Notícias

Deficientes visuais alertam para o perigo de acidentes; prefeitura anuncia que vai ampliar número de equipamentos

Semáforos sonoros estão com defeito

publicado: 16/11/2022 10h02, última modificação: 29/12/2022 15h05
Gilvan-dos-Santos_F.-Evandro-_44_.png

Em pontos diferentes da cidade, deficiente visual testou, junto com a reportagem, cinco equipamentos; apenas um funcionou - Foto: Fotos: Evandro Pereira

por Sara Gomes*

 

Imagine se toda vez que você precisasse atravessar a faixa de pedestre tivesse de pedir ajuda a alguém, porque é deficiente visual ou tem mobilidade reduzida. Se não tivesse ninguém para te ajudar na travessia, você se arriscaria mesmo assim? Muitos deficientes visuais de João Pessoa reclamam que a maioria dos semáforos sonoro está com defeito. Idosos também se queixaram do tempo curto de travessia e calçada irregular. A reportagem de A União verificou cinco pontos, sendo que apenas o semáforo sonoro em frente ao Mangabeira Shopping estava funcionando.

A reportagem visitou os semáforos sonoros das seguintes faixas de pedestres: do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes(CCHLA) da UFPB, do Centro de Tecnologia da mesma universidade, do Shopping Sul, da Avenida Hilton Souto Maior em frente ao antigo colégio CAIC e do Mangabeira Shopping.

No semáforo do ponto do CCHLA o bipe, na hora de apertar o botão, até estava funcionando, mas o apito não disparou. No caso da entrada do CT, sentido Bancários, o botão também não funcionou. Mas o trecho mais perigoso, na opinião do deficiente visual Gilmar dos Santos, 61 anos, é o semáforo em frente ao antigo CAIC de Mangabeira. “Além do semáforo sonoro estar quebrado, não tem rampa de acessibilidade e o batente é enorme. Se uma pessoa com deficiência visual for guiada por alguém consegue atravessar. Já um cadeirante ou pessoa com mobilidade reduzida não consegue, por falta da rampa de acessibilidade. Eu tinha identificado, recentemente, o semáforo da UFPB e do Shopping Sul, mas percebo que a situação está muito pior”, analisou.

O idoso Antônio Matias, 60 anos, mora em Mangabeira. Todo dia ele e seus amigos se encontram no terreno baldio em frente à faixa de pedestre do CAIC Mangabeira. “ Mesmo que eu não sinta necessidade de atravessar para o outro lado, observo que esse batente dificulta a locomoção de todos, seja cadeirante ou idoso. O tempo curto do semáforo torna o trajeto ainda mais perigoso”, alertou.

Na opinião de Gilvan, o direito de ir e vir fica comprometido devido à falta de manutenção do órgão competente. “Às vezes acontece de não ter ninguém na hora de atravessar a rua. Quando as pessoas oferecem ajuda, aceito para estimular a prática. Mas, geralmente, peço ajuda quando não tenho familiaridade com o trajeto ou quando é uma via de trânsito intenso”,afirmou.
Paulo Roberto, 67 anos, também é deficiente visual. Ele mora no Bairro das Indústrias, mas sempre que precisa resolver algum problema se dirige a Cruz das Armas ou Oitizeiro. Além da ausência de semáforo sonoro em trechos de maior fluxo, como a Feira de Oitizeiro e no supermercado Bem Mais, Paulo critica a ausência de acessibilidade das calçadas. “As calçadas são irregulares e cheias de buracos, tornando muito difícil a locomoção”, criticou.

Semob
A assessoria de imprensa da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de João Pessoa (Semob-JP) informou que todos os semáforos para pedestres de João Pessoa possuem botoeiras sonoras. Dos 31 semáforos que possuem botoeiras, cinco são considerados veiculares e 26 são exclusivos para pedestres.

Segundo ainda a assessoria, há também a possibilidade de ampliação do númeo desses equipamentos e já existe uma licitação em andamento.

O cidadão pessoense pode solicitar manutenção nos trechos através do sistema da Prefeitura Municipal de João Pessoa na plataforma 1doc: joaopessoa.pb.gov.br, na aba “atendimento ao cidadão”, ou pelo portal da Semob: serviços.semob jp.pb.gov.br, abrindo uma manifestação ao solicitar o serviço.

Apesar do semáforo sonoro ser um problema que afeta diretamente o público com deficiência visual, a Semob de João Pessoa ainda não tem a opção de reclamação em braille.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 16 de dezembro de 2022.