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Fase de adaptação é iniciada em JP

publicado: 21/08/2025 08h23, última modificação: 21/08/2025 08h23
Sistema de estacionamento promete organizar o trânsito, mas gera preocupação entre trabalhadores informais
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Foram espalhados, em diferentes pontos da cidade, 19 parquímetros eletrônicos, pelos quais os pagamentos poderão ser efetuados; os usuários terão até 10 minutos, após estacionar, para emitir o tíquete | Fotos: Evandro Pereira

por Lilian Viana*

Começou, no último dia 13, a fase educativa da Zona Azul Digital JP, novo sistema rotativo de estacionamento implantado pela Prefeitura de João Pessoa. O modelo, que funcionará em caráter educativo por 15 dias, passará a aplicar penalidades a partir do fim desse prazo. Com o fim do período educativo, motoristas terão de se adaptar às novas regras, em meio a um debate que promete render: de um lado, o argumento da modernização e da organização do trânsito; de outro, as críticas de quem sente no bolso e no dia a dia os efeitos da Zona Azul.

A proposta, segundo a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob-JP), é democratizar o uso das vagas, melhorar a fluidez do trânsito e garantir maior rotatividade nos principais pontos do Centro e da orla.

Nesses locais, foram disponibilizadas 1.385 vagas, distribuídas entre carros, motos, vagas especiais para idosos e pessoas com deficiência, além de espaços destinados aos turistas e carga e descarga. A novidade é a inclusão das motocicletas no sistema. Para o superintendente de Mobilidade Urbana, Marcílio do HBE, a medida vai além da cobrança: “Nosso objetivo é democratizar o uso das vagas, reduzir o tempo de busca por estacionamento e melhorar a circulação de veículos”.

O sistema, porém, não é consenso. O autônomo Fabrício Maike critica a falta de garantias de segurança. “Se mexerem no carro, eles não se responsabilizam. Prefiro pagar um flanelinha, que dá mais segurança. Acho caro e sem benefício para o motorista”, avaliou. Um servidor público, que preferiu não se identificar, também questionou a cobrança para motociclistas: “Sou motoqueiro e acho um absurdo pagar para estacionar. O salário é baixo e ainda teremos que arcar com esse custo. É um abuso!”.

Hoffmann Barbosa, representante do consórcio responsável pela operação, defende que a Zona Azul Digital traz modernidade: “É uma operação pensada para ser prática e segura, ajudando o motorista a ganhar tempo, contribuindo para um trânsito mais organizado”.

Flanelinhas e impacto social

Enquanto para parte dos motoristas o problema atinge o bolso, para os flanelinhas a questão é de sobrevivência. Elcir Gomes, que há 40 anos vigia e lava carros no Centro, teme perder sua única fonte de renda: “Eu tenho dois filhos, pago aluguel, água, luz. Agora com esse sistema, muita gente não vai querer mais ajudar. Como é que vou sustentar minha família?”.

A presidente da Associação dos Ambulantes e Trabalhadores em Geral da Paraíba (Ameg), Márcia Medeiros, reforça a preocupação: “Eles estão inseguros, com medo de perder o sustento. Muitos não têm outra formação, alguns não sabem nem ler ou escrever. Nossa entidade já enviou ofício à Prefeitura pedindo medidas de apoio a essa população”.

O tema, segundo Márcia, já chegou à Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania (Sedhuc) de João Pessoa. O titular da pasta, Diego Tavares, confirmou uma reunião com a presidente da Ameg para esta semana, mas, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que não há nada para antecipar a respeito do encontro.

Como funciona

Diferente do sistema realizado há alguns anos na cidade, a versão atual da Zona Azul prevê o pagamento por meio de 19 parquímetros eletrônicos espalhados pelas áreas de Zona Azul ou pelo aplicativo RekPay, disponível para Android e iOS. As tarifas variam de R$ 1,50 (30 min) a R$ 6,00 (120 min) para carros, e de R$ 0,75 a R$ 3,00 para motos. O usuário terá até 10 minutos, após estacionar, para emitir o tíquete. Caso ultrapasse esse prazo, estará sujeito à notificação e, posteriormente, às penalidades previstas no Código de Trânsito Brasileiro.

O usuário que estacionar sem o pagamento prévio do tíquete de estacionamento, ainda terá uma segunda oportunidade, fazendo uso da Tarifa de Pós-Utilização (TPU). A TPU será impressa e deixada no para-brisas dos veículos encontrados sem pagamento, indicando que o usuário tem até 10 minutos para adquirir um tíquete e quitar a dívida. Adquirindo um tíquete de qualquer valor, automaticamente a TPU será anulada. A Tarifa de Pós-Utilização custa R$ 30,00 para carros e R$ 15,00 para motos.

Entre as regras, é permitido renovar o tíquete dentro do tempo, utilizar o mesmo crédito em outra vaga e mudar de setor após o limite máximo. Já estacionar sem tíquete, permanecer na mesma vaga depois do prazo ou ocupar espaços reservados irregularmente resultará em infração.

Canais de atendimento

Além dos parquímetros e do aplicativo, o serviço pode ser acessado no Centro de Apoio aos Usuários (Av. Eurípedes Tavares, no 289 – Centro), pelo WhatsApp 0800-644-1690, no site zonaazuldigitaljp.com.br e, em breve, em pontos de venda credenciados.

Tarifas da Zona Azul Digital JP

Para carros

  • 30 minutos: R$ 1,50
  • 60 minutos: R$ 3,00
  • 90 minutos: R$ 4,50
  • 120 minutos: R$ 6,00

Para motos

  • 30 minutos: R$ 0,75
  • 60 minutos: R$ 1,50
  • 90 minutos: R$ 2,25
  • 120 minutos: R$ 3,00

Tarifa de Pós-Utilização

  • Carros: R$ 30,00
  • Motos: R$ 15,00

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 21 de agosto de 2025.