No próximo domingo (3), começa o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024. Neste primeiro dia de provas — o segundo será no dia 10 —, os candidatos terão de responder 90 questões de Linguagens e Ciências Humanas, além de fazer a temida redação. Para esta última, muitos alunos vêm se preparando o ano inteiro, com aulas extras, treinamento da escrita, leitura e correção de suas redações anteriores, além da preocupação em conhecer possíveis temas que possam cair na prova. Em João Pessoa, cursinhos oferecem aulas específicas para que os candidatos alcancem a tão sonhada nota mil na avaliação, o que é uma forma de se destacar no exame e aumentar a média final.
A Habilis é um desses espaços, na capital paraibana. Além do ensino regular, a escola também oferece um cursinho preparatório para as provas do Enem, denominado extensivo, no qual os alunos podem ter um reforço nas disciplinas que serão cobradas no certame. O aluno pode, ainda, fazer matérias isoladas, o que lhe permite focar em áreas nas quais sente mais dificuldade ou potencializar um desempenho que já é bom, mas pode ficar ainda melhor — e, com isso, aumentar a sua nota, como é o caso da redação.
"É preciso se preocupar com os eixos estruturantes do texto. Se o aluno estudou isso, ele vai se dar bem"
- Arthur Lira
O professor Arthur Lira, que dá aulas de redação na Habilis, conta que os alunos trabalharam a escrita durante todo o ano, com mais de 40 redações escritas, corrigidas e orientadas. Segundo ele, nesta reta final, há uma ansiedade em saber o tema que vai cair na prova, mas esse fator não é decisivo para um bom desempenho. “Dos mil pontos da redação, a parte referente à estrutura da língua, ao conhecimento da gramática, vale 600. Os alunos ficam preocupados com o tema que pode cair, buscando possíveis argumentos, mas acabam tirando 940 ou 960 pontos — e os pontos que ele vai perder estão relacionados à norma padrão, estão na estrutura do texto”, diz ele, que há 10 anos trabalha nessa área.
Por essa razão, o professor reforça a dica que sempre dá aos seus alunos: revisar a estrutura do texto, o que cada parte tem de conter. Ou seja, os alunos devem conferir os principais equívocos cometidos e atentar para tópicos da norma padrão da língua portuguesa, como o uso de crase, vírgula, concordâncias e regências, além da colocação adequada dos conectivos e da atenção à progressão textual. “É preciso saber o que é uma tese, uma argumentação, uma justificativa, saber como marcar opinião… Enfim, é preciso se preocupar com os eixos estruturantes do texto. Se o aluno estudou isso, ele vai se dar bem na redação, independentemente do tema”, ressalta.
Segundo Arthur, a melhor forma de se fazer essa revisão é a partir dos próprios textos, vendo como ele pode ser aprimorado. “Até domingo, não é possível revisar tudo sobre as regras gramaticais, então, o importante é focar nos erros mais comuns e estudar para não mais cometê-los”, orienta. Sobre o tema, ele lembra que, nos últimos dois anos, o Enem vem focando em minorias e direitos sociais. “Ele pode continuar por esse caminho, mas também são possíveis temas como meio ambiente e problemas urbanos. Minha aposta, no entanto, é em um tema que trate de tecnologia e comportamento humano, como inteligência artificial, apostas esportivas on-line ou letramento digital”, observa.
Confiança
A aluna Clara Letícia Nascimento de Almeida, 20 anos, diz que a preparação para a redação do Enem foi mais cansativa no início do ano, mas que hoje se sente mais preparada. “Agora está mais fácil, tanto a produção quanto as correções. Tivemos uma preparação muito boa. Eu me sinto mais confiante, como se o nervosismo não existisse mais”, afirma. Já para o aluno Rafael Araújo, de 18 anos, a ansiedade é inevitável, nesta reta final. Mesmo assim, ele se sente confiante, devido à preparação que fez, ao longo do ano. “Além do extensivo, eu também faço a preparação isolada com o professor, então, escrevo redações toda semana. Além disso, tive mais aulas e trabalhei os temas que ele indicou”, destaca. Às vésperas do exame, ele tem se dedicado assistir a filmes, conversar com os amigos e jogar, no intuito de reduzir a carga de estudos. “A tensão em excesso pode atrapalhar na hora das provas”, argumenta.
"Tivemos uma preparação muito boa. Eu me sinto mais confiante, é como se o nervosismo não existisse mais"
- Clara de Almeida
Arthur defende que diminuir o ritmo, durante essa etapa, é essencial. Ou seja, estudar como antes, quando as escolas realizavam aqueles aulões de véspera, vai apenas aumentar a ansiedade dos candidatos e deixá-los cansados — além de levá-los a focar nas apostas dos professores daquelas últimas aulas, que não serão, necessariamente, os assuntos que vão cair. “Na véspera, a dica é tentar relaxar, fazer uma caminhada, jantar com a família, fazer atividades que deem prazer. Pensar na prova não influencia no desempenho”, afirma.
O professor também chama a atenção para as cobranças (muitas delas, oriundas do próprio aluno). “O grande problema, de fato, é a ansiedade. O aluno se cobra muito. Por isso, é importante que ele esteja ciente da relação entre a oportunidade e o esforço e não se exija além daquilo que teve a oportunidade de estudar. Além disso, se não der certo, a vida não se acaba depois do Enem. Nada impede o aluno de melhorar e, no próximo ano, tentar o exame novamente”, destaca.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 30 de outubro de 2024.