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Lúcia Giovanna

publicado: 13/02/2016 01h00, última modificação: 12/02/2016 21h38


William Costa

Lamentamos muito a morte da educadora Lúcia Giovanna. Ela desempenhou um papel fundamental na formação educacional dos nossos dois filhos, Rafael e Mariana, que cumpriram parte considerável de seus históricos escolares como alunos do Centro Estadual de Ensino-Aprendizagem Sesquicentenário.

O projeto pedagógico implantado no Sesquicentenário foi reconhecido pela Unesco. Várias pessoas enfrentaram obstáculos, inclusive político-ideológicos, para que o Sesquicentenário se transformasse no centro internacional de referência que é hoje. Lúcia Giovanna sempre esteve à frente dessa luta.

Por motivos pessoais, não participávamos do projeto como “ativistas”, mas, como pai e mãe de alunos, só excepcionalmente faltávamos às assembleias gerais, durante as quais debatíamos e votávamos propostas pedagógicas e administrativas. A cada assembleia, mais conhecíamos Lúcia Giovanna.

Já no plano intrínseco da vida escolar, éramos “onipresentes”. Observávamos o comportamento de nossos filhos, apoiando ou censurando, e acompanhávamos sua evolução educacional. Chegamos a receber aulas especiais, para entender o projeto pedagógico e, desse modo, orientar melhor Rafael e Mariana.

Com o tempo, passamos a admirar Lúcia Giovanna, do mesmo modo que Ana Bandeira, que a sucedeu no comando dos destinos do Sesquicentenário, quando ela se desligou daquela instituição estadual de ensino público, para cuidar de projetos de educação e cultura em esferas político-administrativas municipais.

Há dois meses, aproximadamente, nós a encontramos à porta de um restaurante. A doença que a vitimou lhe emprestou outra fisionomia, mas não lhe subtraiu a alegria e a serenidade. Demos-lhe satisfação do engenheiro Rafael e da publicitária Mariana, e do crédito que lhe cabia na carreira de ambos.

Lúcia Giovanna exibiu-nos um sorriso que demonstrava satisfação interior. Um senso de dever cumprido. Ele expressava a consciência de que centenas, quiçá milhares de outros Rafaéis e Marianas caminham hoje com as próprias pernas, pelas estradas da vida, graças ao ensino-aprendizagem do Sesquicentenário.

Quanta falta fará esta guerreira ao nosso país, que convive com estatísticas educacionais desfavoráveis. No plano humano não há excelência. Porém, descontando-se os percalços inerentes à condição humana, a responsabilidade com que Lúcia Giovanna cumpriu sua missão foi uma forma de perfeição.