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A instrução do sábio

publicado: 06/02/2016 01h00, última modificação: 05/02/2016 21h11


O conhecimento deve estar subordinado à sabedoria e ambos devem calçar as sandálias da humildade, caso queiram deixar pegadas indeléveis pelas estradas da vida. Ciência sem sapiência pode até render uma boa rima, mas será uma forma raquítica de gnose a deambular pelos caminhos do mundo.

Certas figuras de “notório saber”, no campo da literatura, quando estão diante de gente franzina, nesta área específica do engenho humano, portam-se como uma espécie de tirano que se vale do que aprendeu ou decorou, para humilhar e oprimir, por meio de discursos herméticos, o pobre povo aprendiz.

Ora, Deus concedeu a cada ser humano um dom. E fica feliz toda vez que um de nós utiliza este talento na construção de um mundo de liberdade e justiça social, harmonizadas pelo amor. A empáfia vem de encontro a este projeto, a esta aspiração, que sopra, divinamente, dentro dos nossos corações.

Existem pessoas consideradas “burras”, sem nenhum “prestígio social”, mas que dão uma inestimável contribuição para a construção do mundo fraterno que se almeja. São sábias por serem mansas e amorosas, além de extremamente generosas e prestativas. No entanto, a sociedade do “ter” as menospreza.

Dalai Lama afirma que “conhecimento é importante”, mas ressalta que o uso que se dá a ele é muito mais salutar. “Isso depende da mente e do coração de quem o usa. O bom coração, que é fruto da virtude, é por si um grande benefício para a humanidade. O mero conhecimento, não”, acrescenta.

Confúcio ensina que “aqueles em quem o conhecimento dos princípios da sabedoria é inato, são homens superiores”. Em segundo lugar, para ele, estão os que adquiriram esse conhecimento por meio de estudo e, em terceiro, “aqueles que, a despeito da pouca inteligência, se esforçaram por conquistá-lo”.

Ou seja, o conhecimento não alinhado com a virtude é um saber presunçoso, portanto inócuo para o espírito. Para Dalai Lama, “o ideal é que se tenha muita coragem e força, mas sem se vangloriar de tais qualidades ou alardeá-las”. E dá uma pista: “A felicidade é sempre um resultado da atividade criativa”.

Ninguém sabe mais que ninguém. O próprio conhecimento é fruto do esforço coletivo acumulado. Se há mérito em aprender por facilidade intelectual, esforço ou oportunidade, a vida cuidará de relativizar os favores desta fortuna, quando se descuida do espírito. E isso não é castigo, mas uma lei da vida.

Como dizia Mestre Kong, em outras palavras, quando os homens disponibilizarem, de boa vontade, não apenas suas riquezas, mas também seu tempo e suas forças, para auxiliar os outros, neste dia, então, a causa de todos os males sociais desaparecerá espontaneamente, e a paz será perfeita.