Chegou o período carnavalesco, festividade de rua mais animada do país. Porém, é neste período também que algumas enfermidades podem voltar com tudo, é o caso da dengue e da Covid-19. Segundo, Thalita Tavares, gerente executiva de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES), é importante chamar a atenção da população aos cuidados necessários pela coincidência da data, com a sazonalidade da Covid-19, devido à nova variante, e o período chuvoso da época que aumenta os casos de dengue.
Em relação aos casos de dengue, ela explica que, primeiramente, é preciso ter ciência que historicamente, a partir de fevereiro, é esperado um aumento de casos, mas que não caracteriza como surtos. Todavia, pela perspectiva do aumento de casos, como está acontecendo em alguns estados, pelo surgimento de novos tipos do vírus da dengue, como o tipo 3 e 4, ainda não identificados na Paraíba, é esperado que possa ocorrer uma alta nos registros já a partir do pós-carnaval, nos meses de março e abril.
Covid-19
Quando se fala de Covid-19, a gerente conta que dentro dos dados de notificação, o cenário já é diferente. “A gente observa que está havendo uma diminuição das notificações a nível de sistema, houve um aumento de casos em novembro e dezembro, que foi indicado no estado, a mesma variante do Ceará, que justificou sim esse aumento”. Sendo assim, dentro dos dados epidemiológicos, ela aponta que já se observa uma diminuição nas últimas semanas dos casos de Covid-19, mantendo um percentual de casos leves.
“De forma muito resumida, nesse período carnavalesco é importante chamar, principalmente, a atenção daquelas cidades que têm mudança, que agrega a mobilidade dessas pessoas vindo para a praia, fechando suas casas, viajando para outros estados, para que tenham a atenção de cuidar do seu domicílio. Com relação à dengue, já é previsto um aumento agora do final de fevereiro para março. Na nossa análise epidemiológica dentro do padrão anual de notificações, esses casos começam a diminuir a partir de maio”, ressalta.
Estratégia
Ela destaca ainda que desde o mês de dezembro, a Secretaria de Saúde está trabalhando com agendas estratégicas, conversando com os entes parceiros como assistentes hospitalares, a rede de regulação e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde da Paraíba (Cosems-PB), pensando ações de prevenção para esse período. “Nós estamos com a agenda durante todo esse período, até o pós-carnaval”.
Paraibanos têm papel relevante na prevenção do Aedes aegypti
A gerente executiva de Vigilância em Saúde, Thalita Tavares, lembra que embora a vacina da dengue esteja “chegando” a melhor forma de prevenção continua sendo o combate ao mosquito Aedes aegypti. “Não é um papel apenas do ente público ou daquele gestor municipal e estadual. Tem um percentual imenso de impacto quando a população, a comunidade, o morador cuida e tem esse zelo pelo seu ambiente domiciliar e peridomiciliar”.
Para ela, é importante fazer esse chamamento porque o Aedes sempre vai procurar os mais variados lugares para se proliferar. Os locais propícios para possíveis criadouros são latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d’água descobertas, pratos sob vasos de plantas ou qualquer outro objeto que possa armazenar água.
No caso da Covid-19, as recomendações permanecem as mesmas, dentro do que o Estado vem realizando desde o surgimento da doença. Sobre a aglomeração e recebimento de turistas vindo de outros estados, ela frisa que não há motivos para preocupação, visto que hoje não há nenhuma variante nova em circulação e que não se espera um aumento de registros. “A variante que permanece em circulação é a mesma registrada em novembro com suas subvariantes. Então, a gente não observa e não espera que se tenha de fato um aumento significativo de casos. Vai se manter a tendência de positividade desses casos de forma leve”, afirma.
Sintomas
A gerente alerta ainda que os sintomas de Covid-19 e dengue são distintos, mas que a qualquer sinal de indícios de uma das doenças, procure a unidade de saúde mais próxima para fazer o exame de detecção. “Para a dengue, por exemplo, temos exames que podem ser feitos do primeiro ao quinto dia de início de sintomas, que é o PCR, com resultado saindo em até 24 horas. Isso tem que ser pensado para que não haja um aumento de casos graves”.
Ela reforça que é importante manter o esquema vacinal atualizado. “A população precisa sempre ter ela (vacina) como uma ferramenta padrão dentro do êxodo que nós tivemos na pandemia, que foi a chave que fez virar e diminuir esses casos que nós tínhamos. Ela lembra que o vírus permanece, que sempre vai estar em mutação e a vacina é a principal ferramenta para diminuir os casos graves, que levam à hospitalização.
Vacinação
O Ministério da Saúde anunciou recentemente que a vacinação contra a dengue vai começar esse mês. Serão contempladas com a vacina, crianças e adolescentes com faixa etária entre 10 e 14 anos, pois são o público com maior percentual de hospitalização. No Estado, 14 municípios vão receber o imunizante. Conforme Talita, a SES ainda não tem uma previsão de quanto vai receber as primeiras doses da vacina, mas que elas serão entregues de forma parcelada.
“A primeira entrega está prevista para fevereiro, nós não sabemos ainda o número de doses. Serão aplicadas duas doses com intervalo de 30 dias, mas ainda vamos precisar fazer essa ratificação de percentual recebido de forma igualitária para os 14 municípios”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 03 de fevereiro de 2024.