O Nordeste brasileiro já registrou 118 abalos sísmicos entre os meses de janeiro e junho deste ano. A região possui a maior incidência de eventos do gênero no país, com destaque para o Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco. Na Paraíba, porém, somente um abalo foi registrado durante o período: foi no município de Brejo do Cruz, em 27 de janeiro. As informações são do Laboratório Sismológico (LabSis) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Falhas
De acordo com especialista, Paraíba teve maior incidência de tremores no passado, mas processo de falhas geológicas pode estar “adormecido”
Segundo o geofísico Eduardo Menezes, membro do LabSis, a ocorrência desses tremores é natural. “Eles se dão por pressões no interior da Terra, onde existem essas falhas geológicas, que, ao se movimentarem, geram esses tremores, que são observados, sentidos pela população nessas regiões. Isso é um fenômeno da natureza baseado no próprio mecanismo da Terra. Muita gente o associa às placas tectônicas, mas, na realidade, esses eventos ocorrem no meio da placa”, explica o especialista.
Questionado sobre a baixa incidência de tremores na Paraíba, que se encontra entre dois dos estados nordestinos com a maior incidência desse tipo de evento (Rio Grande do Norte e Pernambuco), Menezes enfatiza: “A geologia que é apresentada nas feições das rochas em superfície [na Paraíba] mostra que já ocorreram tremores no passado. Mas isso pode estar ‘adormecido’ há milhões de anos. Nas outras regiões, os processos ainda continuam e devem demorar muito”.
Com o objetivo de detectar os abalos sísmicos ocorridos no Nordeste, o LabSis, criado na década de 1970 e vinculado ao Departamento de Geofísica da UFRN, conta com estações de monitoramento em todos os estados da região. A unidade paraibana encontra-se no município de Livramento.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 21 de junho de 2024.