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Trabalhadores cobram negociação

publicado: 21/08/2025 08h26, última modificação: 21/08/2025 08h26
Clínicas e hospitais suspendem atendimentos por falta de repasses e sindicato reivindica retomada da autogestão
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As manifestações continuarão, em João Pessoa, com a realização de uma assembleia para decidir se será decretado estado de greve | Foto: Divulgação/Sintect-PB

por Lilian Viana*

A paralisação dos serviços de saúde oferecidos pela Postal Saúde e a falta de perspectivas de negociação coletiva motivaram um ato realizado, na manhã de ontem (20), em frente ao Centro Operacional e Administrativo dos Correios (COA), em João Pessoa. Convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos da Paraíba (Sintect-PB), o protesto reuniu servidores ativos, aposentados e representantes de entidades sindicais em defesa da retomada do modelo de autogestão dos Correios Saúde e da valorização da categoria.

Segundo o presidente do Sindicato, Tony Sérgio Rodrigues Cavalcante, as clínicas e hospitais têm suspendido os atendimentos por falta de repasses da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), enquanto os trabalhadores seguem pagando mensalmente pelo serviço. “O plano de saúde simplesmente não está funcionando. As clínicas estão sendo descredenciadas, e isso coloca a vida da categoria em risco”, alertou.

Além da crise na assistência médica, os trabalhadores também denunciaram o risco de implantação da pejotização na estatal. O modelo, presente em outros setores, transforma empregados em prestadores de serviço sem direitos trabalhistas ou previdenciários, o que, na avaliação do sindicato, abriria espaço para precarização, redução salarial e perda de garantias históricas.

Função social

Outro ponto central do protesto foi a cobrança de investimentos públicos para os Correios, sob o argumento de que apenas impedir a privatização não basta. O sindicato defende medidas que assegurem a função social da empresa, como a manutenção de serviços em localidades onde a iniciativa privada não atua. “Os Correios têm papel estratégico para o país. Não podem ser reduzidos a uma lógica meramente mercadológica, de lucro. É preciso investimento e estrutura para cumprir sua função social”, defendeu a liderança sindical.

A categoria também reivindica a convocação, imediata, dos aprovados no concurso de 2024, medida considerada essencial para aliviar a sobrecarga de trabalho nas unidades e melhorar a qualidade do atendimento à população.

O ato, realizado ontem, integra a Campanha Salarial 2025/2026, iniciada em Brasília, no fim de julho, com a participação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). A pauta da categoria inclui 101 itens, entre eles a garantia de direitos no âmbito da saúde, recomposição salarial e melhores condições de trabalho.

As negociações com a empresa, no entanto, foram suspensas, unilateralmente, pela direção da ECT, que alegou falta de autonomia para tratar das cláusulas. O adiamento de reuniões e a ausência de respostas concretas foram classificados pelo sindicato como desrespeito aos trabalhadores. “A empresa alega dificuldades financeiras, mas nós entendemos o contrário. O que falta é prioridade e diálogo”, avaliou o presidente do Sintect-PB.

Próximos passos

Como parte do calendário nacional, um ato foi marcado para o próximo dia 27, em Brasília, no prédio Central dos Correios. Em João Pessoa, a partir da primeira semana de setembro, será realizada uma assembleia para deliberar sobre a decretação de estado de greve.

De acordo com Tony Sérgio, a mobilização tende a se intensificar caso a empresa não retome as negociações. “Seguiremos vigilantes e mobilizados. Nossa luta é por saúde, por condições dignas de trabalho e pelo futuro dos Correios como patrimônio público do povo brasileiro”, concluiu.

A equipe do Jornal A União tentou entrar em contato com a assessoria de comunicação dos Correios, por meio dos canais disponíveis, no entanto, até o fechamento desta edição não houve retorno

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 21 de agosto de 2025.