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Produtos como tomate, café e óleo subiram mais que a inflação da cesta básica

Preço dos alimentos assusta consumidor e segue em alta

publicado: 04/05/2022 09h07, última modificação: 04/05/2022 09h07
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Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil

por Thadeu Rodrigues*

O custo médio da cesta básica em João Pessoa, no mês de abril deste ano, foi de R$ 566,82, o que corresponde a um aumento de 18,67%, em comparação com o mesmo período de 2021 (R$ 477,66). Os dados são da Pesquisa do Laboratório de Inteligência Artificial e Macroeconomia Computacional (Labimec) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Para continuar se alimentando, as famílias têm modificado os hábitos de compra. Fazer feira no meio da semana e à noite pode ter um impacto positivo na hora de pagar a conta, sobretudo, em um contexto econômico que demonstra a continuidade da tendência de alta dos alimentos.

O tomate foi o produto com o maior aumento de preços (117,87%), em apenas um ano. Contudo, conforme o professor da UFPB e um dos responsáveis pela pesquisa, Cássio da Nóbrega, o produto com maior impacto no orçamento é a carne bovina, que aumentou 10,38%. Para tentar driblar a constante alta de preços, ele orienta a substituição de itens da cesta básica.

“Neste momento desafiador, é preciso substituir itens por outros de mesmas características. No caso da carne bovina, ela pode ser substituída por frango ou ovos, por exemplo. Outra medida é fazer as compras na quarta-feira, que é o dia mais barato”, afirma Cássio da Nóbrega. Segundo ele, os alimentos são menos caros quando adquiridos à noite e ao final do mês. A pesquisa de cesta básica do Labimec é realizada diariamente sobre os preços de 20 supermercados.

A vendedora de cosméticos, Miriam Noronha, já está adotando algumas dessas medidas. Ela conta que já não frequenta mais o supermercado onde comprava alimentos. “Eu pesquiso mais e vou aonde os produtos estão mais baratos. Já troquei as marcas dos alimentos e substituí a carne bovina por frango e linguiça, em vários dias da semana. A gente precisa se adaptar porque nossos rendimentos não aumentam como os custos da feira”, comenta Miriam Noronha.

Tendência 

Conforme o economista Cássio da Nóbrega, os preços dos alimentos da cesta básica devem continuar subindo, impactando itens como café, açúcar e óleo. “Temos verificado essa tendência de alta, que deve se manter nos próximos meses. O Brasil é um país agroexportador e o crescimento das exportações faz com que os preços dos alimentos no mercado interno sigam subindo”, explica ele.

A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), evidencia essa tendência de alta de preços. Apenas no acumulado de janeiro a março deste ano, o custo da cesta básica de João Pessoa teve a maior alta entre as capitais do Nordeste, com índice de 11,16%. O crescimento foi o quinto maior entre as 17 capitais pesquisadas.

O aumento de preços teve forte impacto no início deste ano, considerando que, no acumulado dos últimos 12 meses, o crescimento do custo da cesta básica na capital paraibana foi 18,67%, segundo o Dieese. O índice é o 12o maior entre as localidades pesquisadas. O custo da cesta básica em João Pessoa, no mês de março deste ano, foi de R$ 567,84, com um crescimento de 3,37% sobre o mês anterior. A pesquisa do mês de abril deve ser divulgada nos próximos dias.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 4 de maio de 2022