que gosta de morar na região. Por estar em uma casa um pouco mais afastada do rio, ela não sofreu com inundações, mas já viu isso acontecer muitas vezes com outras pessoas. “Ainda bem que nunca aconteceu comigo, mas é preocupante. Aqui alaga tudo, quando chove muito”, ressalta.

Alerta

Em casos de chuvas intensas, os moradores que residem em áreas com histórico de alagamentos ou inundações devem procurar abrigo em local seguro e entrar em contato com a Defesa Civil. É importante que a população não tente atravessar áreas alagadas a pé ou de carro. Além disso, faz-se necessário que os moradores acompanhem as atualizações da Defesa Civil e estejam cientes das condições dos rios próximos. O número para contato com a Defesa Civil de João Pessoa-PB é (83) 98831-6885 (também é WhatsApp).

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 21 de junho de 2024.