A edição deste ano do Grito dos Excluídos, que celebra os 30 anos de existência do movimento, terá como tema “Vida em Primeiro Lugar!” e o lema “Todas as formas de vida importam! Mas quem se importa?”. Diferentemente de anos anteriores, quando o protesto ocorreu em 7 de setembro, feriado da Independência do Brasil, em 2024, ele acontece, em João Pessoa, um dia depois da data: será no próximo domingo (8), a partir das 8h, na comunidade Ricardo Brindeiro, localizada no bairro Portal do Sol. A mudança se deu por decisão da diretoria do movimento e da própria comunidade.
Em sua programação, o evento — que espera reunir cerca de 500 pessoas na capital — começará oferecendo um café da manhã, após o qual os líderes do movimento apresentarão o programa Agentes de Educação Popular em Saúde. Executada pelo Ministério da Saúde, em parceria com movimentos sociais populares, a iniciativa do Governo Federal tem o objetivo de formar uma rede nacional de agentes de promoção da saúde.
Conforme Gleydson Melo, coordenador do Grito dos Excluídos de João Pessoa, o programa, cujo lançamento local está previsto para o fim do mês, funciona como um esforço de vigilância e cuidado voluntários, feito por integrantes da própria comunidade. “Os educadores populares vão realizar uma formação de seis meses, com 20 pessoas da comunidade. É preciso empoderar essas pessoas em relação aos seus direitos e ao exercício da cidadania, para que tenham autonomia de cobrar o Poder Público”, destaca.
Estarão presentes no evento membros de várias iniciativas, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento Brasil Popular (MBP), Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), Marcha Mundial das Mulheres (MMM) e Levante Popular da Juventude (LPJ), além da Defensoria Pública da Paraíba (DPE-PB) e do Observatório das Metrópoles, vinculado à Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Durante o evento, está prevista uma apresentação do programa social Agentes de Educação Popular em Saúde
Visibilidade
O Grito dos Excluídos é formado por um conjunto de manifestações populares que ocorrem no Brasil desde 1994, ao longo da chamada Semana da Pátria, culminando no Dia da Independência do país. Por meio dos protestos, os movimentos buscam dar visibilidade a parcelas da população consideradas negligenciadas pelo Poder Público, fazendo denúncias e reivindicações e propondo novos caminhos para promover uma sociedade brasileira mais inclusiva.
O coordenador do Grito dos Excluídos na capital defende que a mobilização representa uma contraposição crítica ao relato histórico da Independência do Brasil, protagonizado, em 1822, pelo então príncipe regente Dom Pedro I. “O grito da independência nunca aconteceu, mas a história foi contada dessa forma. A independência do Brasil foi passada de Dom Pedro I para o filho, não foi uma emancipação do povo brasileiro. Portanto, é preciso recontar a história a partir dessa perspectiva”, enfatiza Gleydson.
Campina Grande
A programação campinense do Grito dos Excluídos começa já na próxima quinta-feira (5), às 19h, com o Ofício Divino das Comunidades na Capela Cristo Rei, situada no bairro do Catolé. Em seguida, será realizada, na praça localizada em frente à capela, uma roda de conversa sobre os 30 anos do movimento e os desafios de sua luta por justiça social e ambiental. Finalmente, no feriado da Independência, o ato principal do Grito dos Excluídos campinense começa às 9h da manhã, na Praça Clementino Procópio, Centro da cidade.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 03 de setembro de 2024.