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Amália Ramalho usou o isolamento da pandemia para desenvolver nova habilidadade e agora expõe trabalhos

Aposentada transforma peças de madeira em obras de arte

publicado: 26/11/2021 09h01, última modificação: 26/11/2021 09h01
Amália Ramálho_F. Evandro Pereira (16).JPG

por Iracema Almeida*

A pandemia da covid-19 não foi boa para ninguém, isso é fato. Mas, há quem dela aproveitou os tempos de isolamento para começar novos hábitos, sobretudo no mundo das artes.

Foi o que aconteceu a assistente social aposentada Amália Ramalho, 67 anos, que desde janeiro deste ano começou a fazer pirografia – arte de desenhar na madeira com a utilização de um pirógrafo, que é o equipamento usado para queimar os traços de acordo com a imagem desejada – e ao longo desses 10 meses já finalizou 59 quadros, que serão expostos na primeira quinzena de dezembro, no Videira Bistrô e Vinhos, que fica localizado na Avenida Antônio Lira, no bairro de Tambaú, em João Pessoa.

A apresentadora do programa radiofônico ‘Ponto de equilíbrio sobre a educação da alma’, transmitido todas as quartas-feiras, às 17h, na Rádio Tabajara AM, conta que mora sozinha e nessa pandemia ficou gravando de casa e não podia ficar saindo para locais públicos, nem receber visitas dos filhos e netos. Com isso, começou a se lembrar que na sua infância gostava de desenhar e teve a ideia de pesquisar sobre a pirografia. “Fiquei isolada e sozinha, apenas com minhas orquídeas e animais, daí me interessei por essa arte milenar de usar o fogo para desenhar e acabei descobrindo mais uma paixão em minha vida”, diz Amália.

Para a artesã, a escolha pela pirografia foi primordial que que ela conseguisse inserir seu amor pelas orquídeas em todos os quadros de forma única e singular. Nesse período atípico, ela precisou administrava a nova forma de viver, se adaptando a ficar sozinha. “Sou apaixonada por essas flores e comecei fazendo desenhos delas na madeira. Esse é e será sempre meu traço particular em minhas obras”, garante a pirógrafa paraibana que pretende continuar fazendo os quadros, mesmo com o fim da pandemia.

Sua exposição ‘Orquideas & Tudo’ traz quadros que retratam as mulheres e suas diversas belezas, imagens de Nossa Senhora Aparecida, Sagrada Família, vinhos, videiras, barris de vinho e as orquídeas, que estão impressas em todas suas obras.

Sobre o processo de criação com a queima na madeira, Amália explica que cada obra passa inicialmente pela sua intenção do que levar às pessoas, através da escolha dos desenhos. Depois vem os riscos na madeira, a queima para dar forma aos traços e só depois começa o acabamento, a construção das bordas e finaliza as obras de arte com a aplicação do verniz marítimo. Ela explica que sua intenção é levar às pessoas a arte na madeira, para que seja possível ver e se sentir bem através das imagens.

Amália ressalta ainda que todos os seres humanos são criativos. “Nós viemos ao mundo com dons para as artes, mas muitas vezes não despertamos por estarmos envolvidos com as coisas materiais. Assim, acabamos não desenvolvendo essas habilidades artísticas, seja pela correria da vida adulta ou pela falta de iniciativa de tentar. Eu sou um exemplo que iniciou uma nova arte após os 60 anos de idade. Para mim, a arte da pirografia está sendo muito gratificante e prazerosa”.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 26 de novembro de 2021