Uma das mais ricas em patrimônio histórico (imóveis e personagens), a cidade de Itabaiana recebeu visita técnica conjunta da Secretaria de Estado da Cultura (SecultPB) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep). O objetivo foi buscar, junto com a Prefeitura Municipal, um ponto de equilíbrio que viabilize um projeto de reurbanização e asfaltamento, que não destrua um importante exemplar dessas obras consideradas históricas e de alto valor cultural.
O prefeito Lúcio Flávio, o vice-prefeito José Cláudio Neto e a secretária de Cultura, Socorro Almeida, receberam o secretário Damião Ramos Cavalcanti (SecultPB), a presidente do Iphaep, Tânia Nóbrega, e o arquiteto urbanista Orlando Cavalcanti. A reunião foi realizada na Secretaria de Educação do Município.
Durante o encontro, a equipe técnica do Iphaep explicou a importância da preservação da Praça Manoel Joaquim de Araújo e das vias públicas no seu entorno, afinal, Itabaiana foi a terceira cidade paraibana a sair do barro para o calçamento em paralelepípedos, o que implica que está nessa área um patrimônio histórico que precisa ser preservado, sem ser coberto por asfalto.
A praça é a maior da cidade e nela está a matriz de Nossa Senhora da Conceição, além do coreto mais antigo do Nordeste, cuja construção começou em novembro de 1913 e foi inaugurada em maio de 1914.
O prefeito Lúcio Flávio, por sua vez, argumentou que o projeto de urbanização, já encaminhado ao Departamento de Estradas e Rodagem (DER), tem o objetivo de tornar o fluxo mais rápido e produtivo pela estrada que passa pela cidade e liga a outras cidades do Estado e ao Estado de Pernambuco.
“Estamos recebendo, pelo Governo do Estado, o projeto de travessia asfáltica, um sonho antigo da cidade. Estaremos dando um melhor fluxo e uma cara nova à nossa cidade, oferecendo isso ao itabaianense e aqueles que por aqui passam”, afirma Lúcio. Segundo ele, o trabalho está sendo feito com cuidado, com estudo junto ao Iphaep, já que Itabaiana é pré-tombada. “Isso para que possamos preservar a nossa amostra do calçamento do histórico, mas também manter o projeto que é muito importante para nossa cidade e para a região”, completa.
Esse projeto prevê aplicação de asfalto rodoviário em várias vias públicas que fazem parte do centro histórico, por isso o envolvimento do Iphaep na discussão.
A proposta - Já há um parecer da Comissão de Arquitetura e Ecologia, do Iphaep, que delimita as vias públicas consideradas históricas e que por isso não podem ser incluídas no projeto de asfaltamento.
No entendimento da Prefeitura, o parecer inviabiliza a travessia asfáltica porque abrange 19 ruas, avenidas e praças, sem permitir o asfaltamento de qualquer trecho nessa área.
Durante a reunião, a proposta da criação de duas alças (ida e vinda) que passariam dos dois lados do Centro Histórico da Cidade, livrando o miolo considerado o mais importante, devido à praça, o coreto e a matriz, foi citada no processo, iniciado em 2020, no Iphaep.
Pela proposta, seria preservada uma amostra representativa do calçamento, formada pelo trecho que vai do coreto até a via que dá acesso à ponte sobre o Rio Paraíba, sendo esse o limite entre o calçamento preservado e a avenida a ser asfaltada.
Essa alça asfáltica também cria a ‘via beira rio’, que poderá ser explorada com comércio turístico (bares, praça de alimentação, etc.), já também dispõe de área às margens do rio atualmente ocupada irregularmente por algumas construções. Outra alça faria o trajeto contrário, no lado oposto do miolo urbano.
A equipe da prefeitura Municipal fará novo esboço do projeto, incluindo as alças, para submetê-lo ao Iphaep.
Na reunião também estiveram José Paulo (diretor do Patrimônio Histórico do Município), Rodrigo Queiroz e Victor Pessoa (respectivamente chefe de gabinete e diretor administrativo do Iphaep), além do vereador Suélio Rogério.