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Entidades realizam ato público, no domingo, em JP, para denunciar matança de jumentos

Risco de extinção

publicado: 23/09/2022 00h00, última modificação: 23/09/2022 12h20
Jumento Foto Canvan.jpg

População de jumentos, animal símbolo da cultura nordestina, caiu de 600 mil para 300 mil devido ao abate - Foto: Foto: Divulgação/Frente Nacional em Defesa dos Jumentos

por Sara Gomes*

 

O jumento, símbolo da cultura nordestina imortalizado na literatura e música, está ameaçado de extinção. Para denunciar este crime ambiental, a Frente Nacional de Defesa dos Jumentos na Paraíba vai realizar junto com a sociedade civil, organizações não-governamentais de proteção animal e ambientalistas, a Manifestação Nacional contra o Abate de Jumentos no Brasil, que acontecerá no domingo, a partir das 16h, no Busto de Tamandaré, em João Pessoa. A mobilização também ocorrerá em outros estados do Brasil.

Segundo informações da Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, o jumento chegou ao Brasil através dos portugueses há cinco séculos e adaptou-se tão bem ao clima semiárido que se tornou símbolo do trabalho pesado no interior nordestino. No entanto, começou a desaparecer após os chineses começarem a utilizar o couro do animal, rico em colágeno, para a produção do Ejiao - uma gelatina usada na medicina e em cosméticos chineses, que movimentou o equivalente a R$ 22 milhões em 2018. Já a carne é um subproduto consumido no norte. Na China, uma peça de pele de jumento é comprada por até US$ 4 mil, equivalente a R$ 16 mil. Já o produto final, uma caixa de Ejiao, custa R$ 750.

A entidade denuncia que desde 2016 acontece o abate desenfreado dos jumentos no Brasil, sem controle ou fiscalização. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de jumentos no Brasil caiu de 600 mil para menos de 300 mil. Os animais são recolhidos de zonas rurais do Nordeste, em grande volume e são abatidos em uma velocidade maior do que sua capacidade de reprodução.

A representante da Frente Nacional de Defesa dos Jumentos da Paraíba, Flávia Paiva, ressalta a importância da sociedade civil comparecer à manifestação para fortalecer o movimento. “O abate de jumentos no Brasil e no mundo é um assunto desconhecido pela população, daí a importância da manifestação. As pessoas precisam saber o que está acontecendo com o jumento brasileiro, pois a pressão popular chama a atenção dos gestores para colocar em prática o que diz a lei”, frisou.

A Frente Nacional de Defesa dos Jumentos conseguiu uma liminar no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) para proibir o abate, porém alguns meses depois ela foi derrubada. Vários outros recursos foram feitos, mas a liminar foi restabelecida somente em fevereiro de 2022. Mesmo com o restabelecimento da decisão e a determinação judicial para suspensão do abate de jumentos no Brasil, o setor continua a matar os animais em três frigoríficos do Estado da Bahia.

A advogada Thaisa Lima, da Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, explica que abatedouros autorizados e clandestinos estão cometendo crime ambiental, pois estão atentando contra a vida de um animal ameaçado de extinção.

O advogado da Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, Yuri Fernandes, afirma que os órgãos fiscalizadores são o Mapa e a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab). “Essa barbaridade está acontecendo porque estes órgãos estão colaborando para que isso aconteça”, denunciou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 23 de setembro de 2022.