por Sara Gomes*
Os recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) seguem coletando informações do Censo 2022 até o dia 31 de outubro. A meta é fazer a contagem de toda a população em quase 1,3 milhão de domicílios estimados na Paraíba. No entanto, durante o processo, eles têm enfrentando dificuldades, pois a população se mostra resistente em fornecer dados pessoais por medo de perder benefícios assistenciais e ou outros fatores, como a confusão com ações relacionadas ao período eleitoral. Para reverter o quadro, o órgão vem desenvolvendo estratégias para que a meta seja alcançada. No final de setembro, será divulgado o segundo balanço da população recenseada na Paraíba em 70 dias de coleta.
Os recenseadores têm encontrado resistência, principalmente em áreas nobres das principais cidades. Em João Pessoa, os bairros do Bessa, Altiplano, Cabo Branco e Tambaú os recenseadores registraram maior dificuldade.
O coordenador de Divulgação do Censo na Paraíba, Jorge Alves, revela alguns fatores que provocaram a resistência em relação a coleta de dados: período eleitoral, deixar de receber benefícios assistenciais, medo de fornecer dados pessoais com receio de golpe, morador ausente e dificuldade em acessar os condomínios.
Para facilitar o acesso dos recenseadores aos condomínios, o IBGE enviou ofícios às administradoras. “Fizemos contato com quatro administradoras de condomínios na Paraíba e elas se dispuseram a ajudar. Pedimos aos síndicos para entrarem em contato com IBGE, solicitando o agendamento da visita dos recenseadores ao prédio”, declarou.
A coincidência do Censo 2022 com o período eleitoral foi outra dificuldade. “As pessoas achavam que era uma pesquisa de caráter eleitoral, pelo fato de o IBGE ser um órgão federal”, disse Jorge Alves. Ele explicou que o IBGE é autônomo, ou seja, realiza a pesquisa de forma fidedigna, independente do presidente da república vigente.
Jorge Alves acrescentou que depois que a imprensa passou a divulgar informações sobre o Censo “os moradores foram bem mais receptivos”.
Outra estratégia foi selecionar recenseadores que vivem em comunidades quilombolas, indígenas e periferias da cidade. “Isso facilitou muito o acesso a locais de difícil acesso. Como eles já são da comunidade, conhecem as pessoas que podem engajar a população a participar da pesquisa”, citou.
Em caso de recusa
O coordenador de divulgação do IBGE, Jorge Alves, explica que os recenseadores são treinados para esclarecer possíveis dúvidas dos moradores, informando que os dados são sigilosos e possuem finalidade apenas estatística.
Em caso de recusa inicial em prestar informações de forma presencial, o recenseador poderá ir ao domicilio outra vez, para fazer a sugestão de preenchimento do questionário através da internet ou por telefone, além de informar sobre a Lei nº 5.534/1968, que obriga as pessoas a prestarem as informações solicitadas pelo IBGE.
Esgotadas as tentativas de convencimento, o recenseador informa o ocorrido ao seu supervisor imediato, para que ele, junto com seus superiores, tente reverter a situação. Após essa fase, o supervisor do setor entregará uma carta de notificação, mostrando os termos da legislação que estabelece a obrigatoriedade da prestação de informações.
Jorge Alves evidencia que o órgão prioriza a resposta espontânea das informações, explicando a importância dos dados para elaboração de políticas públicas e exercício da cidadania, que beneficiam entidades e sociedade civil.
Na Paraíba, mais de 1,57 milhão de pessoas já foram recenseadas
Cerca de 1,57 milhão de pessoas foram recenseadas em 543,9 mil domicílios distribuídos por toda a Paraíba, até o dia 29 de agosto, de acordo com o primeiro balanço do Censo Demográfico 2022. No Brasil, o total da população recenseada até então era de quase 60 milhões. A operação começou no dia 1º de agosto.
Os dados parciais apontam ainda que 6.318 indígenas e 5.813 quilombolas já haviam sido recenseados. Esses números correspondem a 1,4% e a 1,5% do total de pessoas que pertencem a esses povos e comunidades tradicionais contados no país, respectivamente.
No estado, a maior parte dos questionários aplicados nos domicílios (99,7%), aproximadamente 542,5 mil, foi respondida de forma presencial, enquanto 428 optaram por responder pela internet e 982 por telefone.
Em relação ao tipo de questionário, 82,4% dos domicílios (448.079) responderam ao básico, com 26 quesitos, e 16,5% (89.676) ao ampliado ou da amostra, com 77 perguntas. Nacionalmente, esses percentuais foram de 88,2% e 11,8%, respectivamente. No mesmo âmbito, o tempo mediano de preenchimento tem sido de seis minutos para o questionário básico e de 18 minutos para o ampliado.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de setembro de 2022.