O Ponto de Cem Réis, em João Pessoa, transforma-se hoje, Dia Nacional da Consciência Negra, em um palco de celebração da ancestralidade e da cultura negra, com a encenação da 15ª edição do “Auto dos Orixás”. Realizado pelo Ponto de Cultura Ateliê Multicultural Elioenai Gomes, o espetáculo começa às 19h.
Com o tema “A retomada: celebrando a nossa humanidade/unidade”, o “Auto dos Orixás” de 2025 propõe uma reflexão sobre a conexão entre os elementos que compõem a Terra e os seres humanos. “Nós somos parte, partículas de cada elemento; não se concebe vida sem eles. Nessa edição, os orixás representarão os quatro elementos, e alguns braços dessa rede vão se apresentar mostrando como a teia forma a unidade”, destacou o artista visual e idealizador da apresentação, Elioenai Gomes.
A direção do espetáculo é assinada pela atriz e coreógrafa Fernanda Ferreira, segundo a qual o objetivo dessa edição de 15 anos é “dar continuidade ao trabalho já iniciado, tornando o ‘Auto dos Orixás’ cada vez mais acessível e compreensível para um público leigo, que não pertence às religiões de matriz africana”. Fernanda também chama atenção para o papel social do projeto, que “visa fortalecer a população negra, indígena e periférica da cidade, ressaltando seu valor e importância”.
Mais de 120 pessoas estão envolvidas na realização do espetáculo. Além da equipe de direção e de produção, a iniciativa envolve um elenco que atuará em sete núcleos artísticos, abrangendo as áreas de dança, teatro, música e percussão.
A programação no Ponto de Cem Réis, contudo, começa bem antes da apresentação. A partir das 17h, haverá atrações como a Feira Preta, roda de capoeira e performances musicais de Afro Sesi Egbê e Grupo Raízes.
Tributo
O “Auto dos Orixás” de 2025 também prestará homenagem a Mãe Rita Preta, considerada uma das maiores referências religiosas e culturais da Paraíba. Líder espiritual e ativista, ela foi uma das fundadoras da Federação dos Cultos Africanistas da Paraíba (Decap), contribuindo para a organização e a defesa das religiões de matriz africana no estado.
Em reconhecimento à sua atuação e à sua influência, Mãe Rita Preta recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), tornando-se a primeira sacerdotisa negra das religiões afro-brasileiras a receber a honraria da instituição.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 20 de novembro de 2025.