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GEODIVERSIDADE

Riquezas da cidade de Sousa

publicado: 07/03/2023 11h54, última modificação: 07/03/2023 12h53
Sítio paleontológico atrai turistas e estudiosos do mundo. Município tem forte vocação para economia e eventos
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Foto: Arquivo/Secretaria de Turismo de Sousa
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Fotos: Arquivo/Secretaria de Turismo de Sousa
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Foto: Arquivo/Secretaria de Turismo de Sousa
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Foto: Arquivo/Secretaria de Turismo de Sousa
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Foto: Arquivo/Secretaria de Turismo de Sousa
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Pegadas dos dinossauros compõem atrativo turístico da PB. Foto: Arquivo/Secretaria de Turismo de Sousa
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por Ítalo Arruda*

O município de Sousa, localizado a cerca de 430 quilômetros de João Pessoa, é um importante polo econômico e cultural do Sertão paraibano. Com aproximadamente 70 mil habitantes, conforme a população estimada, em 2021, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –, a cidade é a maior da região. Uma das principais características do município é a riqueza paleontológica, cujas histórias e paisagens atraem visitantes e turistas de vários lugares do país.

Um dos pontos mais conhecidos e frequentados da cidade de Sousa é o Monumento Natural Vale dos Dinossauros – uma Unidade de Conservação (UC) com 40 hectares de extensão e mais de 20 sítios arqueológicos, na qual foram localizadas as primeiras pegadas de dinossauros do país. O espaço foi criado, em 2002, pelo Governo do Estado e movimenta, em média, dois mil visitantes por mês, chegando a dobrar este número nos meses de férias escolares (julho, dezembro e janeiro).

De acordo com o secretário municipal de Turismo, Fernando Macena, o local concentra o maior fluxo turístico da região, “atraindo estudantes, pesquisadores e a população em geral, principalmente, crianças, para conhecer um pouco da história paleontológica que é contada pelo registro das pegadas e fósseis de diversas espécies de dinossauros”. Segundo alguns estudos realizados por paleontólogos, foram encontradas cerca de 50 tipos de pegadas de animais que viveram no território sousense durante o período da pré-história, sendo alguns fósseis com datação de 120 milhões de anos.

Esta, no entanto, não é a única atividade turística. Sousa também é conhecida pelas festas populares e pelos eventos religiosos que são realizados ao longo do ano. O monumento em homenagem a Frei Damião, por exemplo – um dos primeiros a retratar o líder religioso que peregrinou por vários municípios do estado nas últimas décadas do século 20 –, é bastante frequentado por fiéis e romeiros não só da Paraíba, mas também de outros lugares do Nordeste e do Brasil. A estátua fica distante pouco mais de seis quilômetros do Centro da cidade e possui uma estatura de seis metros e meio de altura.

“Além disso, contamos com uma confortável rede de hotelaria, turismo gastronômico com excelentes bares e restaurantes, tanto na zona urbana quanto na zona rural, como os que rodeiam o principal manancial de águas, o Açude de São Gonçalo, e que oferecem bons serviços aos turistas, que podem contemplar toda a nossa beleza paisagística”, ressaltou Fernando Macena.

Para o turismólogo e servidor técnico da Secretaria de Turismo de Sousa, Silvonetto Oliveira, a região é um território marcado por um enorme potencial turístico que pode impactar positivamente a economia, gerando emprego e renda, e possibilitando a melhoria da qualidade de vida da população local. Além disso, segundo Silvonetto, “a biodiversidade da Caatinga sertaneja e, principalmente, a geodiversidade do território, formam um conjunto singular de atrativos naturais que contam, além da história da cidade, a história do planeta e representam verdadeiros ativos para a promoção do geoturismo na Paraíba”.

Potencial em várias atividades produtivas

Prestes a completar 169 anos, o município de Sousa foi politicamente emancipado em 10 de julho de 1854. Entretanto, conforme alguns registros históricos, a origem do território no qual a cidade está localizada se deu ainda no século 18, às margens do Rio do Peixe, e foi protagonizada por colonos oriundos de estados como Bahia, Pernambuco e São Paulo, que construíram uma vila para abrigar os indígenas que viviam ali.

Aos poucos, o vilarejo foi se transformando em um povoado e, por volta dos anos 1730, um dos grandes proprietários de terra da época, conhecido como Bento Freire de Sousa, conseguiu a concessão de uma sesmaria (lote de terras) denominada de Nossa Senhora dos Remédios, nome dado à padroeira e à primeira capela erguida na cidade (atual Igreja do Rosário dos Pretos).

A Festa da Padroeira é um dos eventos mais importantes da cidade e acontece no início de setembro, sendo o dia 8 dedicado à celebração da santa. Durante as festividades, além dos próprios moradores, a “Cidade Sorriso” também abre suas portas para moradores da circunvizinhança, que lotam as ruas para comemorar a festa junto com a população sousense.

Economia
A economia de Sousa se desenvolve, principalmente, a partir do comércio, agricultura e pecuária. Somente em 2021, conforme dados do IBGE, o município arrecadou R$ 3,4 milhões com a produção de 1.275 toneladas de algodão herbáceo (que tem como principal produto a fibra), ocupando o primeiro lugar no ranking estadual. Nos últimos três anos a cidade liderou a produção do fruto em todo o território paraibano.

Além disso, há uma forte presença da produção de laticínios e de coco, o que já rendeu ao município o título de um dos maiores produtores do fruto do Nordeste. Contudo, a forte seca que atingiu o estado em meados de 2018 prejudicou o cultivo e muitos agricultores sofreram com os impactos da estiagem.

O secretário Fernando Macena acredita que esta posição no cenário regional pode ser recuperada, tendo em vista a segurança hídrica com a qual o município vem operando. “Com a chegada das águas do Rio São Francisco, que pereniza em nosso manancial, a tendência da retomada das plantações de coco, como também de outras culturas agrícolas, é gradativa e proveitosa”.

Ainda segundo Macena, “brevemente, Sousa voltará a ser destaque nacional pela produção da melhor água de coco, levando o nome da cidade a todo o cenário comercial, e retomando o desenvolvimento econômico nas regiões que foram mais afetadas em períodos de estiagem passadas”.

Receptividade
O município de Sousa é tão encantador que até quem não é natural de lá, se sente como se fosse. É o caso do advogado Cláudio Diniz, que há 35 anos mora em Sousa. Nascido em Conceição, no Vale do Piancó, Alto Sertão paraibano, ele afirma que o “sorriso” da cidade se estende a todos que ali chegam.

“Sousa é uma cidade muito acolhedora. Aqui, constituí família e construí boas relações pessoais. É uma cidade que forja homens e mulheres com coragem, capazes de galgar as mais destacadas posições na sociedade”, destacou. “A ela e ao seu povo, toda a nossa homenagem”, declarou o advogado, em tom de agradecimento pelo acolhimento que recebeu junto à população.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 5 de março de 2023.