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Dezembro vermelho

SES lança campanha em João Pessoa

publicado: 04/12/2023 10h16, última modificação: 04/12/2023 10h16
Com o slogan “Juntos somes mais fortes”, a ação reforça o cuidado contra as infecções sexualmente transmissíveis
Rosi Farias_Repres, do Fórum ONG-AIDS_F. Evandro (1).JPG

Abertura do Dezembro Vermelho ocorreu no auditório da Escola de Saúde Pública e contou com vários profissionais de saúde - Fotos: Evandro Pereira

por Alinne Simões*

O Governo da Paraíba, através da Secretaria de Estado da Saúde (SES), lançou na manhã de ontem, no Auditório da Escola de Saúde Pública (ESP), em João Pessoa, a campanha “Juntos somos mais fortes”, alusiva às ações do Dezembro Vermelho que serão realizadas neste mês, em todo estado. O evento contou com a presença de representantes de vários municípios e de entidades parceiras da SES.

Participaram da mesa de abertura Ivoneide Lucena, gerente operacional de condições crônicas de infecções sexualmente transmissíveis (IST) na PB, Geralda Farias, representante do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde da Paraíba (COSEMS-PB) e Rosi Farias, representando o Fórum de ONG/Aids. Ivoneide falou da importância de ter um mês dedicado ao fortalecimento do cuidado e prevenção às ISTs e destacou algumas das ações que estão programadas.

“Queremos alertar a população paraibana que o HIV, a Aids existe, não tem cura, mas tem tratamento. No decorrer de dezembro estamos com várias ações. Abastecemos as gerências regionais de saúde que são os serviços que dão suporte aos municípios com preservativo interno e externo, teste rápido”.

Geralda Farias, que também é secretária de saúde do município de Duas Estradas, parabenizou a iniciativa e se comprometeu a mobilizar todos os gestores municipais no sentido de fortalecer as políticas públicas de saúde. “Quero firmar o compromisso que iremos mobilizar todos os gestores de saúde para juntos fortalecermos as políticas públicas no Estado da Paraíba”.

Já Rosi Farias enfatizou a importância das parcerias entre a SES e as ONGs no trabalho preventivo junto a esses públicos. “Precisamos mais do que nunca retomar o diálogo sobre prevenção, e temos um leque de tecnologias que podemos ofertar às pessoas que são atendida por todas as ONGs em suas especificidade, e que dá a possibilidade de fazer a escolha do melhor método, que convém e se adequa à vida daquela pessoa”. Ela frisou ainda que o Dezembro Vermelho traz também uma reflexão de pensar o que avançou e quais desafios e estratégias desenvolver no futuro.

Saiba Mais

No período da tarde, foram ofertados no Parque Solon de Lucena, Lagoa, testes rápidos de HIV, Sífilis e Hepatites. Ainda foram distribuídos preservativos masculinos e femininos e realizadas conversas com a população que frequenta o espaço.

Casos em 2023

HIV:

  • João Pessoa - 279
  • Campina Grande - 85
  • Santa Rita - 27
  • Cabedelo - 22
  • Bayeux - 17
  • Cajazeiras - 17
  • Patos -17
  • Mamanguape - 8
  • Monteiro - 8
  • Sousa - 8

Aids:

  • João Pessoa - 57
  • Santa Rita - 9
  • Bayeux - 5
  • Cabedelo - 5
  • Campina Grande - 4

Integrantes de ONGs prestigiaram o evento

Ivoneide Lucena-Gerente Operacional (IST-PB)_F. Evandro  (1).jpg
Queremos alertar a população paraibana que a Aids existe, não tem cura, mas tem tratamento. No decorrer de dezembro estamos com várias ações - Ivoneide Lucena

Representantes de várias ONGs estiveram presente na abertura da campanha Dezembro Vermelho, a exemplo da Amazona, associação que atua na prevenção a Aids e da Associação das Prostitutas da Paraíba (Apros-PB), que tem um trabalho de parceria com a SES, realizando projetos com esse público em todo estado.

“Desde 2005 a gente concorre ao edital da Secretaria de Saúde. Esse ano, fomos selecionados e estamos executando ações de prevenção às ISTs, HIV, Aids e hepatites virais junto ao público de prostitutas e também de caminhoneiros, nos postos de gasolina”, contou Luza Maria, coordenadora da Apros-PB.

Dentro do projeto, a associação faz a abordagem educativa, levando material informativo no local de trabalho das prostitutas, realiza rodas de conversa, entre outras ações. Dialogando sobre a prevenção e a importância de usar preservativos, bem como, do uso da Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), além de divulgar os serviços do SUS.
“A gente dialoga com o serviço de saúde para não dificultar esse acesso. E essa parceria, faz com que a gente chegue até lá.Ter esse acesso é importante para nós. Isso é muito importante porque se ela (prostituta) vai procurar o serviço e não é bem recebida, ela não vai mais. Ela vai se sentir excluída, porque tem toda uma história, o estigma que a gente carrega”.

Segundo Ivoneide Lucena, a PEP é uma profilaxia pós-exposição, onde a pessoa que teve relação desprotegida, na noite anterior, vai tomar durante 28 dias a medicação para barrar o vírus e ele não se replicar no seu organismo. Enquanto o PrEP funciona na prevenção para quem tem relações desprotegidas, neste caso a pessoa faz o tratamento para formar uma barreira de proteção no organismo.

Casos em queda
Durante o lançamento da campanha foram apresentados os dados de 2023 apontados no mais recente Boletim Epidemiológico de HIV e Aids divulgado pela SES, que apontou uma redução da taxa de detecção dessas doenças, bem como, na taxa de óbitos.

Conforme o documento, de 2020 a novembro de 2023, foram diagnosticados 2.868 casos de HIV, sendo 610 deste no ano. Observando-se uma desaceleração da detecção de HIV em adultos, que passou de 20,1 casos por cem mil habitantes em 2022, para 15 em 2023. Em números absolutos, o maior número de casos registrados foi no município de João Pessoa, que apresentou até o momento 338 infectados, ou seja, 55,4%.

Em relação a Aids, nos últimos três anos, foram diagnosticados 1.056 casos, destes 154 foram registrados este ano. Isso mostra um desaceleramento de 7,4 casos por cem mil habitantes para uma taxa de 3,8, com queda em todas as regionais.

Ivoneide Lucena aponta alguns fatores para a redução no número de casos. “Na realidade são dois fatores, porque a gente oportuniza o teste e faz com que as pessoas tenham acesso ao diagnóstico. A redução pode vir também pela ausência da população em buscar o serviço”. Ela destaca que ainda há muitas pessoas que têm o HIV, que não têm sintoma e não procuram os serviços especializados. “E esse é nosso maior objetivo com essa campanha, fazer com que as pessoas busquem o serviço. Se a pessoa tem relação desprotegida, a cada seis meses, faça o teste de sífilis, hepatite B, hepatite C e HIV. Esses testes são gratuitos e com 20 minutos sai o resultado”.

Ela fez um apelo para que a pessoa que teve uma relação desprotegida, consentida ou não, que procure o serviço de saúde da sua cidade. “Em João Pessoa, nós temos o Hospital Clementino Fraga que oferta a PEP e PrEP; em Patos temos um serviço de atenção especializada; nos HU’s de Cajazeiras, Campina Grande e João Pessoa há ambulatórios para HIV. João Pessoa é, inclusive, referência para gestantes com HIV. São muitos os serviços que acolhem essa população, mas o teste rápido pode ser feito no PSF perto de sua casa.”

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 02 de dezembro de 2023.