O presidente da Federação das Indústrias da Paraíba (Fiep), Buega Gadelha, foi afastado da direção da entidade ontem pela segunda vez. O afastamento foi determinado pelo juiz Arnaldo José Duarte do Amaral, da Segunda Vara do Trabalho de Campina Grande e está relacionado à Operação Cifrão. Em 2019, Gadelha também foi retirado da direção da entidade após ser alvo de mandado de prisão da Polícia Federal, na Operação Fantoche.
A decisão do juiz Arnaldo Amaral acatou a um pedido de tutela provisória feito pelo Sindicato da Indústria de Material Plástico e de Resinas Sintéticas (Sindiplast-PB), a partir da denúncia de fraudes em obras do Sistema S. feita pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. A denúncia do Gaeco está relacionada a uma licitação do Sesi, que contratou a empresa LPM para a realização de obras por mais de R$ 1,4 milhão.
Segundo a decisão, a entidade “está a dificultar o acesso aos interessados de documentos que estejam arquivados relacionados às contas e que corroborem a prestação de contas apresentadas e balanços. Tal cenário de fato e de direito faz recomendar, a nosso sentir, a adoção do Poder Geral de Cautela e nesse sentido defiro, parcialmente, a pretensão do demandante no sentido de determinar o imediato afastamento do Sr. Francisco Gadelha da presidência da Fiep”.
No dia 29 de março deste ano, o Gaeco denunciou Buega Gadelha e outras sete pessoas por envolvimento em fraudes investigadas na Operação Cifrão. Esta operação foi deflagrada em 2020 pela Polícia Federal e, além das fraudes, investigou casos de superfaturamento e ligações entre as empresas contratadas e gestores da Fiep.
Mais suspeitas
Uma das ações protocoladas em março diz respeito à contratação da Construtora Absolute por R$ 3,7 milhões pelo Sesi. Já a outra ação é referente a fraudes na contratação da Construtora Roma por R$ 2,8 milhões para a reforma dos centros de atividades do Sesi.
De acordo com a denúncia realizada em março, a licitação realizada pelo Sesi “foi edificada com base em condutas vedadas, superfaturamento e desrespeito às formalidades legais, atestando clarividente direcionamento da licitação e vultoso superfaturamento”, responsável pela oneração dos cofres da entidade em aproximadamente meio milhão de reais.
Em 2019, Buega Gadelha foi preso e solto no mesmo dia e, em seguida, afastado de suas atividades por 90 dias para que a Polícia Federal pudesse coletar documentos e depoimentos de funcionários da Fiep. À época, Gadelha estava sendo investigado na Operação Fantoche, que investigou um esquema de corrupção envolvendo um grupo de empresas sob o controle de uma mesma família que vem executando contratos por meio de convênios com o Ministério do Turismo e entidades do Sistema S. Além de Buega Gadelha, presidentes das unidades do Sesi em outros estados também foram afastados.
Procurada para se pronunciar sobre este segundo afastamento de Gadelha, a Fiep informou que o caso está sendo tratado pelo setor jurídico da instituição.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 4 de abril de 2023.