por José Alves*
Depois de dois anos com aulas on-line, professores e alunos da Rede Estadual de Ensino retornaram ontem às salas de aula em modelo 100% presencial nas mais de 640 escolas da rede. Segundo o professor Adilson Montenegro, da Escola Estadual Papa Paulo VI, no bairro de Cruz das Armas, em João Pessoa, “a volta às aulas presenciais foi surpreendente, com muitos alunos matando saudades das turmas. Foi um retorno que teve uma aceitação acima das expectativas”. Ele lembrou que no período em que a pandemia estava em seu maior pico, os professores paraibanos tiveram bastante trabalho e foram reconhecidos em todo o país pelo aprendizado dos alunos durante as aulas remotas. A Rede Pública Estadual conta com mais de 250 mil alunos.
O coordenador administrativo-financeiro e diretor interino do Liceu, Tarik Pereira, informou que o calendário da Rede Estadual foi iniciado no mês fevereiro com apenas 50% dos alunos na forma presencial, ou seja, como a escola é integral, 50% assistiam aulas no período da manhã, de 8h ao meio-dia. “Agora, estamos iniciando aulas 100% presenciais, todos os dias, com todas as turmas, mantendo o uso do álcool em gel. A máscara está sendo recomendada, mas não é obrigatória, seguindo decreto do Governo do Estado”, informou.
Tarik Pereira disse que o retorno às aulas presenciais no Liceu contou com mais de 95% dos alunos que terão aulas de segunda a sexta-feira, a partir das 7h30 até as 17h. “Tivemos apenas alguns casos pontuais de alunos que ainda preferem assistir aulas remotas. De acordo com orientações da Secretaria Estadual de Educação, os poucos alunos que ainda não estão assistindo aulas presenciais continuarão assistindo aulas através do Plano Educação Para Todos em Tempos de Pandemia - PET-PB, além do canal de TV”.
No total, os alunos das escolas integrais da Rede Estadual terão nove aulas por dia e três refeições. O Liceu tem cerca de 700 alunos e 25 professores. Ele enfatizou que na escola integral não há a possibilidade de se ter aulas vagas, porque como os professores estão o tempo inteiro à disposição da escola, quando um professor falta, a escola tem à disposição outros quatro disponíveis para qualquer substituição. “Portanto, não há possibilidade de termos aulas vagas na Escola Integral”, afirmou.
As escolas continuarão com o uso de álcool em gel e higienização dos ambientes, assim como utilizando as ferramentas do ensino remoto em algumas atividades, a exemplo da TV Paraíba Educa, que segue no ar no canal 8.3 com programação educativa.
“O uso das tecnologias no ensino remoto foi um avanço que garantiu que os estudantes continuassem tendo acesso aos conteúdos e rendeu quatro destaques nacionais ao Estado, portanto, não será descartado agora com o retorno das atividades integralmente presenciais”, disse o secretário Cláudio Furtado.
Avanço da vacinação permitiu maior flexibilização
A nova etapa de flexibilização foi possível em virtude do avanço da vacinação da população paraibana, que atinge cobertura de primeiras doses ultrapassando 85,19% e de segundas doses com mais de 79,07%, colocando a Paraíba entres os três estados com maior índice de imunização do Brasil.
O estudante do segundo ano Carlos Emanuel disse que o retorno das aulas presenciais melhora muito o aprendizado. “O ensino presencial não se compara ao ensino remoto, porque na presença do professor a gente tira todas as dúvidas possíveis na hora, e eu já estava sentindo saudade dos meus amigos. É uma grande satisfação estarmos voltando à normalidade”, comentou Emanuel.
Já a estudante Kaliny Dias, também do segundo ano, afirmou que a volta às aulas 100% presenciais devem ser bem preparadas. “Eu não aprovo a liberação das máscaras ainda, e para mim elas deveriam ser obrigatórias, porque a gente fica muito junto em sala de aula e a pandemia ainda não acabou”, observou. A estudante da Escola Papa Paulo VI, Cauane Santos, que está no terceiro ano se preparando para enfrentar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), disse que o retorno à normalidade foi providencial. “Agora me sinto morando na escola e dormindo em casa, já que somos alunos de Escolas Cidadãs Integrais. Antes a gente só estudava um turno no colégio. Agora é o dia inteiro, por isso estou me sentindo uma moradora da escola, mas no bom sentido”, afirmou.
Ainda segundo o professor Adilson Montenegro, é preciso, ainda, manter cuidados sanitários. “Recomendo a todos os alunos manterem os cuidados, utilizando álcool em gel e máscaras, porque esse vírus invisível ainda está por aí”, alertou. O estudante Carlos Emanuel disse que a medida foi uma boa surpresa para todos. “Pra mim, a diferença do ensino remoto para o presencial é que, no presencial, a gente aprende muito mais, assimila muito mais as matérias”, analisou.
As Escolas Cidadãs Integrais também oferecem cursos técnicos ao Ensino Médio nas áreas de turismo, hospitalidade e lazer, recursos naturais, gestão e negócios, informação e comunicação, controle e processos industriais. Em 2018, a Paraíba tinha apenas 100 escolas em tempo integral. Atualmente, o número foi triplicado e elas já estão nos 223 municípios da Paraíba. A expansão de escolas integrais fez com que a Paraíba se tornasse o primeiro estado do Brasil em oferta de Ensino Médio nessa modalidade.
Testagem nas escolas avança
A Paraíba começou, ontem, mais uma etapa do Programa Continuar Cuidando Educação, que busca oferecer um maior nível de confiabilidade na retomada das atividades escolares presenciais, por meio do mapeamento da incidência do coronavírus no ambiente educacional. Ao todo, serão avaliadas 191 escolas de todas as regiões de Saúde.
“Neste momento, será feita uma segunda rodada com estudantes nos períodos que tiveram maior prevalência ou que ainda não haviam sido vacinados (Ensino Médio e anos finais do Fundamental) e no final de maio chegaremos no Ensino Superior”, informou o diretor-geral da Escola de Saúde Pública da Paraíba (ESP-PB), Felipe Proenço.
A avaliação será realizada em 59 municípios para os anos finais do Ensino Fundamental) e 67 municípios para o Ensino Médio.
Etapas anteriores
A primeira etapa testou um total de 1.998 estudantes e 722 professores. O nível de prevalência do vírus foi de 0,6% nos alunos e 0,3% nos docentes. No final do ano de 2020, a pesquisa identificou que 2,2% das crianças de zero a nove anos de idade apresentaram infecção ativa por Covid-19, num período em que não havia nenhuma atividade presencial nas escolas. A primeira etapa do Continuar Cuidando Educação abrangeu 231 escolas de Educação Infantil, em 91 municípios.
Na segunda etapa participaram 3.187 crianças e 943 professores e o nível de prevalência do vírus foi de 0,7% nos alunos e 1,4% nos docentes. A testagem ocorreu em 233 escolas no Ensino Fundamental, em 87 municípios.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 19 de abril de 2022