O Passarinhando no Jabre, evento anual de observação das aves, vai realizar a sua décima edição, de 9 a 11 de junho. Organizado pelo Casarão do Jabre, o evento acontece no Parque Estadual Pico do Jabre, situado no município de Maturéia, no Sertão paraibano, este lugar da natureza, onde a Caatinga se junta à Mata Atlântica. Por isso, a região apresenta bastante umidade com uma vegetação diferenciada, além de uma grande diversidade de aves desses dois biomas. A expectativa de público é de 50 pessoas.
O evento é voltado para observadores de aves, sejam amadores, profissionais ou amantes da natureza. As inscrições podem ser realizadas através do link disponível na bio do Instagram @passarinhandonojabre. Nele há opções de pacotes de hospedagem, que variam entre R$ 395 a R $1.090, mas a inscrição sem hospedagem custa R$150.
A região possui muitos jardins e áreas de comedouros. O município de Maturéia é considerado um paraíso para quem gosta de um turismo de experiência, tanto por ser um dos melhores locais a céu aberto para observar objetos astronômicos no Brasil, como também pela observação de aves. Os principais motivos que levam Maturéia a ser um potencial turístico, segundo o guia de observação de vida selvagem e ornitólogo (especialista em aves), Wylde Vieira, estão associados ao clima e a sua formação geológica.
“Em Maturéia encontra-se o Pico do Jabre, sendo o ponto mais alto do estado da Paraíba e um dos mais altos do Nordeste. Essa área tem uma estrutura geológica extremamente particular, uma vegetação característica que sustenta algumas espécies que ocorrem, também, em áreas do litoral paraibano. A umidade e altitude do local fazem com que a vegetação tenha uma característica da Mata Atlântica, com uma densidade florestal muito aparente”, explanou.
Wylde Vieira ressalta a importância deste evento para fomentar a preservação das aves como também estimular o conhecimento sobre a espécie de aves. “Um dos objetivos do Passarinhando no Jabre é estimular a consciência ambiental através do conhecimento da espécie. Qual o horário que ele aparece na mata? de que se alimenta? está em extinção? Tudo isso proporciona um conhecimento que estimula a preservação na população”, frisou.
Observação
As aves são os animais mais facilmente vistos numa atividade de observação. A ornitóloga Andreza Amaral cita algumas espécies que a região do Jabre abriga, inclusive, as espécies ameaçadas de extinção. “Uma espécie considerada vulnerável é o jacu (Penelope Jacucaca. Abriga também espécies migratórias da América do Sul, como a guaracava (Elaenia Chilensis), o bigodinho (Sporophila Lineola) e a Juruviara (Vireo Chivi), além do papa-lagarta (Coccyzus Melacoryphus), do golinha (Sporophila Albogularis) e de algumas pombas que fazem pequenas migrações locais. É possível que o viajante norte-americano falcão-peregrino (Falco Peregrinus) também faça uso temporário das serras, partilhando espaço e alimento com sua colega residente, a águia-serrana (Geranoaetus Melanoleucus)”, citou.
Iniciativa gera renda a moradores e movimenta cadeia produtiva local
O também ornitólogo Wylde Vieira acrescenta algumas espécies residentes na região: garrinchão-de-bico-grande (Cantorchilus Longirostris); caburé-acanelado (Aegolius Harisii), tiê- caburé(Compsotharaups Loricata), formigueiro-de- barriga- preta( Formicivora Melanogaster) e alma-de-gato (Piaya Cayana). Já as aves migratórias predominantes são: caneleiro-de-chapéu-preto (Pachyramphus Validos), caneleiro-enxofre (Casiornis Fuscus), Euscarthmus Melorhiphus (barulhento), papa-lagarta-acanelado (Coccyzus Melacorhyphus).
O guia de observação de aves, Wyne Vieira destaca que o Passarinhando no Jabre fomenta o turismo ecológico como também a geração de renda. “Esse evento aquece a economia local, uma vez que os turistas se hospedam nas pousadas e gastam com alimentação e artesanato. As pessoas usufruem do evento, mas também aquecem a economia da comunidade local”, concluiu.
- Papa-lagarta acanelado
Esta diversidade deve-se a sua composição singular de brejo de altitude, que mescla testemunhos de Mata Atlântica e Caatinga, considerada por alguns como um tipo de fronteira entre os dois biomas. Daí, sua importância conservacionista ainda mais relevante!
Hospedagem
A hospedagem de duas diárias com inscrição inclusa se divide em três categorias: camping (R$ 395), alojamento(R$495) e apartamento individual (R$ 705) ou duplo (R$ 970), a opção de cama extra acrescenta R$ 385 no valor da opção apartamento. A opção chalé grande custa R$ 1.090.
Está incluso no valor da inscrição: Guias de Birdwatching, acesso aos comedouros, atividades de observação de aves durante o evento, assistência de fotografia, palestras, apresentação cultural, camisa, bolsa do evento, brindes e certificado.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 25 de abril de 2023.