A popularização da ciência é o objetivo do projeto PraCiência na Praça, lançado oficialmente na manhã de ontem, na Praça do Povo do Espaço Cultural, em João Pessoa. A ação, cujo nome resulta da soma das palavras “praça” e “ciência”, é promovida pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties). Os biomas e as mudanças climáticas são os temas desta primeira exposição, formada por painéis que tiveram a curadoria do Departamento de Sistemática e Ecologia da UFPB — os quais o visitante observa ao som de pássaros da Caatinga e da Mata Atlântica. A mostra continua até hoje, das 8h às 17h, com entrada franca.
“Mostras desse tipo são para fazer com que um público heterogêneo possa ter uma forma de convergência em prol da defesa da ciência”, afirma Claudio Furtado, secretário da Secties, que abriu o evento. “Desde crianças do Ensino Fundamental, que estão tendo contato com o tema pela primeira vez, a alunos do Ensino Médio, que já têm mais conhecimento, além de pessoas com certa formação no tema”, acrescenta.
Para Rubens Freire, secretário-executivo da mesma pasta, a ideia do PraCiência é mostrar a “ciência na praça” e apresentar o conhecimento de forma interativa e agradável, em ambientes onde a população circula. “Em João Pessoa, por exemplo, há vários locais onde nós podemos fazer isso. E é nossa intenção dar continuidade. Essa não é uma ideia nova, é universal: fazer mostras, museus itinerantes, ambientes itinerantes”, diz.
A proposta do PraCiência vai além do conhecimento acerca de sustentabilidade e dos biomas em si, pois, a partir da exposição, a população também é apresentada ao que tem sido produzido dentro das universidades. “Pessoas que não são da universidade vêm visitar a gente. É uma forma de mostrar que tipo de pesquisa produzimos e qual a sua importância para o cotidiano de todos”, diz Gabriela Fernanda, estudante de Licenciatura em Ciências Biológicas, que está na equipe de expositores do evento.
Essa afirmação se confirma no público. Para Ramon Marques, que é da área da Ciência da Computação, a exposição é muito interessante e informativa. “É bom conhecer um pouco mais da nossa fauna e da nossa flora, saber que perigos estão correndo e como a gente pode melhorar isso. Eu, que sou de outra área, posso conhecer mais e entender melhor”, observa.
Incentivo
Fomentado por uma chamada pública do Ministério da Ciência, Tecnologia, e Inovação (MCTI), o projeto se pauta em dois temas principais: “Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável” e “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais”. Está dividido em dois momentos: PraCiência na Praça, com exposição de atividades científicas, e PraCiência LAB, com visitas mediadas a museus, laboratórios e espaços de divulgação científica.
As visitas são agendadas por um professor responsável por meio de um formulário on-line (vide QR code) e podem ser realizadas em sete polos pelo estado: Areia, Campina Grande, João Pessoa, Patos, Rio Tinto, Sousa e Sumé, em laboratórios e museus dos campi de universidades localizados nessas cidades ou no Vale dos Dinossauros, em Sousa.
Percurso emocional
“A ideia principal da exposição é que ela é um percurso. E é um percurso que tem de trabalhar as emoções”, conta Pedro Estrela, professor do Departamento de Sistemática e Ecologia da UFPB. Ele faz parte da equipe de curadoria e trabalhou o conteúdo científico e a organização dessas informações nos painéis expostos na Praça do Povo. “No ambiente em que a gente vive atualmente, muito polarizado politicamente, as pessoas são mais motivadas pelas emoções do que pelos fatos. Então, a gente tentou trabalhar as informações científicas, o que normalmente é feito de maneira muito racional, de forma mais emocional”, conta.
Assim, os painéis sobre a Caatinga e a Mata Atlântica começam com uma mensagem positiva, falando sobre a diversidade desses biomas, em um setor de cor verde. Logo em seguida, o trajeto passa pelas ameaças que pairam sobre esses biomas — é o setor vermelho. “É importante que as pessoas que venham à exposição consigam entender quais são essas ameaças e as dimensões delas”, diz.
No terceiro setor, de cor azul, estão as iniciativas de restauração e conservação, encerrando a mostra com um lado positivo. “Muitas vezes, são políticas públicas, projetos. Essa parte mostra para os visitantes que há pessoas mobilizadas, conseguindo restaurar ecossistemas como nascentes, salvar espécies da extinção”, continua o professor. As informações, de acordo com ele, são atualizadas e narradas de modo acessível. A ideia é que a mostra depois seja exposta em outros pontos de João Pessoa.
Professor, acesse aqui para agendar visitas do PraCiência LAB
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 30 de julho de 2024.