A Polícia Civil de Pernambuco, com apoio de policiais civis da Paraíba, cumpriu mandados de busca e apreensão em três empresas de apostas e duas residências em Campina Grande. Nesses locais, foram apreendidos passaportes, dinheiro em espécie (incluindo euro e dólar) e bolsas de luxo, além de um helicóptero no hangar da cidade e garrafas de vinho avaliadas em R$ 5 mil. Segundo as investigações, os endereços teriam relação com a Vai de Bet, casa de apostas esportivas on-line.
As determinações judiciais foram expedidas pela 12a Vara Criminal da Comarca de Recife e fazem parte da Operação Integration (“integração”, em português), que investiga uma organização criminosa voltada à prática de lavagem de dinheiro e realização de jogos ilegais.
A Integration é um ato conjunto das polícias civis de Pernambuco, Paraíba, São Paulo, Paraná e Goiás. Na capital pernambucana, aconteceu a prisão da influenciadora digital Deolane Bezerra.
De acordo com o delegado Paulo Ênio, superintendente da Polícia Civil em Campina Grande, a operação tem como principal intuito coibir a prática ilegal de empresas que exploram jogos de apostas para cometer o crime de lavagem de dinheiro. “A ocultação de capitais e a lavagem se fazem pela aquisição de quantias, bens ou objetos oriundos da prática ilícita. Eles não pagam impostos, então temos também a sonegação fiscal. A prática ilegal se dá exatamente em casas de apostas. Não que todas sejam ilícitas, é claro. Por isso temos tocado a investigação com muita cautela”, explicou.
Operação em CG
Ainda segundo o delegado, a operação também conta com a participação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e a Interpol, já que há investigados que, no momento, estão fora do território nacional.
Em Campina Grande, a operação envolveu cerca de 25 policiais civis, dentre delegados, investigadores e escrivães. “Nos alvos, tivemos como resultado a apreensão de três veículos de luxo: um Range Rover, um Silverado High Contry e um Jeep Commander. Além de um helicóptero e diversos objetos de alto valor, como bolsas de grife e quantias em moedas estrangeiras”, listou Paulo Ênio.
Desdobramentos
A investigação iniciada em abril do ano passado apontou, além do crime de sonegação de tributos como alvo central, a prática de associação criminosa. “Essas pessoas jurídicas devem prestar declaração de imposto de renda e o cruzamento de informações de quanto elas arrecadaram. Esse cruzamento será feito na investigação financeira e, se não houver compatibilidade nas informações, há o indício da lavagem de dinheiro ou de capitais. Isso sem mencionar a associação criminosa. São penas que podem ultrapassar até 10 anos de prisão”, declarou.
Por enquanto, a Polícia Civil prega a cautela no trato das informações, uma vez que alguns pontos e cautelares estão sob sigilo e concentrados com as autoridades policiais de Pernambuco. Em conclusão, a investigação está agora na fase dos inquéritos, que, posteriormente, serão submetidos à Justiça, onde, sob os crivos do contraditório, da ampla defesa e da prestação de provas judiciais, é que se vai chegar ou não a um julgamento final.
O delegado Ubiratan Rocha, da Polícia Civil de Pernambuco, informou que os alvos da operação, em Campina Grande, não foram localizados, mesmo tendo mandados de prisão expedidos pela Justiça pernambucana. Quando os policiais chegaram às empresas em Campina Grande, apenas funcionários se encontravam nos locais.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 03 de setembro de 2024.