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Candidíase

Verão favorece incidência de casos

publicado: 16/12/2025 11h17, última modificação: 16/12/2025 11h17
Mudanças simples de hábitos ajudam a prevenir a infecção que atinge cerca de 5% das mulheres em idade reprodutiva

por Íris Machado*

Cerca de 5% das mulheres em idade reprodutiva apresentam quatro ou mais episódios sintomáticos de candidíase anualmente, segundo o Ministério da Saúde. Com o verão batendo à porta, as altas temperaturas e a umidade, comuns na época mais quente do ano, trazem um alerta: é necessário redobrar os cuidados com a saúde íntima.

De acordo com a ginecologista e professora Juliana Cavalcante, o clima influencia, mas os hábitos pessoais também facilitam — ou previnem — o surgimento de casos da doença. O uso de calças muito apertadas e calcinhas que não são de algodão, por exemplo, prejudicam a circulação de oxigênio e contribuem para manter o aumento da temperatura local. “Isso faz com que os lactobacilos, bactérias boas que precisam estar presentes na vagina, morram. É essa morte que leva a paciente a evoluir para várias infecções vaginais, como a candidíase”, explica.

A candidíase é uma infecção provocada pela multiplicação excessiva de um fungo do gênero Candida sp., que pertence à microbiota do organismo e, em condições normais, não interfere no equilíbrio corporal. A doença pode atingir diversas partes do corpo, como a boca, o esôfago, a pele e a circulação sanguínea. O tipo mais comum é a vaginal, caracterizada por coceira, irritação e a presença de corrimento esbranquiçado na região íntima feminina, além de vermelhidão e pequenas fissuras dolorosas na mucosa genital.

A candidíase não é considerada uma infecção sexualmente transmissível; no entanto, fatores como baixa imunidade, diabetes descontrolada, gravidez, obesidade e uso de antibióticos ou corticoides impulsionam a predisposição à doença. “Ela pode ainda ser passada da mulher para o homem, porém, só se ele tiver uma fragilidade imunológica muito grande, se for um homem que tenha alguma doença autoimune, pacientes alcoólatras, obesos e fumantes. Mas isso não é frequente. Só fazemos o tratamento do casal em casos específicos”, revela a especialista.

Prevenção e tratamento

Para prevenir-se da candidíase, é preciso atenção à higiene íntima. A ginecologista aconselha dar preferência a sabonetes sem corantes ou perfume e calcinhas com tecido feito 100% de algodão, que devem ser lavadas à mão, com sabão glicerinado neutro. “Além disso, é importante regularizar a função intestinal, por meio de probióticos, por um período mínimo de 90 dias. Também já está sendo bastante estudado ultimamente que a mudança de alimentação melhora a resposta do organismo a essa superpopulação de fungos”.

Nos quadros recorrentes ou de difícil controle, a investigação médica deve avaliar causas preexistentes no organismo. Os tratamentos clássicos são medicamentos antifúngicos e o incentivo a mudanças de comportamento, mas pacientes com candidíase de repetição precisam passar por um acompanhamento especializado para evitar que a doença se repita. Mesmo assim, caso a infecção persista, há novidades que podem auxiliar no combate.

“Quando a gente já fez de tudo, mudou a dieta, usou probiótico e não deu certo, existem as vacinas com candidina — que é um fungo específico —, e a imunoterapia, que atua como um modulador do sistema imunológico, indicada para candidíase de repetição e resistente a outros tratamentos. A vacina tem mais tempo de mercado, mas a imunoterapia é bem recente”, conclui a especialista.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 16 de dezembro de 2025.