por Alexsandra Tavares*
Como se não bastasse o reajuste de 16% registrado na última semana, os consumidores paraibanos podem enfrentar um desabastecimento de gás de cozinha nos próximos dias. A informação é do presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás GLP da Paraíba (Sinregás PB), Marcos Antônio Bezerra. Segundo ele, 60% das cerca de 1.600 revendedoras da Paraíba estão com carência do botijão GLP. Na capital, já houve empresário que ficou com o estoque zerado ontem pela manhã.
Esse foi o caso do empresário Murilo José Ferreira, responsável pela revendedora Max Gás, que começou o dia com 25 botijões cheios, mas logo foram vendidos, ficando com o estoque vazio. Para não desagradar a clientela, o empresário declarou que teve de comprar gás de alguns amigos, também revendedores. “Fiz isso com cerca de 12 clientes que me procuraram quando meu estoque estava zerado. Comprei o gás dos colegas e vendi para os clientes, sem qualquer alteração de preço. Isso é importante para manter a fidelidade do comprador. A gente leva mais de dois anos para conquistar um consumidor, e pode perdê-lo em um minuto”, contou.
A expectativa do empresário era que o produto chegasse até o final da tarde de ontem. “A distribuidora disse que ia chegar hoje à tarde, mas se não vier, a situação vai se complicar. Vou ter de pegar gás emprestado dos colegas”.
O presidente do Sinregás-PB, Marcos Bezerra, afirmou que o problema do desabastecimento está ocorrendo porque houve o atraso de um navio que vem do Porto de Suape, em Pernambuco, que era para ter chegado na quinta-feira passada. “A previsão é que chegue hoje (ontem) em Pernambuco, mas mesmo se isso acontecer, vai levar uns dois dias para se certificar o produto e esse gás só deverá chegar na Paraíba na quarta-feira (amanhã)”, afirmou.
Marcos Bezerra acrescentou que, como várias revendedoras estão aguardando o gás GLP, um único navio não será suficiente para atender toda a demanda. “Seria preciso pelo menos mais outro navio para normalizar. Por isso, não descartamos que possa faltar gás durante alguns dias”.
A reportagem entrou em contato com o Porto de Suape para saber o motivo do atraso da chegada do navio, mas a informação da assessoria de imprensa foi de que Suape não fala em nome das empresas distribuidoras. A Petrobrás também foi procurada, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 15 de março de 2022