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Recadastramento biométrico de deficientes está suspenso

publicado: 30/11/2017 20h05, última modificação: 30/11/2017 20h44
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Motoristas serão qualificados pelo Sintur-JP para atender o deficiente - Foto: Edson Matos

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José Alves

O recadastramento biométrico de pessoas com deficiência para continuar tendo gratuidade no sistema de transporte público de João Pessoa foi suspenso temporariamente porque os motoristas não estão devidamente orientados para atender aos deficientes. Segundo explicações da presidente da Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência (Funad), Simone Jordão, a biometria vinha sendo feita normalmente, mas depois que o órgão começou a receber inúmeras queixas dos usuários, decidiu suspender o recadastramento até que os motoristas sejam qualificados pelo Sintur e se conscientizem que as pessoas com deficiência têm o direito de escolher em que porta deve entrar no ônibus.

Ainda segundo Simone Jordão, o que foi compactuado com o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de João Pessoa (Sintur-JP), foi que quem for cadeirante, ou tenha mobilidade reduzida ou utilize muletas, não iria precisar entrar pela porta da frente, mas talvez por falta de orientação, alguns motoristas começaram a barrar os deficientes que optassem por entrar pela porta do meio. De cerca de 12.500 deficientes existentes na capital, pouco mais de cinco mil já haviam realizado o recadastramento biométrico antes da suspensão.

As pessoas com deficiência visual também reclamam muito a questão da mudança de serem obrigados a entrar pela porta da frente e descer pela porta de trás, porque elas passaram a se sentir desprotegidas ao descer dos ônibus uma vez que perderam o contato com o motorista. Na verdade, elas se sentiram penalizadas com esse sistema e também com medo do ônibus dar uma partida no momento em que estejam descendo. Outra reclamação das pessoas com deficiência visual foi ter que passar na catraca utilizando a biometria.

Mas o que ficou compactuado com o Sintur-JP foi que os motoristas teriam que estar devidamente bem informados sobre o acesso de deficientes visuais, cadeirantes, pessoas com sequelas no membro inferior, ou usuários de muletas. O Sintur garantiu que isso não teria nenhum problema e que todas essas questões seriam socializadas. Em audiência ocorrida no Ministério Público, o Sintur também se comprometeu que não haveria limite de passagem.

Audiência

No próximo dia 6 será realizada uma nova audiência pública no Ministério Público sobre a questão, com a participação de representantes da Funad, Semob, Sintur e de entidades ligadas aos deficientes. O objetivo, segundo Simone, é melhorar a mobilidade das pessoas com deficiência. Ela disse ainda que, mesmo o recadastramento biométrico não tendo sido concluído, a pessoa com deficiência continua tendo acesso ao transporte público com a carteira anterior.

A preocupação de Simone Jordão com os deficientes é para que eles não saiam prejudicados pelo direito de ir e vir nos transportes públicos de João Pessoa, direito que foi adquirido desde o ano de 2002. "Cerca de 80% das pessoas com deficiência têm condições de entrar pela porta da frente dos ônibus, o restante não, mas não cabe ao motorista julgar quem deve entrar ou não pela porta da frente, essa é uma escolha que cabe ao próprio deficiente", alertou Simone.

Sintur-JP

De acordo com o diretor de relações institucionais do Sintur-JP, Isaac Moreira, o recadastramento biométrico das pessoas com deficiência significa uma retualização dos usuários. Ele disse também que haverá um reforço na qualificação e orientação dos motoristas sobre o acesso dos deficientes nos transportes públicos. "O principal objetivo é garantir plenamente o direito ao transporte coletivo, atendendo a antigo pleito das pessoas com deficiência, conferindo-lhes autonomia e cidadania”, explicou Isaac Moreira.

Klarquer Soares dos Santos, que tem uma deficiência física no braço esquerdo, utiliza a gratuidade nos transportes públicos da capital há 15 anos. "Minha reclamação com o cadastramento biométrico é que as vezes a biometria funciona e as vezes não. E a gente fica perdendo tempo e atrapalhando os demais usuários, mas tem motorista que libera logo a entrada e outros ficam insistindo para que a biometria funcione, aí atrapalha todo mundo".

Angélica dos Santos, que é deficiente visual, reclamou que algumas vezes, por conta do barulho, o deficiente visual não escuta o som da setinha da biometria mandando o deficiente visual seguir, e isso irrita os deficientes visuais e também as pessoas que estão querendo entrar no ônibus.