por Ivo Marques*
Após eliminar o ABC e conseguir vaga para a fase de grupos da Copa do Nordeste de 2022, o Sousa agora já se planeja para montar um time forte, capaz de ser campeão paraibano do próximo ano e conseguir o acesso para a Série C do Campeonato Brasileiro. Para os que duvidam que o Sousa possa chegar a tanto, o presidente do clube, Aldeone Abrantes manda um recado.
“Ninguém acreditava no Sousa no Campeonato Paraibano e nós disputamos o título com o Campinense e perdemos por um golzinho. Na Série D, também faltou muito pouco para passarmos de fase e agora, na pré-copa do Nordeste, o “Dinossauro” provou a sua força, eliminando os favoritos fora de casa. Vamos manter a base e fazer contratações pontuais para brigar pelo título paraibano no próximo ano”, disse Aldeone.
O otimismo de Aldeone tem razão de ser. Com uma folha salarial de apenas R$ 50 mil mensais, o Sousa venceu o ASA, em Arapiraca, por 2 a 1, depois empatou com o Confiança em 1 a 1, e venceu nos pênaltis, em Aracaju, e na última etapa das eliminatórias para a Copa do Nordeste, goleou o ABC por 3 a 0 no Marizão, e foi derrotado por 2 a 1, no jogo de volta, em Natal. Em resumo, eliminou um clube da Série B e outro que foi semifinalista da Série D.
Além do bom momento técnico do Sousa, outro fator muito importante para acreditar nas promessas de Aldeone Abrantes é o financeiro. Por ter passado para a fase de grupos da Copa do Nordeste de 2022, o Sousa vai ter direito, no mínimo, a R$ 640 mil (valor pago este ano sujeito a majorações), que foi a cota dos clubes que fazem parte do pote quatro da premiação da competição regional este ano, como o Sousa, que é apenas o 192o colocado do Ranking Nacional de Clubes. Outra fonte de renda do Sousa para 2022 é a Copa do Brasil, que este ano pagou R$ 600 mil pela participação na primeira fase das disputas, e que também tem a possibilidade de aumentar no próximo ano. Há também a perspectiva do Dinossauro receber R$ 250 mil de um patrocínio da Cagepa com os clubes paraibanos que este ano participaram das séries C e D do Campeonato Brasileiro.
“Se o Sousa foi capaz de fazer o que vem fazendo com uma folha salarial de apenas R$ 50 mil e sem apoio nenhum de patrocinadores, imagina com essa verba que vamos ter no próximo ano? Vamos fazer um planejamento muito bem feito para montar uma equipe muito forte, capaz de superar os chamados grandes do futebol da Paraíba”, disse o dirigente.
Tumulto em Natal
No jogo da última terça-feira em Natal, quando o Dinossauro eliminou o ABC, após ter somado um placar de 4 a 2 no agregado das partidas, os jogadores, comissão técnica e dirigentes sofreram ameaças de morte por parte da torcida do time da casa, que atiraram objetos nos jogadores do Sousa e esperaram a delegação do lado de fora para nos agredir fisicamente.
“É uma vergonha o que aconteceu no Frasqueirão, na última terça-feira. No futebol, tem que saber perder também. Um clube grande como é o ABC, numa capital como é Natal, acontecer um tumulto deste, por causa de uma derrota. Até a chave do nosso vestiário foi quebrada e nós só conseguimos deixar o gramado com a ajuda da polícia, que arrombou a porta. Na saída do estádio, lá estavam os torcedores esperando a delegação para agredir todo mundo, e novamente a polícia nos salvou, dispersando a multidão. Tem que ser tomada uma providência, ou qualquer dia teremos uma tragédia. E não é a primeira vez que isso acontece lá. Quem não se lembra da invasão da torcida do América no hotel onde estava hospedada a delegação do Campinense, após um jogo da Série D, este ano? Isto tem que acabar no futebol brasileiro”, disse o dirigente indignado com os fatos.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 11 de novembro de 2021