por Ana Flávia Nóbrega*
Após confirmar a transmissão comunitária do vírus da Influenza A, a Paraíba registrou, neste fim de semana, uma alta procura por atendimento em virtude de quadros gripais. A busca provocou aglomerações e longos períodos de espera nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) em João Pessoa, Campina Grande, Conde e Bayeux. Para o secretário de Estado da Saúde, Geraldo Medeiros, o Estado passa por um momento de epidemia do subtipo H3N2. Mesmo assim, não há projeção para a implementação de medidas restritivas que contenham a circulação e, consequentemente, a contaminação com o vírus.
“A doença H3N2 é diferente da Covid-19. A maioria dos casos são leves, com sintomas de gripe comum. Apenas os casos mais complexos requer internação e pode evoluir para a necessidade de cuidados intensivos. Desse modo, não há projeção de medidas restritivas”, ressaltou o secretário.
Para conter o quadro de contaminação em larga escala, a população deverá manter os mesmos cuidados sugeridos desde o início da pandemia da Covid-19. Manter o uso de máscara, distanciamento social, evitando aglomerações e higiene constante das mãos com sabão e álcool.
“O que reforçamos e orientamos é que as medidas de proteção individual já utilizadas contra a Covid-19 sejam mantidas por todos. Indicamos ainda que a procura pelos hospitais e unidades de atendimento seja buscada pela população em situações de complicações, como falta de ar”, complementou Geraldo Medeiros.
Neste momento, o maior número de registros são de casos leves, que não entram na notificação de casos. Já os casos com alta carga viral, que evoluem para casos moderados e graves, entram na lista. A SES, porém, segundo o secretário, divulgará o quantitativo correto nos próximos dias.
“Temos notório aumento de casos das síndromes gripais não só na Região Metropolitana de João Pessoa, mas em todo o país. Não podemos afirmar categoricamente que se trata do H3N2, porém sabemos que o vírus está circulante, assim como a Covid-19. É um cenário que preocupa no sentido de que existem populações mais fragilizadas e mais expostas que podem sofrer com o vírus”, informou o infectologista Fernando Chagas.
As medidas imediatas para auxiliar a população neste momento foram debatidas nesta segunda-feira entre secretários de Estado e do município de João Pessoa, que possui alta subnotificação de casos e procura por atendimento.
Após a reunião, o secretário de Saúde, Geraldo Medeiros, informou duas medidas imediatas que serão tomadas pela Secretaria de Estado da Saúde (SES): a criação de um aplicativo para que as pessoas com quadros leves possam se consultar por telemedicina, que deverá ser lançado em janeiro; e a solicitação da medicação anti gripal tamiflu, indicado para o tratamento da H3N2 principalmente para a população de alto risco (idosos, crianças abaixo de 5 anos de idade, gestantes e puérperas) e com comorbidades, que são mais suscetíveis ao vírus.
“Vamos solicitar essa medicação ao Ministério da Saúde, mas não deve ser usado de forma indiscriminada já que pode gerar resistência ao vírus e a maioria dos casos são leves”, afirmou.
Mesmo com cerca de 86% da população paraibana vacinada contra a Influenza A do subtipo H1N1, segundo a SES, o imunizante não protege contra a nova variante, denominada de Darwin. Uma nova vacina que contemple, em sua formulação, a H3N2 chegará aos estados em março.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 28 de dezembro de 2021