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de mãos dadas

Arte e cidadania para uma cultura de paz

publicado: 09/10/2023 10h46, última modificação: 09/10/2023 10h51
Grupo de policiais em Bayeux comemora resultados de projeto que une polícia e famílias contra a violência
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Crianças, adolescentes e adultos do projeto, além de terem aulas de violão, teclado, flauta, canto e coral, teatro e treinamento funcional, também são contemplados com um espaço para leituras - Foto: Ortilo Antônio
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Foto: Ortilo Antônio
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Capitão Claudemberg é o subcomandante da CIPM - Foto: Evandro Pereira
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Capitão Alexsandro é o idealizador do projeto, que congrega a comunidade - Foto: Evandro Pereira
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Sargento Izaqueu também é instrutor - Foto: Evandro Pereira
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Janielle canta na igreja e participa do projeto para se especializar - Foto: Evandro Pereira
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Sargento Rodrigo é instrutor dos alunos - Foto: Evandro Pereira
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Vinícius recebeu influência de amigos para se especializar - Foto: Evandro Pereira
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por Taty Valéria*

Reduzir os índices de violência a partir de uma cultura de paz, num pacto feito pelo diálogo e convivência entre a comunidade e a Polícia Militar. Esse é o objetivo do projeto “De mãos dadas com a comunidade”, desenvolvido pela 4ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), na Unidade de Polícia Pacificadora do Conjunto Mário Andreazza, município de Bayeux. Inaugurada em 2014, desde 2016 a unidade passou a funcionar como um lugar de cultura e arte, que além de ensinar sobre cidadania, reduziu de forma significativa os índices de violência na região.

Idealizador do projeto, o capitão Alexsandro de Souza Silva conta que a ideia surgiu a partir de uma demanda da própria comunidade. “Foi a própria comunidade que pediu a intervenção do poder público. Um arrastão numa escola, na época, foi o estopim. Selecionamos policiais que tinham o perfil de trabalhar junto com a comunidade, que tinham habilidades, como o professor de música com formação e que já tocou em banda, o professor de artes cênicas com mais de 30 anos de história no teatro, o professor de treinamento funcional que tem formação em Educação Física, psicólogo que faz atendimento aqui, todos policiais militares. A comunidade comprou a ideia e foi bastante participativa”, conta.

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Capitão Alexsandro é o idealizador do projeto, que congrega a comunidade - Foto: Evandro Pereira

Atualmente, o projeto atende, em média, 500 pessoas entre crianças, adolescentes, jovens e adultos, funciona nos três turnos com aulas de violão, teclado, flauta, canto e coral, teatro e treinamento funcional. Além de realizar apresentações de música, festivais de teatro e colônia de férias. capitão Alexsandro comemora a queda nos números de violência. “Chegamos a passar mais de 100 dias sem registrar nenhum homicídio, o que nunca aconteceu no bairro. Antes era uma média de 12 a 15 homicídios por ano e conseguimos reduzir para dois”.

Por atender faixas etárias diversas, o projeto consegue abarcar três gerações de uma mesma família. “Hoje nós temos vários jovens aqui que começaram ainda crianças. Eles cresceram, se casaram, tiveram seus filhos e sustentam suas famílias. Temos um histórico bem positivo com a comunidade”, diz Alexsandro. “O projeto tem uma importância enorme aqui no bairro, as pessoas conversam, confiam. É um panorama bem diferente do que se vê em outros bairros, onde a polícia está lá para fazer o trabalho ostensivo e repressivo, e aqui é diferente”, finaliza.

 

Comunidade e polícia se apoiam em Bayeux

Capitão Claudemberg Santos, subcomandante da 4ª Companhia Independente de Bayeux, considera que o projeto tem uma importância significativa na comunidade. “Muitas vezes a Polícia Militar só tem o enfrentamento com a criminalidade e essa parte da prevenção fica em segundo plano. Então essa Unidade de Polícia Solidária aqui no Mario Andreazza, com a determinação do comandante-geral, coronel Sérgio Fonseca de Souza e nosso comandante direto, major Alberto Sena, temos estimulado as ações da UPS, feito florescer alguns projetos que estavam adormecidos e com isso, trazer jovens e crianças para dentro da UPS”, afirma o subcomandante.

Com experiência de 30 anos no teatro, o sargento Izaqueu se mostra orgulhoso do trabalho que vem sendo realizado. “Quando surgiu essa oportunidade, eu quis participar. No início foi um desafio, mas é gratificante. Recebemos carinho das famílias, somos convidados para as festas de aniversário, para almoçar. Nos sentimos parte da comunidade. Essa integração vem dando certo. Temos alunos que começaram nas aulas de teatro e já estão escrevendo e dirigindo”, diz o sargento, que está organizando a próxima mostra de teatro, que será realizada de 23 a 28 de outubro e contará com a presença de grupos de Patos, Lucena e Alagoa Grande.

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Janielle canta na igreja e participa do projeto para se especializar - Foto: Evandro Pereira

Já para o sargento Rodrigo, oficineiro de violão, teclado, técnica vocal, canto e coral, desde 2016 e que faz parte da equipe fundadora do projeto, a ação ‘De mãos dadas com a comunidade’ na Unidade de Polícia Pacificadora do Conjunto Mário Andreazza, desenvolve um trabalho que vai muito além das aulas de música. “Pra mim isso aqui é uma realização de vida. Antes de ser policial eu já era músico e conseguir unir o amor que eu tenho pela profissão de policial com o amor que eu tenho pela música é uma sensação indescritível. Como agente da lei costumo dizer que ensinamos cidadania através da música, é uma questão de esperança mesmo”, finaliza o sargento.

Capitão Claudemberg Santos, subcomandante da 4ª Companhia Independente de Bayeux, considera que o projeto tem uma importância significativa na comunidade. “Muitas vezes a Polícia Militar só tem o enfrentamento com a criminalidade e essa parte da prevenção fica em segundo plano. Então essa Unidade de Polícia Solidária aqui no Mario Andreazza, com a determinação do comandante-geral, coronel Sérgio Fonseca de Souza e nosso comandante direto, major Alberto Sena, temos estimulado as ações da UPS, feito florescer alguns projetos que estavam adormecidos e com isso, trazer jovens e crianças para dentro da UPS”, afirma o subcomandante.

Com experiência de 30 anos no teatro, o sargento Izaqueu se mostra orgulhoso do trabalho que vem sendo realizado. “Quando surgiu essa oportunidade, eu quis participar. No início foi um desafio, mas é gratificante. Recebemos carinho das famílias, somos convidados para as festas de aniversário, para almoçar. Nos sentimos parte da comunidade. Essa integração vem dando certo. Temos alunos que começaram nas aulas de teatro e já estão escrevendo e dirigindo”, diz o sargento, que está organizando a próxima mostra de teatro, que será realizada de 23 a 28 de outubro e contará com a presença de grupos de Patos, Lucena e Alagoa Grande.

Já para o sargento Rodrigo, oficineiro de violão, teclado, técnica vocal, canto e coral, desde 2016 e que faz parte da equipe fundadora do projeto, a ação ‘De mãos dadas com a comunidade’ na Unidade de Polícia Pacificadora do Conjunto Mário Andreazza, desenvolve um trabalho que vai muito além das aulas de música. “Pra mim isso aqui é uma realização de vida. Antes de ser policial eu já era músico e conseguir unir o amor que eu tenho pela profissão de policial com o amor que eu tenho pela música é uma sensação indescritível. Como agente da lei costumo dizer que ensinamos cidadania através da música, é uma questão de esperança mesmo”, finaliza o sargento.

Um espaço reservado para todas as idades

Dona Josane Sousa, que desde 2019 faz aulas de violão e teclado, é um exemplo do trabalho da UPS que atravessa gerações. “Sempre tive vontade de aprender. É importante demais especialmente para os nossos jovens que tem algo pra fazer ao invés de ficar na rua. Minha filha fez violão e minha neta fez teclado e meu outro neto fez aula de desenho, já vim através deles. Pra mim tem sido uma experiência maravilhosa, eu amo aprender”, diz a aluna aplicada, que reconhece a queda na violência na comunidade.

"Eu sempre tive uma imagem boa da polícia, como uma força necessária no combate à criminalidade" Vinícius Venâncio

“Quem mora aqui há muito tempo sabe como era esse bairro e ainda hoje algumas pessoas continuam com preconceito, acham que é um lugar muito perigoso. Já vai fazer mais de 30 anos que moro aqui eu tenho visto que a violência diminuiu muito”, afirma.

Vinícius Venâncio, 18 anos, começou a participar por influência dos amigos e porque sempre tive interesse em aprender a tocar algum instrumento. “Eu sempre tive uma imagem boa da polícia, como uma força necessária no combate à criminalidade, mas no convívio aqui eu percebi que eles são totalmente diferentes do que muita gente pensa. Faço violão, teclado e canto. Quero aprender e quem sabe, voltar para o mesmo lugar para ensinar outras crianças, estou disposto!”, diz o jovem, que entrou no projeto em 2017.

Dona de uma voz potente, Janielle Januza, 31 anos, começou a cantar na igreja aos 18 anos, mas começou a frequentar as aulas de música para se especializar. “Quando eu soube que o projeto era aqui no meu bairro, fiquei muito interessada. As obrigações com os filhos me fizeram esperar um pouco, mas agora chegou a minha hora. Quero me profissionalizar e futuramente ser uma professora também. A minha meta é essa”, diz a mãe de três filhos.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 08 de outubro de 2023.